Capítulo dezoito - Surpresa

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Camila estava em casa esperando Sofy voltar. Estava morrendo de curiosidade pra saber o que Sofy estava aprontando, não era muito fã de surpresas. Durante boa parte da tarde ela ensaiou alguns passos de sua nova coreografia e quando começou a anoitecer, ela foi tomar um rápido banho. Não era uma noite nem fria e nem muito quente, a temperatura era perfeita. Camila penteou os cabelos, vestiu um short jeans e estava parada no meio de seu quarto vestindo uma blusa branca de botões. Ela abotoara apenas um, da parte de baixo, sempre tinha problemas com botões, foi quando ouviu um barulho do lado de fora.


-Tem alguém ai? - ela perguntou.


Não houve resposta, mas o barulho se repetiu.


-Oi? Alguém aí? - ela perguntou de novo.


Seu coração se acelerou um pouco, era irritante ela não poder ver o que estava acontecendo. Ouviu o barulho de uma porta se abrindo e depois fechando, então ouviu passos.


-Quem ta ai? - questionou assustada.
-Sou eu - Sofy disse sorridente.
-Oh, droga - Camila pos a mão no peito - quase me matou do coração.
-Ah, desculpa – Sofy fez careta - não queria te assustar, só fazer uma surpresa.
-Como entrou aqui? - perguntou - a porta estava fechada.
-Ah – Sofy riu - eu subi a escada que tinha ali fora e entrei pela sacada.
-Por que não tocou a campainha? - ela perguntou rindo.
-Porque isso não é romântico - revirou os olhos.
-Me assustar também não foi, mas o que vale é a intenção - Camila sorriu.


As duas riram juntas por um instante, até que Sofy  parou para observar como Camila estava: linda como sempre, porém a blusa branca só tinha apenas um botão fechado, deixando à mostra a barriga e o sutiã vermelho que, diga-se de passagem, era bastante revelador.


-Então, o que a levou a subir pela minha sacada até meu quarto? - Camila perguntou quando o silêncio tomou conta do lugar.
-Você – Sofy  respondeu, os olhos vagando pelo corpo da menina.
-Nossa, jura? - ela zombou - eu nem podia imaginar. Quero saber o que preparou, você sumiu por horas.
-Queria fazer uma coisa especial - Sofy disse se aproximando mais dela.
-E que coisa seria essa? - perguntou animada.


Ela não respondeu, mas Camila a sentiu chegar mais perto e encostar delicadamente seu corpo ao dela. As mãos de Sofy foram parar em sua cintura, um toque incrivelmente leve. Sofy escorou sua testa na de Camila, a respiração de ambas se misturando e depois de um breve instante que pareceu incrivelmente longo, Sofy encostou seus lábios nos dela. O beijo era intenso, as línguas das duas brincando, mas mesmo assim, lento e calmo, sem pressa alguma. As mãos de Sofy  faziam um carinho ousado na cintura da menina, a fazendo se arrepiar.


-Sofy …


Camila gemeu o nome dela baixinho quando ela desceu os beijos até seu pescoço, sentindo as mãos de Sofy apertarem sua cintura e a pressionar mais contra si. Ela prendeu as mãos nos cabelos de Sofy, sentindo a língua dela em sua pele. Fechou os olhos com um longo suspiro, enquanto Sofy subia uma de suas mãos até seu seio, acariciando com carinho e cuidado. Sofy também gemeu baixo quando Camila puxou seu cabelo com certa força. Foi só quando sentiu a mão dela em suas costas, procurando o fecho de seu sutiã, que Camila voltou à realidade.


-Sofy - Camila chamou, mas Sofy não parou - Sofy, para.


Ela continuou com os beijos, sem dar ouvidos a ela.


-Sofy, por favor.


Camila fez um pouco mais de força e a empurrou pra longe. Ela se afastou ofegante e com os olhos esbugalhados, quase perdera o controle ali.


-Desculpa - pediu envergonhada - é que eu…
-Tudo bem - Camila ergueu a mão pra pará-la - ta tudo bem, não precisa se desculpar.
-Eu não queria que pensasse que eu sou abusada, é que eu não consegui me controlar e…
-Típico das lésbicas - ela zombou pra amenizar o clima de tensão - é sério, ta tudo bem, eu entendo.
-Entende? - Sofy ergueu a sobrancelha.
-Sofy - Camila fechou a cara - eu sei que sou cega, mas não sou retardada.
-Claro - ela riu - desculpa, é que você não ajuda muito vestida desse jeito.
-Que jeito? - questionou confusa.
-Assim, com o sutiã a mostra e…
-Ai, droga - Camila arregalou os olhos.


Camila lhe deu as costas espantada, tinha esquecido completamente que estava com a blusa aberta. Ela tentou abotoar rapido, enquanto Sofy ria discretamente, mas se sem ver era difícil, com pressa era pior ainda.


-Deixa eu te ajudar – Sofy pediu.
-Não, ta tudo bem - disse.
-Camila - Sofy segurou o braço dela e a fez virar muito calmamente - me deixa ajudar, eu prometo que me comporto.

Camila suspirou, mas então sorriu pra ela.

-Tudo bem.


Camila ficou de frente pra ela, e muito calmamente, Sofy  começou a fechar cada um dos botões, fazendo Camila suspirar quando sentia os dedos dela esbarrando em sua pele.


-Pronto - Sofy sorriu dando um passo pra trás.
-Obrigada - sorriu sem jeito.


As duas ficaram em silêncio um instante, até que começou a ficar irritante.


-Então - Camila finalmente falou - você ainda não disse porque invadiu meu quarto.
-Ah, é - concordou - eu tinha me esquecido.
-Então… - Camila insistiu.
-Eu tava pensando em fazermos um piquenique sob as estrelas - sorriu.
-Sério? - disse animada.
-Sério - concordou - eu até preparei a cesta.


Ela pegou a cesta que tinha posto no chão e ergueu a mão dela, para que ela pudesse tocar.


-Não acredito - Camila sorriu mais ainda - você não existe.
-Eu sei, sou incrível - disse em tom convencido.
-Cala a boca e vamos logo com isso então.


As duas foram até o jardim da casa. Sofy forrou um cobertor no chão e elas se sentaram juntas pra um piquenique sob a luz da lua. Mesmo sem poder ver nada, Camila estava feliz de estar ali com ela, por Sofy ser tão romântica e a fazer se sentir tão querida. Era um sentimento perigoso, mas a cada dia Camila ia se apaixonando mais por Sofy. Como se isso fosse mesmo possível.


-Hum - Camila fechou os olhos enquanto dava uma mordida na fruta que Sofy pusera em sua boca - morango com chocolate?
-Você é boa - ela riu.
-Ta uma delícia. Como sabia que eu gostava disso? - questionou.
-Não sabia - deu de ombros - só achei romântico.
-Claro - Camila riu também - não sabia desse seu lado romântica.
-Nem eu - confessou - você está despertando coisas novas em mim.
-E isso é uma boa coisa?
-É sim - Sofy concordou - gosto dessa nova Sofy.


Camila deu um sorriso encantador que contagiou Sofy. Sim, ela estava diferente daquela Sofy metida e arrogante, e devia confessar que gostava mais do jeito que era agora, estava mais feliz.


-Vou contar pros meus amigos amanhã que estamos namorando – Sofy disse.
-Sofy, você não precisa fazer isso por minha causa. É sério, eu não ligo.
-Mas eu quero - garantiu.
-Não queria hoje mais cedo - Camila a lembrou.
-As pessoas mudam em algumas horas sabia? - sorriu - quero que todos saibam que sou louca por você.
-Você não existe - Camila sussurrou.
-Eu sei que sou incrível - zombou.


Enquanto Camila sorria para a escuridão a sua frente, Sofy pos a mão no bolso e tirou algo de dentro. Sem dizer nada, ela segurou com calma a mão de Camila e pos o pequeno objeto em sua mão.


-Tenho um presente pra você - Sofy disse.
-O que é isso? - perguntou curiosa, correndo os dedos pelo objeto.
-Não é você que adivinha tudo? Vamos lá, adivinhe o que é - desafiou.


Camila riu e continuou tateando, tentando descobrir do que se tratava.Sofy observou em silêncio ela abrir com calma a pequena caixinha e então o sorriso dela sumir quando encontrou o pequeno anel.


-Isso é o que eu to pensando? - Camila perguntou.
-É sim, não gostou? - Sofy perguntou preocupada com a expressão séria no rosto dela.
-Sofy, eu…
-A gente já está juntas a alguns dias - Sofy a interrompeu - só queria tornar oficial. Você não gostou?
-Eu amei - Camila garantiu - só não esperava.


Sofy sorriu aliviada e pegou o pequeno anel para colocar no dedo de Camila com cuidado, logo em seguida, depositou um beijo ali. Camila fez o mesmo.


-Agora você é oficialmente minha namorada - Sofy disse orgulhosa.
-Nem sei o que dizer - suspirou.
-Não precisa dizer nada - afirmou - só precisa me beijar.


Camila riu de novo e então Sofy se inclinou pra poder beijá-la. Assim, em clima de romance, as duas terminaram seu piquenique a luz das estrelas e passaram boa parte da noite no jardim, namorando e conversando. Falando besteiras e de coisas importantes, apenas curtindo uma a outra.

A bailarinaOnde histórias criam vida. Descubra agora