Capítulo 01

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Christopher Thomas

Correr! Correr! Correr!

Essas são as únicas palavras que ressoam na minha mente. Sendo assim eu corro mais e mais na minha esteira, sem me importar com o suor que escorre pela minha testa que eu não faço questão de enxugar. Mesmo sabendo que existe uma pesada e molhada toalha ao redor do meu pescoço, eu não me importo, eu nunca me importei. Tudo o que eu preciso é me livrar dessa frustração que assombra o meu peito. Minha vida atualmente está atolada na merda, e agora para mim tudo somente se resume a minha empresa. Não preciso de mais nada, não tenho motivos para me interessar por qualquer coisa. E é por isso que eu me afundo no trabalho, me submeto a viver em função disso e por mim está bom assim.

O que eu poderia fazer além disso? Nada! Nada mesmo! Toda vez que eu paro para pensar na minha vida privada eu tenho vontade de rir. Mas óbvio que não é um riso feliz, mas sim um riso de desespero absoluto. A começar pela minha família de merda da qual eu carrego todo o desespero e laços sanguíneos inevitáveis. Pode ser pecado isso o que vou dizer, mas eu os odeio! Eu os odeio tanto que nem sei expressar em palavras o tamanho do meu rancor por eles. Meus pais são dois viciados inúteis, minha irmã uma mulher que depois que se casou passou a ter amnésia sobre o seu passado. Um ex-noivo que foi um idiota completo e um traidor desgraçado.

A única coisa que posso fazer depois de ter esses tipos de pessoas na minha vida é fazer muita terapia e trabalhar o máximo que posso para poder esquecer de tudo e todos. Porra, eu poderia rir de mim se eu não fosse um homem estupidamente trágico. Sério, eu estou falando a verdade! Eu sou um completo desastre! A minha vida pessoal insistente é a prova disso, mas uma coisa boa existe sim de mim fora o meu trabalho. Não sei, pensando bem eu acho que não. Solto um bufo de irritação e aperto o botão da esteira com força a fazendo parar no mesmo instante. Puxo uma forte respiração a fim de controlar o meu coração acelerado e as mãos trêmulas.

Assim que me sinto bem o suficiente eu saio da esteira. Uso a toalha do meu pescoço pra poder enxugar o restante do suor da minha testa e meu peitoral. Bebo o restante da minha água na garrafa e sem dar um segundo olhar para o ambiente da minha academia particular eu saio. Sigo direto para o primeiro andar, indo direto para o meu quarto para tomar um banho. Antes de entrar debaixo da ducha coloco uma música relaxante para tocar. Imerso as notas músicas eu me deixo levar para água escaldante que massageia o meu couro cabeludo. Sinto uma vontade de chorar e não faço ideia de onde vem isso. Soco o azulejo do banheiro, a dor repentina faz com que eu saia dessa maré negativa flutuante.

— Eu tenho que trabalhar! Isso, eu tenho que esquecer isso e focar no que é necessário! — Falo entredentes olhando para os nós dos meus dedos avermelhados.

Tento fazer com que a minha mente entre em acordo com o que eu realmente devo fazer e termino de tomar meu banho. Vou até o meu closet e separo a roupa que irei usar para ir à empresa hoje. Já faz quase uma semana que não vou lá e fico trabalhando em casa, mas hoje a minha presença física lá será de grande importância. Não posso deixar com que Stephan feche esse acordo em meu nome, apesar dele ser o meu sócio, as suas responsabilidades com relação aos programas feitos por mim são ínfimas. E fora que eu tenho que dar o aval sobre a contratação de mais uma empresa de segurança física para o prédio. Por que sim, a segunda cibernética fica sob minha responsabilidade.

— Milos, qual a minha agenda do dia? — Pergunto a minha inteligência artificial assim que chego no quarto.

Bom dia senhor Thomas, sua agenda de hoje é... — Com isso ouço a programação do meu dia com atenção. Anotando rapidamente algumas coisas no meu celular para que eu não esqueça.

ARLON - Os Mavinus - Snown, uma familia de Ladrões - Livro 01Onde histórias criam vida. Descubra agora