Capítulo 23

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Sinto o suor escorrer por meu rosto e meus músculos tremerem enquanto ardem pelo esforço mas me recuso a desistir, mesmo com o pulso latejante eu seguro firmemente o cabo da longa espada porém sem forças para a manter erguida sua ponta está apoiada no chão.

- Vamos parar por hoje Aileana.

Arwin fala de forma tranquila, ergo meus olhos para os dele, ele continua normal nem parecer exausto, já é o quinto dia consecutivo que ele me guia pelos corredores do castelo e me tira sorrateiramente de lá.

De onde estamos consigo ver as Torres e aros brilhantes do castelo reluzindo com os raios de sol, o vento balança a relva alta de tom amarelado, de longe consigo ver o lago que contornados todos os dias e também boa parte da floresta de pinheiros que cada dia conheço mais. O ar gélido faz com que meus lábios sequem ainda mais e a cada dia fiquem mais rachados.

- Não... eu consigo!

Digo me esforçando para erguer novamente a espada o encaro, sinto o cheiro de terra molhada abaixo de meus pés misturado com o da vegetação amassada por nossos passos.

- Sua postura está horrível!

Ele fala tranquilamente cravando a espada no chão e se aproximando de mim.

- Assim deixe os pés paralelos aos ombros e o corpo um pouco inclinado, mantenha seus ombros firmes mas maleaveis.

Arwin fala dando leves chutinhos em minha perna e empurrando meus ombros e então se vira nesse momento eu giro a espada antes que ele pegue a dele e grito ao o atacar. Mesmo sem se virar ele me chuta para trás e sinto meu corpo bater no chão mais uma vez.

- Já disse para não me avisar quando atacar... melhor parar por hoje, eu pago uma bebida no caminho, isso não é para você, melhor desistir princesinha.

Respiro fundo fungando algumas vezes e me apoiando na espada eu levanto. Cerro os dentes e não respondo sua provocação apenas volto a atacar segurando a espada com as duas mãos, no momento em que ele ergue a sua espada para contra-atacar eu largo uma de minhas mãos e seguro a sua que segura a espada para cima e a outra aponto para sua garganta. Meus braços tremem com o peso.

- Me chame de princesinha agora, e me diga pra desistir idiota.

Sinto minha respiração ofegante e vejo um sorriso de lado nos lábios do homem a minha frente.

- Você é tão irritante as vezes.

Ele fala e com a mão livre empurra minha testa para longe me afastando, deixo a espada cair.

- Já disse que por hoje chega, você está um lixo, e quem vai ter que responder ao rei se você acabar se matando sou eu então vamos embora já.

O homem fala juntando minha espada junto com a sua e já virando as costas para mim antes que eu o responda. Olho para o céu azul e o sol brilhante ainda, se fosse Padruig me faria treinar até meus braços caírem, sinto falta de suas palavras e da corda do arco roçando em meus dedos. Olho para meus dedos arroxeados ainda pelo ferimento, esforço e frio e cerro minha mão, junto minha capa e a jogo sobre os ombros.

- Ainda vai pagar aquela bebida certo?

Pergunto correndo atrás do homem que nos últimos dias tem me irritado porém me tirado de dentro das paredes confinantes do castelo e que tem me ensinado seus costumes e como manejar a espada.

- Se você não roubar ninguém dessa vez ou acha que não vi seus dedos ligeiros ontem a noite na taverna? Você é uma princesa por que raios precisa roubar?

Ele fala logo que o alcanço e eu dou de ombros enquanto ando ao seu lado.

- Acho que não quero amolecer ou esquecer quem eu era.

Me surpreendo com a sinceridade de minhas palavras e abaixo a cabeça enquanto enrolo minha velha capa sob as roupas novas e inteiras que uso agora.

- Você é diferente de tudo e todos Aileana... não vai deixar de ser quem é  uma princesa, uma selvagem e uma vingadora.... vai apenas melhorar e se tornar perfeita.

Balanço a cabeça concordando e suspiro cansada de mais para brigar com ele.

- Queria que mais alguém falasse minha língua você é muito chato.

Digo e sorrio sem ao menos perceber que já passamos o lago onde normalmente eu fico nervosa com toda a imensidão de água. Aos poucos a paisagem se torna apenas árvores e pinheiros, continuo caminhando ao seu lado, algo que a cada dia se torna mais natural.

 Aos poucos a paisagem se torna apenas árvores e pinheiros, continuo caminhando ao seu lado, algo que a cada dia se torna mais natural

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