Wonderland 2 (Dramione)

Capítulo 16

Um sanduíche de atum e um iogurte foi todo o almoço tardio que Hermione conseguiu consumir. Estava acostumada a ignorar o celular durante sua residência, mas hoje uma vozinha insistiu que ela fizesse uma exceção. E lá estava a mensagem de Draco brilhando pra ela.

Preciso de você.

E de algum jeito seu coração sabia que era grave, mas não podia simplesmente virar as costas e ir embora. Um acidente grave de ônibus tinha acontecido aquela tarde e os feridos foram todos trazidos ali. O pronto socorro estava lotado, e ela teve que ajudar em duas operações. Era impossível ir embora agora. Ligou para Draco e seu coração encolheu ainda mais quando foi informada que o número chamado estava desligado ou fora da área de cobertura.

Com o coração despedaçado, correu de volta as macas onde uma criança com a cabeça praticamente aberta entrou pela porta.

***

Hermione só conseguiu escapar as nove da noite. Já era a décima segunda vez que tentava ligar para Draco sem sucesso. Teve que correr pra casa, por não encontrar nenhum lugar tranquilo em que pudesse aparatar e quase derrubou a porta de entrada.

— Aconteceu alguma coisa – Amanda informou ao vê-la, e Hermione não precisou perguntar para saber do que ela estava falando. – Ele já estava no seu quarto quando cheguei, chorando de dar dó. Tentei falar com ele, mas ele me ignorou e ficou trancado lá dentro.

— Eu cuido disso, obrigada, Mandy.

A garota deu de ombros se enfiando em seu quarto, dando privacidade aos dois. Um Alohomora foi necessário para que conseguisse entrar no próprio quarto.

— Draco? – ela chamou e o rosto do bruxo se transformou em uma careta quando a viu.

Ela correu até ele e o abraçou, sendo apertada dolorosamente contra seu peito, mas não reclamou.

— Não consegui sair mais cedo, desculpa.

— Minha mãe... - ele balbuciou, mas começou a chorar e Hermione precisou esperar vários minutos para que ele se acalmasse o suficiente para que as primeiras frases fizessem sentido.

E quanto mais ele falava, menos ela entendia.

Lucius sairia de Azkaban? Narcissa estava fingindo esse tempo todo? A reconciliação com Andrômeda foi uma farsa?

Pobre Draco, a dor que ele devia estar sentindo. E ela não podia fazer nada para ajudar.

— Eu te amo – ofereceu o único consolo de que dispunha. Draco fungou e olhou para ela com aqueles olhos vermelhos e inchados. – Você não está sozinho, ok? Eu estou aqui. E Andrômeda, e Teddy, e Gina, e seu amigos, e...

O beijo de Draco foi intenso, salgado e triste.

— Eu estava gostando, sabia? De ter uma mãe amorosa. Eu sempre pensei que era Lucius que a impedia de ser mais presente, para que o carinho dela não me transformasse num fraco. E quando ele saiu de cena, ela virou tudo o que eu sempre sonhei. Amorosa, aberta, compreensiva, que não acreditava na supremacia do sangue-puro... – a voz de Draco embargou de novo e ele teve que respirar fundo algumas vezes antes de continuar. – Era mentira. Tudo mentira.

— Sinto muito – Hermione sussurrou com a testa colada na dele enquanto suas mãos brincavam com os cabelos de sua nuca.

— Isso é tão estupido. Como posso estar triste por perder algo que nunca tive?