⸙SENTIDOS DA VILA⸙

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第一章

Com seu hálito gélido a brisa soprou nos galhos das amoreiras com raízes resistentes feito garras profundas cravadas no solo de uma minúscula casa de chá de um velho fazendeiro aposentado, seus frutos enrugados e gordos caiam como pingos de tinta de uma cerda encharcada no chão de pedra que da mesma forma que uma tela virgem que nunca antes havia sido tocada, foi manchada com o líquido vermelho arroxeado transformando simples pedras rachadas pelo sol em uma pintura beijada pelo caos sem forma.

O coral de pássaros com diferentes tons exalou harmoniosamente, cantando suas canções sem letras que clamavam o dia, agradeciam a vida e comemoravam as sementes dos frutos que germinavam na terra fértil do vilarejo. Algumas aves cinzas cortejavam as fêmeas mostrando seus melhores talentos charmosos, outras delas alimentavam seus filhotes depenados enquanto seus parceiros voavam no céu azulado como um cardume de peixes em alto mar.

Galinhas alaranjadas cacarejavam papeando umas com as outras, ao mesmo tempo que a todo vapor faziam força para expelir de seus buracos carnudos rosados um ovo fresco amarronzado. Em cima do poleiro o galo inflamava seu peito negro batendo suas asas com penas de fogo sentindo-se uma fênix poderosa, exibindo ser o único macho do galinheiro, gritava entre elas tentando provar que seu gogo é tão forte que poderia tremer os céus e a terra anunciando que já era hora do fazendeiro que mordiscava uma folha de boldo entre os dentes podres tranquilamente encostado na parede de tijolos, ir alimentá-los com passados milhos dourados cruz.

As vacas gordas manchadas mugiam mastigando capim fresco recheado com pingos de orvalho na beira da estrada barrenta, quando satisfeitas lambiam os beiços com suas línguas longas e ásperas. O cheiro de grama recém cortada passeava pelo ar se espalhando pelas veias das ruas invadindo casas e narinas, misturava-se mais tarde com o estrume das vacas que comiam e defecavam ao mesmo tempo criando uma fragrância exótica fétida.

Na esquina a boiada passava de viagem, enfileirados um atrás do outro, um chapéu de palha apontou no meio deles, era a dona daqueles bois, uma jovem na flor dos seus dezoito anos, que aproveitava a vista em cima de um boi negro forte com chifres pontudos e uma argola brilhante feito ouro puro em suas narinas bufantes. Ela o acariciava na cabeça enquanto animadamente apontava para algumas rosas vermelhas que haviam crescido no jardim da senhora Yin, uma florista local.

Galopes de alazões musculosos com pelos banhados no óleo de amêndoas tremiam a terra, trazendo na suas carrocerias mercadorias da feira livre da cidade, os condutores moviam as rédeas empenhando-se em manter um ritmo estável diante a tantos buracos no solo feito pelas fortes chuvas.

Cidadãos de Yiling se cumprimentavam com a educação e sorriso típico daquele lugar pequeno onde todos se conheciam ou já ouviram falar de fulanos de tal.

Homens que logo cedo se reuniam nos bancos de madeira do bar, levantavam suas taças de licor cumprimentando as moças solteiras que davam um simples aceno de cabeça acompanhado com um sorriso tímido que logo era coberto por um leque de papel com ilustrações botânicas.

Comerciantes de rua vendiam seus produtos...

"MEUS SENHORES E MINHAS SENHORAS! VENHAM CONFERIR MINHA SOPA ESPECIAL DE OVOS DE CODORNA FRESQUINHOS", um vendedor anunciava sua mercadoria com a voz de um trovão.

"BRINCOS, PULSEIRAS, PENTES E COLARES ARTESANAIS, VENHA AQUI MEU JOVEM CONFERIR E LEVAR ALGUM PRESENTE PARA SUA AMADA, PORQUE BASTA SER POBRE AGORA DESLEIXADO JAMAIS", uma vendedora de coque alto e vestido decotado anunciou o produto da sua barraca que rapidamente chamou a atenção dos homens sentados nos bancos do bar, que se exprimiam como abutres para ver quem comprava a joia mais cara e bonita.

{WangxianFic} Alerta coelho ۪֗❁Onde histórias criam vida. Descubra agora