2- Vidas são importantes?

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Ohio, 12 of august, 20:32h

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Ohio, 12 of august, 20:32h

Limpou suas mãos no tecido fino que acabara de tirar de seu bolso. Bufou pesado vendo a bagunça que havia feito ali. Os corpos literalmente mutilados à sua frente. O chão banhado em sangue vermelho que dava tesão no mesmo. Aconteceu tudo como ele havia planejado e dito a Rosie. O grupo de jovens encontraram a garota gritando em um beco sem saída, onde um deles ousava deixar a mesma nua e tiravam fotos, mostrando seus pênis na câmera e o desespero da jovem.

Quando Jungkook está com ódio, não há nada a ser feito e nada que possa impedi-lo de fazer algo. E não teriam porque impedir o que estava acontecendo ali, era ilegal, não é mesmo? Por quê se preocupariam com o que ele fazia ou deixava de fazer?

Após limpar toda sua bagunça e liberar a garota para denunciar o ocorrido, voltou para o bar de Rosie e se lavou no banheiro. Sentou novamente no banco pedindo mais uma bebida.

- Se decide o que quer ser, Jeon - franziu o cenho olhando pra amiga - Se quer ser bom ou mau. Vamos ser sinceros, com que propósito ajudaria uma garota prestes a ser estuprada?

- Não gosto de coisas que me atrapalham.

- É por isso que está demorando cinco anos pra encontrar alguém que devolveu suas asas?

Uma coisa que Jungkook amava em Rosie era sua sinceridade. A coragem da garota de julgar o anjo era incomum, ele amava isso. Gostava de ser contrariado por ela.

- Mais ou menos isso. Para todo bem existe um mau e em mim pode existir os dois - deu de ombros sorrindo incerto.

Droga, a incerteza.

Tinha toda a certeza do mundo que não era bom, mas não sabia ao certo porque fazia isso. Talvez fosse as respostas dadas muitas vezes que o fez acreditar em suas próprias palavras. Não estava sendo patético, gostava do sangue que tinha em suas mãos e ainda mais da sensação de estrangular alguém. Mas, ajudar garotas indefesas? Isso poderia ir contra todos seus planos de arruinar a crença humana.

Porque eles poderiam acreditar em milagre e em Deus quando na verdade era ele quem estava ali no lugar dele fazendo o dever que ele deveria fazer. As pessoas não entendiam que Deus não estava ali? Qual o problema delas? Se ele estivesse, claramente não deixaria homens como esses fazerem o que quiserem com qualquer mulher. Não deixaria que a morte de inocentes comandassem pelo menos 87% do mundo todo.

Deus era tolo e não entendia como as pessoas ainda o idolatravam.

- Meu pai deve estar muito ocupado trancado no quarto dele, certeza que ele não faria nada a respeito - Jeon soltou, bebendo sua bebida.

- Seu pai? Deus? Ele não era o que tinha a capacidade de fazer milagres?

- Ele tem, só não faz.

- E por quê não?

- Não sei, e quando descobrir terei algo pra usar contra ele - sorriu ladino olhando para cima - E eu sei que você está ouvindo isso.

Rosie fez careta, não era a primeira vez que via Jungkook falando olhando para o céu, talvez estivesse tentando falar com o pai. Pra ela ainda sim era muito novo. Mas diante de tudo que via, tinha mais certeza ainda que Deus não passava de um desses homens com poderes nas mãos usando eles errado.

Afinal, por que Deus existia se ele não fazia nada? Via pessoas morrendo de maneiras que poderiam ser impedidas, sempre boas. As pessoas más sempre ficando para trazer mais maldade e as inocentes... Não sabia onde. Com Jungkook aprendeu que existia sim o céu e o inferno, até mesmo o purgatório e o paraíso. Ainda sim não se deixava levar por esses pensamentos. Agora acreditava na existência de Deus mas não mantinha sua crença ou sua fé nele. Acreditava em destinos.

- Acho que toda morte tem um propósito, sabe? Talvez aquela pessoa deveria morrer quando morreu, ou aquela deveria sim sobreviver quando teve a chance. Não chamo de milagres ou obra de Deus, mas as pessoas já nascem destinadas à algo, Jungkook. E se você for alguém que esteja tirando toda a naturalidade humana? - Jeongukk a olhou em silêncio.

- Meu pai escreveu mais de 7 bilhões de livros com a morte de cada cidadão da Terra. Sim, estão destinados a morrerem em uma data, um horário exato e de uma norte exata também. Ele escolhe quem morre e quem não - Rosie fez outra careta.

- Credo, ele não deveria proteger a criação dele como dizem?

- Talvez seja um castigo - deu de ombros - Rosie, Deus em momento algum foi bom ou será bom. A fé que essas pessoas tem nele não passa de uma ficção em suas cabeças.

Jungkook se aborrecia, as pessoas morriam rápido e não aproveitavam nada. Se estivesse indo contra as regras do próprio pai, iria adorar fazer isso sempre. Salvar pessoas que deveriam morrer apenas para que ele escrevesse seus livros tudo novamente. Era divertido aliás, mas o pensamento não durou muito. Tinha muito o que fazer e o assunto poderia resultar em uma pequena discussão.

- Me diga Rosie, como ele era?

- Quem?

- O cara, o cara que estávamos atrás.

- Bom, elegante, tatuado, uma voz sedutora e onde ele passava as mulheres viram o pescoço para olhar. Ele falava diferente, sabe? Como se viesse de outra época.

- Tatuado como eu?

- Bem mais, ele tinha tatuagens até no rosto. Apelidei ele de gibi humano.

Jeon riu, essa mania dela apelidar todos que via.

- Ele fala como eu quando cheguei aqui?

- Não, ele carrega muito gerúndio, credo, é como se ele fosse um professor de faculdade de letras. É estranho.

Jeongukk assentiu pensando. Então era uma casca, poderia ser um anjo ou um demônio. Não faria sentindo um demônio devolver suas asas ou muito menos um anjo. Mas ah outra opção colocaria? Eram os únicos que tinham poder suficiente pra isso. Um arcanjo? Piada. Eles tinham suas ocupações, Jungkook era apenas um anjo caído sem muito o que fazer por mais que tivesse rótulo, achava engraçado como era rotulado toda vez que cruzava com um deles.

- "Ora, ora, um pecado capital."

Riu com o pensamento. Um pecado capital. Jeon foi rotulado como o pecado capital da luxúria, aos outros olhos o pior deles. Não ligava, gostava de chamar atenção como dito antes. Se perguntava onde estavam os outros, conhecia alguns mas nem todos e seria legal ter que bater um papo com um deles e lutarem para saber quem era mais poderoso.

Foi aí que tudo parou no tempo.

Taehyung. Taehyung era um pecado capital também e ao contrário de Jungkook, era tão bom quanto Deus foi um dia. Tinha a fama de curandeiro em uma cidade vizinha. Qual a possibilidade dele ter devolvido suas asas? Tinha uma queda por eles fazia sentido. Mas não era tatuado, poderiam estar procurando o cara errado e o cara certo ser ninguém mais ninguém menos que Kim Taehyung, o pecado da vaidade.

Não gostava de Taehyung. Em nenhum momento o agradeceria por isso ou pediria ajuda com o assunto. Mas era uma opção na lista, se não fosse logo o riscaria. Olhou para Rosie atendendo outras pessoas e limpando o balcão e se levantou deixando algumas notas no mesmo.

- Já vai?

- Vou voltar para New York, mas voltarei rápido - deu uma piscadela se retirando do bar.

Nada muito novo em New York, mas agora com os pensamentos em Taehyung teria de se esforçar para não o socar de primeira.

ANJO CAÍDO || TAEKOOK || OT7Onde histórias criam vida. Descubra agora