Capítulo 8

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Sinto meu corpo congelar, ele fala meu idioma com um forte sotaque, consigo sentir a ponta metálica perfurando a capa atrás de minha cabeça. Apenas fecho os olhos, eu não vou morrer por causa de uma raposa estúpida.

- Solte o arco de vagar selvagem.

Cerro os dentes ao ouvir ele me chamar de selvagem mais uma vez, lentamente frouxo a corda do arco deixando a flecha cair no chão e nesse momento sinto a ponta afiada se afastar alguns sentimentos. Sorrio ao perceber que ele se descuidou apenas por eu não estar com a flecha na corda do arco.

Escuto ele gritar em seu idioma para os outros e então lentamente estendo a mão para soltar meu arco mas no último segundo o seguro pela ponta me abaixando e acertando atrás de suas pernas com o arco.

Escuto o baque do homem caindo ao chão e por um segundo consigo vê-lo. Suas roupas são esquisitas, sua barba é baixa e a pele não tem marcas.

- Mulher?!

Escuto sua voz e então percebo que continuo parada, me levanto cambaleante e corro o mais rápido que posso.

Sinto os músculos de minhas pernas arderem e a respiração ficar cada vez mais ofegante. Viro minha cabeça enquanto corro e escuto as vozes empolgadas atrás de mim, me perseguem como se estivessem caçando um animal, sinto o medo percorrer minha espinha ao perceber que eles não tem invadir nosso território, também me amedronta saber que não posso recorrer a ninguém do meu povo já que os lordes querem minha cabeça, sinto que estou cercada nessa floresta sem ter mais para onde correr.

Derrapo no chão ao ver uma armadilha armada a poucos metros de mim, e me viro olhando em volta sem saber ao certo de quais direções os gritos vem.

O Sol aos poucos começa a desaparecer e eu continuo a correr sem um rumo certo. Escorrego na grama molhada caindo de costas. Sinto meu corpo exausto começar a se entregar e então atrás de mim escuto um grito agudo. Me viro vendo um garoto jovem caído no chão, suas roupas são igualmente estranhas como as do outro homem. Me levanto rápido sentindo a adrenalina voltar a correr por meu corpo mas antes que eu corra vejo o jovem caído, em sua perna está uma estaca de madeira de uma das armadilhas feitas para me capturar. Ele está gritando de dor e gritando palavras que não conheço.

Me viro para correr mas meus pés travam no lugar. Eu com certeza não tenho mais amor a vida. Me viro para o rapaz e mostro as duas mãos desarmadas e então aponto para seu pé e com gestos peço que fique calado porém ele continua a gritar. Penso mais uma vez em correr, com ele ferido talvez os outros deixassem de me perseguir. Mas se eu o deixar talvez ele perca sua perna e com o inverno talvez a vida. Suspiro e me aproximo tirando a faca de sua mão com um único tapa.

Me abaixo a sua frente e puxo uma flecha minha. Olho para o garoto já com dificuldade de ver suas feições já que cada vez mais anoitece. Quebro a flecha em dois a sua frente, ele me olha sem entender e então com gestos mostro para ele morder. Ele obedece na mesma hora.

-Vai doer.

Digo e mesmo que ele não fale meu idioma sei que ele entendeu isso. Em um único movimento arranco a estaca de sua perna, ele grune mordendo a madeira e acerta um soco em meu ombro. Suspiro e tiro meu cantil de couro quase vazio e derramo o restante de bebida que tenho enquanto sinto minha garganta secar só de ver o álcool.

- Provavelmente seus amigos vão me matar... Mas se eles não me matarem então provavelmente meu povo vai...

Rasgo minha própria capa e amarro em sua perna de modo firme e então me levanto ao ouvir vozes se aproximando. E então viro as costas pro garoto e volto a correr mesmo no escuro.

Escuto o garoto gritando por seus companheiros. Me xingo por não por minha sobrevivência acima de um mero inimigo.

Mas então as vozes cessam, não escuto mais passos me seguindo, talvez eles tenham parado ao achar o garoto, ou então estejamos muito perto da vila. Engulo em seco ao ver as luzes das casas, viro em outra direção e corro em direção a minha caverna. Meu corpo está suado e o vento gélido bate contra meu corpo, sinto como se minhas mãos fossem congelar antes que eu conseguisse chegar. Pulo sobre o rio e apalpo as pedras a minha frente a procura da entrada, ao encontrar a fenda me esguio para dentro dela sem forças ao menos de acender uma fogueira epenas caio sobre a pilha de peles esperando que seja o bastante para que eu acorde no outro dia e esperando mais que tudo não cruzar o caminho daqueles homens mais uma vez. Por alguns segundos antes de apagar eu imagino a raposa correndo livre com um campo verde e então me entrego a escuridão.

 Por alguns segundos antes de apagar eu imagino a raposa correndo livre com um campo verde e então me entrego a escuridão

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Mais uma ilustração, agora da caverna onde Aileana vive. Espero que gostem ❤️

AileanaOnde histórias criam vida. Descubra agora