Oceano

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-Precisa de mim? Tu trancas-me num quarto minúsculo onde eu mal tenho espaço para andar, dás-me comida horrível, não vejo a luz do sol à muito tempo, tratas-me pior que a um cão e queres que eu te ajude? Não obrigado, dispenso.- respondeu Lupin, voltando a deitar-se na sua cama.

-Mas não sou eu que preciso da tua ajuda, é a Humanidade! Nós enfrentámos um problema impossível de resolver, a não ser que nos ajudes.

-Coitada da Humanidade, se ela queria a minha ajuda devia ter-me tratado melhor.

-Senhor Lupin, se nos ajudar você irá ser famoso! Tudo que sempre imaginou, que sempre quis irá cair aos seus pés com um estalar de dedos. Só tem de nos ajudar a encontrar um amigo.

Remus estava incrédulo. A sério que aquele homem se atrevia a pensar que ele faria qualquer coisa pela fama? Algo que não dura muito? É verdade que se salvasse o mundo ele seria reconhecido para sempre, mas com o passar do tempo seria esquecido como tantos outros, seria apenas uma linha, num texto que ninguém quer ler, numa aula de História em que apenas um aluno está a prestar atenção. Além que, se eles precisavam mesmo da sua ajuda, deviam ter pensado nisso antes de o tratarem tão mal.

-Lamento, mas a minha resposta continua a mesma.

-Muito bem, se não vai a bem, vai a mal. Guardas prendam-no e levem-no para o submarino.

-O quê? Não!

Remus começou-se a debater, no entanto ele estava fraco e um pouco doente por não sair à muito tempo, enquanto os guardas estavam bem treinados e muito saudáveis, além de serem em maior número, eram 4 contra 1. Logo conseguiram-no domar e prenderam-lhe os tornozelos e os pulsos.

-Devias ter aceitado a nossa proposta enquanto éramos gentis, mas pronto.-fez uma cara de falsa pena- Levem-no.

Taparam-lhe a vista com uma venda. Percorreram um longo corredor antes de chegarem à superfície. Remus, que já estava desabituado a andar durante tanto tempo, desequilibrava-se frequentemente. Quando isso acontecia um dos guardas batia-lhe no tornozelo, fazendo com que a perna ficasse cheia de hematomas. Lupin perguntava-se o que é que teria feito de mau para merecer aquele castigo e tentava pensar numa maneira de sair daquela situação, mas os seus sentidos estavam limitados e o guarda que o segurava era demasiado forte, ele não poderia entrar numa luta corpo a corpo. Pensando nisso, ele questionou-se porque é que ele precisava de tantos guardas, ele estava debilitado, no entanto tinha 4 guardas com ele! 

Chegando à superfície, a luz quente do sol aqueceu-lhe a face e o vento acariciou os seus longos cabelos, os quais ele não tinha cortado desde que entrou na "prisão".

-Baixa a cabeça.- ordenou um guarda.

Mesmo abaixando a sua cabeça, Remus bateu com ela na ombreira da porta do submarino.

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Quando retiraram a venda a Remus, o submarino já estava completamente debaixo de água. Lupin começou-se a sentir melhor, a pele que estava meia amarelada melhorou, a força voltou para os seus músculos e ele sentia que podia correr a maratona sem se cansar, quando à bocado ele mal se sustinha em pé sozinho. Peixes iam ter até à janela do submarino por onde Remus estava a espreitar e abanavam a barbatana, como se estivessem a dizer "olá". Ele até julgou ouvir um a perguntar:"Como estás?".

-Deve ser do cansaço.- pensou Remus.- É impossível peixes falarem, devo estar a alucinar.

-Muito bem, vais sair agora.- disse Tom, tirando-o dos seus devaneios.

-Sair? Como assim sair? Eu vou me afogar se for nadar a esta profundidade! Ao menos tenho equipamento de mergulho?- perguntou Lupin, já desconfiando da resposta.

-Meus deuses! Tu ainda não percebeste, pois não? Ele ainda não percebeu!- Riddle começou-se a rir, a tripulação juntou-se logo a seguir e Remus estava muito confuso, o que é que ele ainda não tinha percebido?

-Ok, chega.- falou Tom, calando todos.- Tu vais sair, quer queiras, quer não e tu já sabes do que os meus guardas são capazes, então tens a certeza absoluta de que queres ir por esse caminho?

-Certo eu vou.- respondeu Lupin, sem forças para lutar.

Atirando-o para água, Remus começou-se a debater. Os seus pulmões precisavam de oxigénio, algo que ali ele não tinha. Pediu ajuda à tripulação do submarino, mas ninguém lhe prestou atenção. Então uma golfada de água entrou pelos seus pulmões e, estranhamente, a sensação de que precisava de oxigénio desapareceu.

-Devo estar a morrer, e por isso não estou a asfixiar.- pensou Lupin.

Mas ele percebeu que estava vivo e a respirar. A RESPIRAR DEBAIXO DE ÁGUA. No entanto esse primeiro entusiasmo logo desapareceu, dando lugar a um novo sentimento, algo que esmagava o seu coração e que lhe fazia querer chorar, algo como saudade. Começou a avançar pelo recife em que estava à procura da origem, mas não conseguia encontrar nada. Até que se apercebeu que a pulseira que estava a usar, estava a brilhar num azul turquesa. Era uma pulseira simples, tinha-a desde que foi resgatado do deserto, era um bocado de cordão e no centro tinha uma gota de água feita em prata. Nunca tinha feito isso, então procurou por outra fonte de luz. Procurou, procurou e avistou-a. Uma luz vermelho fogo conseguia-se ver por baixo de alguns corais. Começou-os a destruir e a escavar até encontrar uma mão. Essa mão tinha uma pulseira igual à sua, incluindo o cordão preto, no entanto o símbolo que estava no meio era uma fogueira. Contente com a sua descoberta continuou a escavar com mais ânimo; aquela sensação estranha no seu peito aumentava, e aumentava, mas ele só queria encontrar o resto do corpo a quem aquela mão pertencia. Passado um pouco, ele conseguiu desenterrar o corpo todo. Era um jovem moreno, com cabelos pretos rebeldes e muito bem-parecido. Ele conseguia sentir-lhe a pulsação, mas o outro mal respirava. Por isso, Remus passou-lhe oxigénio dando-lhe um beijo na boca. Logo o jovem misterioso acordou sobressaltado e começou a espernear, pois não conseguia respirar. Remus voltou a repetir o processo e ajudou-o a nadar de volta aos submarino. Deixaram-nos entrar, estendendo uma toalha para o recém-chegado. Remus perguntava-se porque é que não tinha recebido nenhuma, mas depois reparou que ele estava seco. Não tinha nem a roupa, nem os cabelos, nada molhado. Distraído com esse detalhe, não percebeu quando Tom se aproximou dele e do outro jovem.

-Sirius Black, ficou feliz que te juntas-te a nós.- disse Riddle, com um sorriso.

O que estão a achar da história até agora?


Até ao próximo capítulo. ;)

Marotos Elementais- WolfstarOnde histórias criam vida. Descubra agora