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Casandra tinha um sorriso nostálgico no rosto, ela adorava falar sobre seu irmãozinho, a lembrava do tempo em que a vida era menos confusa.

-- Bem, meus pais não tiveram outros filhos além de mim então eu cresci sozinha, minha família sempre foi só o Zucra e eu, e no dia em que ele morreu, pela primera vez eu me vi sozinha de verdade. Quando os camponeses o levaram pra fogueira ele me mandou correr, correr o mais rápido que eu podia pra longe de lá, ele me mandou começar uma nova vida em outro lugar, um lugar bonito e diferente onde as pessoas não tentariam me matar, e eu fiz isso.

-- Eu acho que me perdi. - Leah falou e Casandra concordou pra que ela continuasse falando. -- Você disse que tinha conhecido o Edward em 1920 certo?!

-- Certo.

-- Então, quantos anos você tem?

Casy quis rir, Leah tinha perguntado tantas coisas que se esqueceu de perguntar a idade da herege. -- Eu nasci em 1568, 14 de maio de 1568, tenho 445 anos Leah.

-- Isso é mais do que o doutor Cullen.

-- Seth também falou isso. Mas voltand..

-- Espera ai. - Leah interrompeu a herege de novo. -- Dês de quando você sabia que ela era uma vampira Seth?

Seth abaixou os olhos, ele não gostava de lembrar de como tinha descoberto que sua companheira era uma vampira, ele tinha sido um babaca com ela na primeira conversa dos dois e se culpava todo dia por isso.

-- Eu descobri no dia em que sai correndo da ronda, eu.. eu vi ela...

Casy percebeu o desconforto de seu namorado e segurou sua mão enquanto terminava de contar sobre o primeiro encontro dos dois. -- Seth me viu bebendo o sangue de alguém e ficou... um pouco chocado.

Leah franziu as sobrancelhas, seu irmão não ficava chocado. -- Chocado?

-- Eu... eu falei coisas que não queria... e me arrependo disso até hoje, eu fui um idiota com você e bruxinha e prometo que não vou falar nada daquilo de novo.

Seth acabou falando rápido a última parte, como se estivesse tentando mostrar a herege que ele realmente estava arrependido, o que fez Casy sorrir, ele era tão fofo.

-- Tudo bem lobinho, eu sei que você só falou tudo aquilo porque estava com raiva. - Leah por um segundo se sentiu perdida na conversa, ela coçou a garganta chamando a atenção do casal de volta pra ela. -- Seu irmão me chamou de monstro, assassina e outras coisas que eu não me lembro mais.

-- Seth!! Ela é o seu imprinting!

-- Eu sei!! Eu pedi desculpa, eu me arrependi de verdade. E você também a chamou de monstro e assassina Leah!

-- Mais ela não é o meu imprinting Seth!

Casy revirou os olhos, eles iriam mesmo começar a brigar no meio do restaurante. -- Dá pra vocês dois calarem a boca?!

Automaticamente os dois lobos pararam de falar e olharam pra herege, Seth abaixou a cabeça e murmurou desculpas enquanto Leah revirou os olhos.

-- Vocês dois me chamaram de monstro e assassina, legal estão empatados, agora vamos voltar ao que importa, 'tá bom?!

Leah levantou a cabeça, ela não entendia como ela podia ter os perdoado tão facilmente. -- Como você consegue?

-- Consigo o que?

-- Perdoar. Eu e Seth te chamamos de monstro, qualquer outra pessoa ficaria brava e não olharia mais na nossa cara mas você não, você perdoou a gente sem pedir nada em troca.

Casandra riu, eles eram tão novinhos pra entender. -- Estou viva a mais de quatro séculos Leah, vocês não foram as primeiras pessoas a me chamarem assim e não vão ser as últimas, a diferença entre nós é que eu aprendi que não vale a pena guardar rancor de uma coisa tão simples. O perdão não serve só para tirar a culpa da outra pessoa, mas também te ajuda a achar a paz.

Leah riu. -- Você é boa com palavras.

-- Me formei em psicologia em Stanford a alguns anos. - Casy acabou fazendo todos rirem, finalmente aquele clima estranho que estava na mesa tinha sumido. -- Mas vamos voltar pro meu irmão.

Casandra pediu ao garçom mais três pedaços de torta com sorvete, ela podia estar sem fome mas tinha quase toda a certeza de que os lobos já estavam com fome de novo.

-- Bem, eu não me lembro pra onde eu fugi mas sei que era uma vila pequena e mais quente, acho que corri pro Sul, não sei. - Casy deu os ombros, ela realmente não se lembrava de onde tinha ido. -- Eu sei que fiquei na floresta que cercava a vila por alguns dias, achei uma caverna e montei minha casinha nela. Era uma vida boa, eu tinha água e abrigo da chuva, o que pra uma garota de nove anos era mais do que o suficiente pra ficar muito feliz.

-- Você tinha nove anos quando começou a viver sozinha?!

-- É, eu era boa em fazer feitiços simples como acender uma foqueira e fazer as plantas crescerem, fiz uma hortinha com plantas de cura e batatas, me sentia uma fazendeira. Acho que dois messes depois, enquanto eu andava pela floresta achei Kanaã, ele estava magro e todo machucado, parecia que não comia a semanas e como ele era pequenininho parecia que ele estava lá à algum tempo já.

Seth já não sentia mais ciúmes do irmão da namorada, ele parecia ser uma pessoa boa. -- O que aconteceu com ele?

-- Kanaã, assim como outras crianças da época foi abandonado na floresta quando não foi mais útil e acabou ficando doente. Ele era pequeno e parecia ser bem fraquinho então não conseguia tomar conta dos animais ou cuidar das plantações, ele foi abandonado quando seus pais pensaram que ele não aguentaria a gripe, então o deixaram na floresta.

-- Nossa, isso era.. eu nem sei o que era, eles eram monstros.

-- O ser humano nunca foi o herói que diz ser Leah. - Casy nunca foi de defender o ser humano, eles nunca fizeram nada de bom pra merecer a defesa dela. -- Eu encontrei Kanaã desacordado, quase congelando na beira de um rio que pra nossa sorte era próximo da minha caverna então foi fácil em levar ele até lá, eu tinha algumas plantas medicinais que Zucra me ensinou a usar então fiz uma mistura e dei pra ele, uma semana depois ele começou a melhorar e finalmente acordou. Ele estava confuso e perdido, foi difícil fazer ele se acalmar pra finalmente conversarmos mas, eu consegui.

-- Ele ficou bem?

-- Depois de três dias bebendo o que ele chamou de "soro pior que a morte", sim.

Leah franziu as sobrancelhas, quem dava aquele tipo de nome pra um remédio? -- "Soro pior que a morte?"

-- O gosto era ruim, muito ruim e tinha uma aparencia verde bem gosmenta, era horrível mas curava qualquer coisa.

Seth fez uma carreta, ele odiava remédios e por isso agradecia por ser quase impossível ficar doente agora que ele era um lobo. -- Pior que remédio.

-- É, eu também odiava quando Zucra fazia pra mim quando eu ficava doente. - Casy conseguia ouvir claramente a voz do pequeno vampiro reclamando do gosto ruim, parecia que ele estava ali parado do lado dela. -- Bem, o que aconteceu dos meus nove anos até os quinze não é importante, a não ser que quando eu fiz quinze anos nos mudamos mais pro Sul do país, não era tão estranho assim ver dois irmãos órfãos tentando ter uma vida melhor então podemos nos mudar pra uma cidade grande sem criar suspeitas.

Leah negou com a cabeça e se arrumou na cadeira. -- Por que parece que alguma coisa muito ruim vai acontecer agora?!

-- Oh não, eu só quase me casei e morri no dia da minha cerimônia.

Casandra mal tinha terminado de falar quando Seth cuspiu a pouca água que estava bebendo, sua companheira era casada?!

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Ocean's EyesOnde histórias criam vida. Descubra agora