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Edward observou a híbrida se virar lentamente no banco do carro, observando as árvores na beira da estrada. O telepata não conseguia acompanhar os milhares de pensamentos que passavam na cabeça dela e isso o deixava preocupado.

Normalmente Casandra era uma pessoa com seus pensamentos em ordem, mas agora, Edward não conseguia achar uma linha de raciocínio em sua mente, parecia que quanto mais ele procurava mais perdido ele ficava.

A híbrida por outro lado, não estava perdida, não, ela sabia exatamente onde estava e sabia o que precisava fazer. Ela precisava pensar, ela precisava absorver todas aquelas informações, e precisava fazer isso sozinha.

-- Anthony eu.. eu vou caçar, andar, sei lá. Eu volto pro jantar.

Edward não conseguiu falar nada para a herege, em menos de dez segundos Casandra não estava mais dentro do carro.

A híbrida correu, correu e correu, só parou quando enxergou um grande penhasco a sua frente. Casandra olhou para frente e se deixou desabar, a herege se sentou na ponta do penhasco e deixou sua mente viajar e criar as mais malucas teorias.

A herege nunca se imaginou naquela situação. Ela veio para Forks para conversar com Edward - talvez quebrar uma árvore em suas costas - e acabou virando madrinha de seu casamento; ela foi em uma lanchonete tomar seu café da manhã, encontrou uma possível modelo, e acabou saindo de lá sendo a companheira de um transmorfo de lobo.

Ela tinha um companheiro.

E por mais que a ideia de ter alguém para passar o resto de sua vida fosse ótima, ela estava assustada.

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Edward chegou em casa e avisou os vampiros de que a híbrida tinha sido alvo de um imprinting, e assim a paz e harmonia se desfez. Rosalie queria matar o cachorro que tinha imprimido sua nova amiga; Emmett tentava acalmar a esposa e ao mesmo tempo queria bater no jovem lobo. Esme estava preocupada com a jovem, Edward estava tentando organizar sua mente para não ir atras da herege e Alice estava inquieta. O fato da vidente não enxergar o futuro da herege preocupava toda a família, e com a preocupação de todos na casa ela acabava se sentindo culpada por não conseguir ver nada.

Já Jasper estava uma confusão, em poucos segundos o empata se perdeu no mar de sentimentos que a casa exalava, então ele saiu. Jasper fazia isso com frequência, saia para andar na floresta - as vezes caçava também - e trazia a paz de volta para seu corpo e mente, mas, na caminhada que resolveu fazer naquele dia ele acabou encontrando um mar de sentimentos mais bagunçados que os dele; ele encontrou a híbrida.

Casandra estava tão imersa em seus pensamentos que não ouviu o vampiro se aproximar, e quando percebeu Jasper já estava do seu lado a transmitindo ondas de calmaria.

-- Oh Jasper! Você me assustou, mas... obrigada.

-- Você está bem?

A híbrida riu sem humor. -- Não, mas vou ficar. O que faz aqui?

-- Sai para caminhar um pouco.

-- Oh, se afastar de tantos sentimentos correto?

Jasper sorriu fraco concordando. -- Sim, as vezes fica um pouco confuso, sentir sentimentos que não seus.

-- Imagino.

Um breve momento de silêncio se instalou, ambos estavam perdidos em seus próprios pensamentos encarando a vista do penhasco. Aproximadamente dois minutos depois Jasper se lembrou de uma coisa que estava a perturba-lo a alguns dias.

-- Você falou antes que achava que os empatas estavam todos mortos. Você chegou a conhecer algum?

A pergunta do frio encheu o peito da meia bruxa se saudade e nostalgia, fazia muito tempo que ela não pensava nele.

-- Sim. - Se virando para o frio a herege sorriu marota. -- Te deixei curioso não foi?

-- Um pouco. Quero dizer, eu não sabia que existam outros iguais a mim.

-- Receio que não existiam outros iguais a você Jasper, só existe um Jasper Hale.

O vampiro riu. -- Certo, mas é Jasper Whitlock na verdade.

-- Eu sinto que por trás desse nome tem uma bela história, e por mais curiosa que eu esteja agora vou deixar você me contar depois.

-- Contarei minha história com prazer se me contar a sua, senhorita Gold.

-- Ótimo! Vamos lá então. - Casandra olhou para o céu azul a sua frente e se deixou levar para uma época muito, muito antiga. -- Eu cheguei a conhecer um empata uma vez, e posso dizer que devo minha vida a aquele homem. Seu nome era Zucra Screvin, ele foi a pessoa mais sabia que já conheci.

-- Foi?

-- Sim, foi. Zucra morreu queimado quando eu tinha nove anos de idade, mas a história não foi sempre triste assim. Conheci Zucra quando tinha três anos, ele era um bruxo amigo dos meus pais, um homem sábio e muito bonito. No dia em que meus pais foram levados para a fogueira a mais de quatrocentos anos atrás, ele me impediu de ter o mesmo fim que eles. Apesar de Zucra ser um bruxo ele era difente de mim e dos meus pais, ele era um bruxo sensitivo, ou empata, assim como você.

Casandra olhou para o frio que prestava muita atenção em sua história e sorriu.

-- Zucra não era acusado de bruxaria naquela época e por isso não o impediram de me levar do nosso vilarejo; eu não me lembro de muito doque aconteceu naquela época mas me lembro de coisas que ele me ensinou para eu nunca esquecer.
"A magia é forte e traiçoeira, se não souber controla-lá ela irá matar você, mas se ficar poderosa ela ira escravizar você. Uma magia sem controle leva a morte e uma magia muito controlada leva ao vício."

Ele podia não ter a mesma magia que eu tinha, mas fez de tudo para me ensinar a controla-lá. Quando eu completei meus nove anos nós nos mudamos para uma cidade de verdade, que apesar de serem poucas na época eram lotadas, nossa nova casa era um pouco maior que a anterior e eu gostava disso, conseguimos viver uns dois messes sem problema algum, mas um dia as pessoas começaram a olhar diferente para nós, chamaram Zucra de demônio por ter usado sua magia para acalmado uma mulher e então o condenaram a fogueira. Eles diziam que aqueles que podiam controlar seus sentimentos eram os demônios mais poderosos e deveriam ser mortos por carregar tanta magia. Ele foi "julgado" e condenado a fogueira, dois dias depois foi exposto em praça pública, apedrejado e queimado.

Casandra deu uma pausa, sua mente se encheu com as lembranças daquele fatídico dia.

-- Eu fugi da cidade depois disso, mas ainda consigo ver e ouvir com clareza seu corpo pegar fogo e seus gritos ecoarem pela floresta.

-- Eu sinto muito Casy, não deveria ter feito você lembrar disso.

A herege limpou uma lágrima que escoreu por sua bochecha. -- Está tudo bem, você não teve culpa de nada, a história de Zucra pode ser triste mas deve ser lembrada; ser um empata é uma honra, e por mais que seja difícil se controlar perto dos humanos você faz isso muito bem Jasper.

-- Obrigada.

-- Eu acho que não conta muito, mas... eu te acho o vampiro mais forte que já conheci senhor Whitlock, tenho muito orgulho de você.

A bruxa sorriu para o vampiro e se levantou, se despediu e sumiu dentro das árvores deixando para trás um Jasper emocionado com os olhos cheios de lágrimas - que nunca iriam cair.

Casandra ainda não sabia, mas tinha mudado a vida do empata.

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Ocean's EyesOnde histórias criam vida. Descubra agora