3 - Aminésia

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Livro - Jade Peterson

- 15:00 horas -  Hospital de Búzios -

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- 15:00 horas -  Hospital de Búzios -

O que aconteceu comigo nos três últimos dias depois do assistente ? Os médicos não entendiam e muito menos eu. Na verdade eu entendia menos ainda.

_Então você caiu nos corais e bateu a cabeça. Nada mais aconteceu ? -Perguntou pela milésima vez o médico.

Era tudo que eu lembrava mas eles não conseguem acreditar que bati a cabeça pois não havia nenhum vestígio na minha cabeça de quaisquer pancada.

_É tudo que lembro.- Digo.

Minha mãe me lançou um olhar de desconfiança no banco do acompanhante ao meu lado. Não era difícil lê seus pensamentos pra saber que ela estava desconfiando da minha história.

_Vamos pra casa.-Disse ela.

Não queria ir pra casa, não queria ter que escutar que sou uma mentirosa. Queria lembrar do que aconteceu, queria voltar no tempo e ver tudo, parecia que tinha um buraco, um vazio no meu peito. Sentia que faltava algo dentro de mim. Precisava ficar sozinha e organizar meus pensamentos ou vou acabar enlouquecendo.

_Tudo bem vou dá alta pra ela, ela não têm nenhuma lesão.-Disse o doutor anotando algo na planilha.

_Mas eu...-Parei assim que vi os olhos furiosos da minha mãe me fuzilar.

No caminho de volta pra casa ela ficou totalmente quieta. Pensei que fosse receber mil sermão mas só recebi o silêncio. Alguma coisa não estava certa, não era normal seu comportamento, alguma coisa ela tinha feito só não conseguia entender o que seria mais grave do que ela achar que menti pra todo mundo inventando ter me acidentado.
Chegando em casa entendi tudo que havia acontecido. Ela tinha aproveitado a situação pra trazer meu ex de volta para minha casa sem meu consentimento.

_O que ele faz aqui?- Perguntei olhando pra cara de sínico dele me analisando com cara de cachorro sem dono.

_Ele vai ficar com você até você tomar um pouco de juízo.- Disse ela em um tom mais alto que o normal.

Engoli minha raiva e minhas lágrimas lembrando de todas às vezes que ela me obrigou a manter esse casamento mesmo quando eu chorava dizendo que não o amava mais. Tudo me veio como flash mas com isso vieram as memórias do acidente, alguns flashs.

_Eu estava na areia, deitada e a luz do sol não deixava que eu abrisse os olhos.-Digo ignorando a presença dos dois.
Ouvi minha mãe rosnar mas ignorei ainda vendo os flashs na minha mente como um filmes mal baixado.

_Tinha alguém lá...-Parei assim que lembrei.

Babacão!

Eu não podia estar louca, não podia acreditar que estava ficando louca.

_Minha cabeça!-Digo colocando a mão sobre a cabeça.

Não tinha nada ali mas eu lembrava de tudo e sabia que tinha batido a cabeça, que tinha pensado que ia morrer e agora não tenho nenhum arranhão.

_Hey fica calma.- Disse Jhon meu ex marido se aproximando de mim.

_Sai daqui! Sai da minha casa!- Gritei agora deixando às lágrimas me trairem.

Minha mãe bateu o pé fazendo uma careta. Eu sabia exatamente o que ia acontecer, não ia adiantar falar nada, ela estava decidida a me fazer ficar com ele. Meu surto foi apenas uma desculpa pra ela trazer ele aqui como todas às vezes ela arrumou um motivo pra nos juntar de novo.
Casamento pra minha família era algo que tinha que durar pra sempre, caso contrário eu iria pro inferno. Por muito tempo acreditei nisso, mas não conseguia mais me conformar em ter que viver infeliz.
Esse foi só mais um dos dias em que desejei estar morta. Um dos dias em que minha vida não tinha nenhum sentido, não faria diferença viver ou morrer. Talvez fosse melhor eu ter morrido naquele acidente.
Às cenas vieram na minha mente mais uma vez e o rosto do babacão cravou nos meus olhos como filme em 3D.

Entrei para meu quarto ignorando os dois e passei toda tarde dormindo até acordar no dia seguinte com uma baita dor de cabeça. Já era cedo quando Jhon bateu na porta do quarto perguntando se eu estava bem, até que tive coragem de ir na cozinha pegar um copo d'água.

_Como está?-Perguntou ele sentado no sofá igual um suíno jogando seus jogos patéticos no smartphone.

_Melhor quando eu sair dessa casa!- Digo pegando o copo d'água no escorredor.

Ele levantou vindo na minha direção mas levantei a mão em sinal de pare e ele entendeu meu recado.

_Fica longe de mim por favor!- Ordenei bebendo a água e logo partindo em direção ao meu quarto.

Arrumei todas minhas roupas em duas malas e liguei pra minha vó na casa de praia em uma pequena cidade de interior do RJ. Sempre que me sentia mal ia pra lá esparecer a mente. Nesse momento eu precisava mais do que nunca de paz, de fugir de tudo isso. Precisava respirar e reorganizar meus pensamentos.

_E sua mãe ? Concorda em você vim ?-Perguntou minha vó no telefone.

_Não mas vou mesmo assim e se você disser que não eu vou pra outro lugar. Nem que seja de baixo da ponte mas não quero ficar aqui.-Digo.

_Então vêm, esparece a cabeça e depois volta. Conversa com seu marido...

_Ex marido!- Interrompi.

_Vocês ainda são casados no papel então ainda são...

Desliguei antes que ela terminasse de falar e chorei sozinha mas de raiva, de raiva de não conseguir mandar todo mundo pro inferno e decidir o que iria fazer da minha vida. Tenho minha casa, pago minhas contas, tenho 22 anos, qual problema meu que não consigo ter o controle da própria vida ? Quanto tempo mais vou ficar sendo tratada como criança ?

Mais tarde peguei um ônibus pra casa da minha vó e fui surpreendida pela minha mãe que estava no ponto de ônibus me esperando pra pegar junto comigo. Eu sabia o que ela queria fazer... Me vigiar como uma criança de 10 anos e tentar me convencer de que o melhor era voltar pra casa e fingir que nada aconteceu. Além disso ela tinha medo de que eu falasse pra família que tinha separado. Era uma desonra pra família às mulheres que separavam de seus maridos, então ela minha vó e meu pai mantinha isso em segredo total entre eles. Com tanto que fosse um segredo a família ia manter o nome intacto.

Meus pensamentos voltaram para o acidente logo para o rosto do babacão. O que me irritou ao lembrar do momento em que ele agarrou meu strep debochando com aquela cara de deboche linda, e que olhos. Ahhhh!

_Idiota! - Digo em voz alta.

Minha mãe virou para me analisar sem entender nada.

Parte de mim tinha certeza de que tudo tinha sido real, mas parte de mim lutava pra não acreditar que estava realmente ficando doida.
Não queria estar doida mas o que eu mais queria era que tudo isso fosse real, eu tinha que acreditar que algo de diferente aconteceu na minha vida, algo que não envolva meu casamento, minha família, uma experiência minha.

_Vamos conversar com o pastor quando chegar, é o melhor pastor de lá.-Disse minha mãe.

Perdi minha linha de raciocínio. Meu estômago embrulhou em pensar em toda baboseira que iria ter que enfrentar. Tinha ido pra me distrair mais ela queria acabar comigo me fazendo lembrar de tudo que não queria. A última coisa que eu queria era falar do meu falso casamento que pra mim já não existira mais. Mas não valia apena discutir ou tentar mudar isso porquê ela nunca se importou com minha opinião, com minha infelicidade no casamento e não vai ser agora que ela vai me ouvir.

- 7:00 - Barra do furado -

A melhor e única parte do meu dia fora quando entrei na cidade e senti o aroma doce e puro do mar. A fumaça dos carros não existira, o ar poluído das fábricas aqui não existira. Era um ar totalmente diferente de todos os outros. Um ar puro de paz, um ar repleto de natureza.

*Continua no próximo...*

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⏰ Última atualização: Aug 08, 2021 ⏰

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