Capítulo cinco - Desculpas

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As aulas de balé aconteciam um dia sim e um não. O dia que ela não apareceu na escola pareceu excessivamente longo e cansativo. Sofy  se sentia mal pela mancada que dera com Camila e queria de alguma forma se desculpar. Na verdade, ela não conseguia entender porque isso a incomodava, devia simplesmente esquecer e ficar bem longe dela.

No dia seguinte, depois que as aulas acabaram, ela estava caminhando em direção ao estúdio de balé, no caminho viu todos os alunos indo embora, inclusive Deny, então passou bem longe para que ninguém a visse. 

-Tem certeza que vai ficar? - ouviu alguém perguntar.
-Vou sim - respondeu.


Sofy  reconheceu a voz suave e encantadora, ficou escondida um instante e então viu a bailarina sair do estúdio. Em seguida, caminhou até a porta e a viu.
Ela estava sentada em uma cadeira terminando de calçar a sapatilha. Ela suspirou e por um instante considerou ir embora, mas depois estava caminhando até ela.


-Quem esta ai? - ela perguntou erguendo o rosto.


Sofy exitou fitando os olhos hipnotizantes dela.


-Eu sei que tem alguém aí - ela disse se levantando.


Silêncio. Os olhos de Sofy vagaram até a porta. Camila deu mais um passo a frente e estendeu a mão.


-Quem ta ai? Isso não tem graça - ela disse.
-Sou eu – Sofy  disse finalmente – Sofy .
-O que faz aqui? - ela deu as costas a ela e foi caminhando de volta a cadeira.
-Queria falar com você um instante.
-Então fale - ordenou de forma seca - eu tenho que ensaiar.


É, não ia ser fácil conseguir acabar com a má impressão que ela causara.


-Eu queria te pedir desculpas - ela disse - por ter bancado a idiota o outro dia.
-Não perca seu tempo comigo - ela disse enquanto prendia o cabelo num rabo de cavalo desajeitado.
-É sério Camila- ela insistiu - eu sinto muito.
-Camila? - ela riu sem humor.


A garota bufou e pos as duas mãos na cintura. Sabia que o mais sensato era mandar ela embora, ela conhecia o tipo dela, mas, ao invés disso, resolveu que ouviria o que ela tinha a dizer. Então, quando a menina não protestou, ela resolveu continuar.


-Eu não quis ofender você, nem parecer uma arrogante estúpida - ela disse - eu realmente não sabia que você era cega.
-Sério que você não percebeu? - ela fez careta.
-Você não parece ser cega - deu de ombros - é tão confiante, tão boa no que faz, tão… Tão linda.


Camila sorriu de lado.


-Você acaba se acostumando.
-Então você me desculpa? - perguntou esperançosa.
-Bom, eu acho que posso esquecer a sua mancada se você esquecer a minha grosseria - ela disse - eu costumo ser assim meio grossa com as pessoas que não conheço, acho que é um mecanismo de defesa.
-Então estamos quites - Sofy sorriu.


Camila sorriu para ela. Um sorriso lindo, incrivelmente encantador. Ela estendeu a mão um pouco insegura.


-Acho que lhe devo um aperto de mão - ela lembrou.


Ela riu e ergueu sua mão pra segurar a dela. Tinha a pele macia, delicada e aveludada.


-Bom, eu tenho que ensaiar - ela disse sem jeito quando Sofy não soltara sua mão.
-Ah claro - ela corou e soltou a mão dela - não vou mais perturbar você, a gente se esbarra por ai.


Sofy deu as costas a ela e caminhou até a porta, se sentia um pouco mais aliviada agora mas parou ao chegar na porta e se virou de novo pra olhá-la, ela continuava parada no meio do salão.

A bailarinaOnde histórias criam vida. Descubra agora