Capítulo 14 - Conversa de bar

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Regina

Já faz um tempo desde que chegamos no bar, sentamos no balcão e pedimos umas bebidas. Até agora, não entendo o motivo do convite dela. Só estamos conversando coisas banais; não que esteja sendo desagradável, mas ainda não entendo qual a sua intenção.

— Tá com uma cara que está viajando, majestade. — Fala e percebo que ela me chama dessa forma, assim como Emma. — Tá tão ruim assim? — Me olha curiosa.

— Não, está bem agradável, só não costumo fazer isso — Confesso.

— Isso o quê? Sair pra beber com uma amiga?

— Eu não tenho amigos — Respondo rápido.

— Ah é? Então quando foi que você e Emma avançaram na relação assim pra não serem só amigas? — pergunta rindo.

— Emma e eu somos apenas...

— Apenas? — Me instiga.

— Talvez você possa chamar de amigas, tanto faz — Bufo.

— Ótimo — Ela me encara. — Se é amiga de Emma, é amiga minha também — faz uma pausa. — Só não sei ainda se você é confiável — solta ficando mais séria.

— Ah, estava demorando, finalmente chegou na parte em que vai me acusar de algo — Olho para ela irritada. — Costumam usar muito o argumento de que poderia fazer algo contra crianças, deveria usar essa também — Debocho.

— Ei, calma aí, majestade! — pede levantando os braços. — Não te chamei aqui pra te julgar — Me encara e depois olha para outro lugar. — Só queria conhecê-la pessoalmente. Digamos que, após algumas experiências com pessoas ruins, passei a desenvolver um faro para detectar esse tipo de gente. Espero que entenda que Emma é parte da minha família; não quero que nada de ruim aconteça com ela — Fala sincera.

Eu entendo a sua posição; só está preocupada com a amiga.

— Eu não faria mal a Emma se é isso que quer saber — sou sincera.

— Mas já fez quando a ameaçou.

Percebo que ela não me olha com julgamento; só está apontando um fato.

— Não faria novamente — afirmo convicta. — Ela é uma boa pessoa e uma excelente profissional; torço sinceramente que cresça em sua carreira e consiga atingir seus objetivos.

— Isso é bom — Ela fala me estudando. — Agora, e quanto ao tapa que ela lhe deu? Não aparenta ser alguém que deixaria isso barato, não é?

— Não penso mais sobre isso. O que passou, passou. Sei que errei com ela, assim como ela errou comigo. Se Emma pode superar, eu também posso — faço uma pausa. — Não vai haver retaliação se é isso que está pensando — Digo e fico surpresa com a minha sinceridade; não tinha dito isso nem mesmo para a própria Emma.

— Por que? Por que não vai haver retaliação? Me desculpe por perguntar, mas conheço um pouco do seu histórico quando se trata de vingança; é só difícil de acreditar.

Fico me questionando de onde ela ouviu isso. Não que não seja verdade, mas não achei que ela poderia saber. De repente, fez uma pesquisa da minha vida.

— Porque eu não quero — respondo simplesmente.

— Hmm... Não vai passar disso na explicação, não é?

— Não vou me explicar mais do que isso; você simplesmente pode acreditar ou não.

— Eu acredito — Fala e ficamos em silêncio por um tempo.

— E então, não vai me dizer o que seu faro diz? — Pergunto curiosa, mas com um certo receio da resposta.

Só era o que faltava todas as amigas de Emma me odiarem. Nem sei o motivo de estar tão preocupada com isso; geralmente pouco me importa o que acham de mim.

— O que posso dizer com certeza é que você é uma pessoa bastante complexa, majestade — Já vi tudo, outra para o rol de inimizades — E que também não faria mal a Emma — Agora ela me surpreende e acho que deixei transparecer, porque ela começa a sorrir. — Tudo bem, Regina, pode relaxar; posso te garantir que estava bem mais nervosa do que você — Ela fala pela primeira vez de uma forma mais leve.

— Eu não estava nervosa.

— Certo... — Ela esboça um sorriso de canto. — Até mesmo porque eu não sou nada intimidadora; já você... — faz uma pausa e toma mais um gole da bebida. — Tive que literalmente me embebedar pra termos essa conversa. — Não consigo me segurar com a cara que ela faz e começo a gargalhar, e ela logo me acompanha.

Ruby

Nossa, bebi mais do que esperava. Emma não tava brincando quando disse que Regina é imponente. Minha coragem quase se esvaiu quando a vi, mas precisava me assegurar de que realmente está tudo bem entre ela e Emma. Precisava saber um pouco mais sobre a real Regina e não essa que todos falam.

Confesso que foi melhor do que pensei.

— Onde estava, Ruby? — Emma me pergunta assim que chego em casa.

— Oi, loira, saí um pouco mais cedo da festa e acabei passando em um bar antes de vir pra casa.

— Isso dá pra notar; estás claramente muito bêbada — constata rindo.

— Ei, nem tanto assim — Tento protestar, mas já começo a me sentir um pouco zonza.

— Isso não é tão comum de ver — Diz e me olha com uma cara maliciosa. — Tava com a mulher misteriosa de novo, não é?

— Na verdade, estava com Regina — Falo coçando a nuca.

Ela parece perder a voz; não tinha parado para pensar em como contar isso a ela.

— O que estava fazendo com Regina em um bar, Ruby? — Me olha ficando um pouco séria. — Achei que estivesse firme com a tal misteriosa. — Fico sem reação.

— O quê?? Não, Emma, nossa, por favor, né? Não estou tendo um caso com a Regina! — Me atrapalho toda ao falar.

Como essa conversa foi chegar nisso?!

— Então me responde o que estava fazendo com ela num bar, Ruby? Nem sabia que se conheciam — Ela me encara, praticamente nem pisca.

— Nossa, isso tudo é ciúmes, Emma? — Tento provocá-la para aliviar o clima.

— Deixa de besteira e me explica logo isso.

— Eu só me encontrei com ela na saída da casa de Mary e a chamei para beber.

— E ela simplesmente aceitou? — Arqueia a sobrancelha.

— Bem, eu sou convincente quando quero, você sabe — Me olha desconfiada. — Não foi nada demais, só queria saber quais eram as reais intenções dela; ainda estava preocupada que pudesse querer fazer algo contra você — Me explico e ela parece entender.

— Não precisava fazer isso, Ruby. Regina e eu estamos bem. Depois da nossa conversa de hoje, tenho certeza que ela não faria nada. Na realidade, já há tempos percebi que ela é bem diferente do que costumam falar.

— Eu sei, pude ver com meus próprios olhos. Precisava disso, sabe? Afinal, somos somente nós duas; nos protegemos, não é? — Ela assente. — Ficou chateada?

— Claro que não; sempre nos protegemos, é o que fazemos — Ela ri pra mim e sorrio de volta.

— Tá bem, agora vou tomar um banho pra poder me jogar na cama — Começo a sair da sala, mas antes de ir, viro pra ela. — E Emma — Ela me olha. — Regina está aprovada. Já pode parar de lerdeza e investir — Falo fazendo graça e ela tenta jogar uma almofada em mim, mas saio logo em direção ao banho.

Pego o celular e envio uma mensagem.

— Você estava enganada — Envio e logo obtenho a resposta.

— Tem certeza?

— Sim, te explico tudo melhor amanhã.

Deixo o celular e vou tomar meu banho com diversas coisas em mente.


Continua...

O amor pode ser complicado (SwanQueen)Onde histórias criam vida. Descubra agora