Capítulo 3 - Henry

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Emma

Existem algumas coisas que me tiram do sério, mas com certeza uma pessoa mimada que não sabe ouvir acabou de ir para o topo da minha lista.

Tive que contar tudo para Ruby, não somente por ser minha melhor amiga, minha família, mas também porque minha decisão irá afetar não só a minha vida, mas a dela igualmente.

Somente nesses dois dias, desde minha recusa à proposta de Regina, minha vida já mudou — pra pior, evidentemente. Tivemos que mudar para um apartamento mais simples, bem como começar a cortar algumas despesas para não nos endividarmos mais no futuro. Afinal, perdi dois contratos que não esperava. Perdi não, perdemos, já que Ruby presta serviços para as mesmas pessoas que eu.

Ainda pensei que Ruby pudesse ficar chateada com tudo isso, mas muito pelo contrário, ela disse que eu tinha feito certo em negar a proposta de Regina e que, se a visse por aí, falaria poucas e boas para a majestade. Sim, ela começou a chamá-la pelo nome que lhe atribuem nas manchetes de revistas, que fazem uma comparação de como sua empresa seria seu reinado.

Liguei para Regina para tentar deixar, mais uma vez, evidente que não iria voltar atrás. Porém, ela é confiante e arrogante demais para acreditar que alguém realmente lhe negaria algo. Bem, falta de sorte a dela por ter me escolhido, porque, pra quem já passou pelo que passei, não tem nada que venha dela que possa me abalar.

Não vou ceder, e ela vai ter que viver com isso.

— Oi, Emma — Mary Margaret fala e me abraça ao me ver.

— Oi, Mary.

— Entra logo, as crianças estão animadas para ver você, especialmente o nosso rapazinho — fala, e eu entro em seguida. — Aconteceu alguma coisa, Emma? — pergunta preocupada.

— Na verdade, sim, mas posso deixar pra contar depois? — ela assente.

Mary Margaret é basicamente minha única amiga, além de Ruby, lógico. Foi engraçado como nos conhecemos, na verdade. Eu havia me mudado há pouco tempo e estava voltando de um serviço quando a vi carregando o que parecia milhões de sacolas, que deveriam ser a feira para um batalhão.

Me ofereci para ajudá-la e fui até sua casa.

Quando chegamos, ela me ofereceu para entrar, o que prontamente aceitei. Não sei por qual razão, mas sabia que ela era uma boa pessoa.

A minha surpresa foi ao entrar e perceber uma grande movimentação na casa: eram crianças e adolescentes.

Mary Margaret e seu marido, David, acolhem crianças órfãs, tudo de acordo com os parâmetros legais, evidentemente, sendo um local muito mais acolhedor e cheio de cuidados do que um simples orfanato — ao menos foi o que achei comparando com minhas próprias experiências.

Desde então, visito a casa dela. Pudemos nos conhecer melhor e nos tornamos verdadeiras amigas. Além disso, passei a brincar com as crianças e ajudá-las no que pudesse.

Seria mentira dizer que esses são os únicos motivos para frequentar tanto a casa de Mary. Lógico que adoro sua amizade e a companhia das crianças, mas há um serzinho com quem me conectei de forma surreal desde que o conheci.

— Emma, pode ir até o quarto dele, deve estar lendo aqueles contos que tanto adora — Mary diz, já percebendo que vim porque queria passar um tempo com ele, como de costume.

— Obrigada — respondo e vou até o quarto de Henry.

— Pensei que não viria hoje, Emma — ele fala, levantando os olhos do livro para me olhar. Está deitado na cama com o livro no colo.

O amor pode ser complicado (SwanQueen)Onde histórias criam vida. Descubra agora