Parte I

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           Um homem de 37 anos dirigia seu carro com um grande sorriso no rosto, não era possível esconder sua felicidade, pela primeira vez em anos se identificava tanto com uma pessoa. Algumas semanas antes havia dado match com uma mulher, ela era linda, o homem a considerava como uma deusa grega, olhos verdes que pareciam adentrar o profundo da sua alma, cabelos pretos, longos e escorridos e gostos muito semelhantes aos dele.
           Combinaram de se encontrar em um bar que o homem costumava frequentar, o homem achava a mulher tão perfeita que tinha medo dela ser falsa, por isso tentava abaixar sua expectativas esperando alguém totalmente diferente do que ele havia "conhecido", mais uma decepção não seria nada demais para ele, que já tinha o coração muito partido.
           Não era toda mulher que gostava de sair com um homem da idade dele, considerava uma benção ter achado alguém. Desde a morte de sua esposa, quinze anos antes, nunca se relacionara profundamente, seu foco era criar seu filho, que tinha apenas dois anos na época, da melhor maneira possível e ele achava que poderia ser estranho ficar levando outras mulheres para casa, poderia confundir a mente daquela criança inocente. Depois que seu filho completou doze anos, eles tiveram uma conversa séria, o homem explicou o que tinha feito e que dali em diante ele tentaria buscar um novo amor.
            Estacionou seu carro alguns metros distante do bar, que costumava estar extremamente cheio à essa hora da noite, no relógio constavam 21 horas, desligou o motor, tirou o cinto, conferiu se a carteira estava no bolso direito da calça, como sempre guardava, e assim que foi abrir a porta, notou o carro da mulher estacionando, ele não saiu do carro para que pudesse observá-la sem parecer um tarado, ou um assaltante à beira do crime. O carro da mulher era luxuoso e por conta disso ele receava estar saindo com alguém de classe social muito superior a ele, pois poderia atrapalhar o relacionamento, ela desceu do carro e ele fez o mesmo em seguida.
            Não, ela não era tão bonita quanto nas fotos, era muito mais bonita, parecia uma musa se preparando para algum desfile de moda ou coisa do gênero. Os dois se aproximaram, se reconheceram e se abraçaram, um sentimento bom encheu o coração do homem, era isso que a mulher procurava.
            Finalmente achara um homem que se rendeu aos seus encantos sem que a conhecesse, seria uma vítima fácil, com certeza faria o que ela mandasse sem pensar duas vezes. Depois do abraço os dois foram caminhando até o bar, a mulher fitava todo o corpo do homem com seu olhar de águia, fazia uma examinação, procurava os pontos fracos. Percebeu que a maior fraqueza do homem seria na parte emocional, fisicamente falando ele era forte, os anos de academia ajudaram o homem a ter autoestima, mas o peso gerado pelos músculos só atrapalharia o plano dela.
            Como imaginado o bar estava bastante cheio, mas por sorte haviam dois lugares disponíveis lado a lado no balcão, o homem pensava cada vez mais que o universo conspirava a favor da união dos dois, sentia paixão por proximidade e se esforçava para não parecer muito grudento, com certeza um homem dessa idade e grudento servia como repelente para mulheres, era o que ele pensava. Os dois tomaram os lugares junto ao balcão, pediram um drink para poder curtir a noite, a mulher havia falado que era tímida e isso lhe ajudaria a se soltar um pouco mais, os dois eram iguais nesse aspecto.
             Quando pediu a bebida, a mulher piscou o olho para o garçom, seu plano começava. Dias antes ela havia ido ao mesmo bar, já tinha o plano em mente, por isso usava uma roupa muito decotada, que valorizava ainda mais sua beleza, desse modo encantou o garçom, ela percebia os olhares do funcionário, fingindo naturalidade passou a olhar de volta para ele e assim que o garçom veio trazer um drink ela o chamou para conversar, falaram uns dois minutos porque ele tinha que trabalhar, mas antes que terminassem o diálogo, a mulher pediu o número do garçom.
             Enganar homens era o que ela fazia de melhor, mas o garçom era bonito e podia lhe render muito prazer, não gastaria sua maldade com homem bonito. No entanto faria ele de gato e sapato, chantageava prometendo muitas coisas que fariam se ele seguisse seus mandatos a risca, o garçom iludido cumpriria o que fosse preciso, até mesmo dopar uma pessoa e deixá-la inconsciente por conta disso. Esse era o plano da mulher, daria um calmante potente para o homem desacordar.
             O garçom trouxe as bebidas e olhou bem para a mulher, que desviou a vista, era um recado para ele aquietar o facho e parar de olhar daquela maneira, a bebida do homem havia sido misturada com o calmante, em poucos minutos ele estaria desacordado e seria apenas um boneco para a mulher fazer o fosse da sua vontade. O homem já estava mais acostumado com a bebida e precisava beber mais para poder se soltar, ele já era tímido, perto de mulher bonita parecia uma estátua de tão duro, com isso ele se envenenou ainda mais rápido.
             Seria mais fácil do que a mulher esperava, ela segurava para não rir da idiotice do homem que caía na sua isca como um patinho. Assim que o homem terminou a bebida ela falou que precisava tomar um ar e pediu para que ele fosse junto, caso precisasse de ajuda, ele aceitou e foi preocupado. O homem dava princípios de sonolência e notando isso a mulher fingiu estar passando mal, pediu para que ele fosse para o carro dela e a levasse até um hospital. Poucos segundos após entrar no carro o homem desacordou.

À luz de velasOnde histórias criam vida. Descubra agora