Capítulo 3 - O tira teimas

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*Clary*

Desisto. Desisto de tentar perceber os meus sonhos. Há um ano atrás OS sonhos começaram a aparecer e eu não sabia o que significam aqueles objetos, aquelas paisagens e aquelas pessoas. Tentei seguir o conselho da minha mãe e passar para o papel estes enigmas, mas nada ajuda. Sinto como se cada sonho fosse um pedaço de uma vida passada que me consome cada vez mais. Para além de já serem misteriosos o suficiente, pioraram com o encontro com o Jace. O Jace era um simples antigo colega de escola, contudo teve grande impacto no meu cérebro, na minha vida e não percebo porquê. Tudo mudou e o gatilho foi o Jace. Não sei explicar, mas mal o vi algo aqui dentro de mim acendeu e um sentimento de conforto surgiu tão depressa como um piscar de olhos. Apesar da nossa conversa na noite do museu, senti que faltava algo, um pedaço de uma história. Este palpite confirmou-se com o meu sonho. Como assim ele estava a tatuar-me e já agora uma tatuagem um pouco incomum. Nada fazia sentido e quando acordei pensei que era melhor contactar o Jace. Não foi logo de imediato pois uma rapariga não pode parecer assim tão desesperada. Quando achei que tivesse passado tempo suficiente acabei por mandar-lhe mensagem. Não escondo que enquanto ele não me respondeu de volta, o meu coração sofreu um pouco. Mas quando vi o nome dele na tela do telemóvel, ai que alegria. Depressa marcamos o encontro pois a ânsia de o voltar a ver era demasiada. As horas até ao encontro nunca mais passavam. Comecei a arranjar-me duas horas mais cedo pois tinha que causar boa impressão. Vesti uma roupa não muito formal, mas não muito casual, um misto dos dois. Cheguei mais cedo, um sinal da minha impaciência e enquanto esperava por Jace ia trabalhando no desenho do sonho. Quando o vi, só não saltei de felicidade pois isso assustá-lo-ia e ele ainda me achava louca. Cumprimentámo-nos e quando ele me perguntou acerca do desenho, decidi mostrar-lho porque queria ver se ele percebia o desenho melhor que eu. A sua cara empaleceu e logo vi que algo não estava bem. Ele lá disse que era estranho e riu-se, mas achei que ele estava a esconder-me algo. Ignorei este meu feeling e continuamos a conversar. A conversa fluiu tão bem como um copo de água num dia de calor. Falamos de tudo e mais alguma coisa e não deixei de reparar na forma como o Jace olhava para mim, como se estas conversas fossem normais. O telemóvel toca e o Jace tem de ir embora. Não escondo que fiquei triste e desapontada pois queria mais, PRECISAVA de mais. Com a pressa nem combinamos o próximo encontro, mas no que dependesse de mim, haveria muitos mais. Voltei para casa, tomei banho e deitei-me no sofá. Já em varias ocasiões pensei estar maluca, louca por pensar em coisas que nunca tinha visto ou vivido. Era muito estranho eu sonhar com um rapaz que conheci no secundário ou até com uma rapariga de cabelos negros e um chicote. O que significava isto? Decidi parar de questionar-me pois uma coisa que aprendi ao longo deste ano é que quantas mais perguntas fizer mais em dúvida fico. Como os restos do meio dia e vou dormir.

"Estou a falar com uma mulher, Iris é o seu nome. Parece simpática, mas algo nela não me inspira confiança. Ouço a bicada de um corvo na janela e olho. Quando volto a cabeça para a iris, ela já não se encontra lá e sinto uma pancada na cabeça. Abro os olhos e a dor na cabeça é dilacerante. Levanto-me aos tropeções e vejo que estou numa cave húmida e escura. A única luz que entra é por uma frecha na parede. Vejo algo num canto, é preto e desloca-se para mim. Tem dentes afiados e caminha em 4 patas mas todo torto. Não sei o que fazer, não tenho armas, nada. Vejo algo, uma visão, a imagem de uma tatuagem parecida com as do Jace. Tento contornar com o meu dedo a forma que vejo e subitamente a minha mão dispara raios de luz. A luz é tão forte que sou obrigada a fechar os olhos. Quando os abro estou deitada na minha cama a olhar para o teto por pintar do meu apartamento. O que acabou de acontecer? Salto da cama e reparo que estou suada. Vou tomar banho e a água que me molha leva também o meu sono. Não durmo mais e a única coisa que faço é desenhar. Passo para o papel tudo o que vi em sonhos, monstros, paisagens objetos e pessoas.

Shadowhunters: O apósOnde histórias criam vida. Descubra agora