𝐒𝐔𝐁𝐌𝐈𝐒𝐒𝐈𝐕𝐄

00.03

Ele olha para mim, mas, parece de alguma forma tentar recuar. Como se estivesse preso em uma corda que força-o olhar para frente. E eu estivesse puxando essa corda, forçando-o a olhar para mim. Eu sei que Kyu quer virar-se, fechar os olhos, eu simplesmente sei que ele quer. Contudo, a submissão que foi construída em si, ao longo do tempo, por ele mesmo, é mais forte do que sua vontade de negar todos os meus pedidos, por mais pequenos e inocentes que sejam. Mesmo contra sua vontade, ele olha em minha direção e mantém sua atenção em mim. Sua expressão, apesar de tensa, é satisfatória.

Os lábios bem desenhados de Kyu, tremem. Seus pés batem levemente sobre o chão e ele mexe as mãos, desconfortáveis. Contudo, não sei identificar se é pelas algemas ou se é excitação pela forma que eu falo com ele. Tratando-se de Kyu, é muito difícil decifrar as suas reações e principalmente seus pensamentos. Mesmo que eu seja experiente nisso, ele é um dos submissos mais complicados e teimosos que eu já tive. Ninguém me preparou para ele, tive que aprender e desvendá-lo sozinha. E se tem uma coisa que eu sei, é que ele sabe bem como fingir e como atuar emoções que normalmente ele não sente.

Mas, apesar de olhar para mim, mostrando todo respeito que sente, Kyu desvia o olhar. Encara de relance Jeongguk e respira fundo. Vejo seu maxilar travando e seus dentes rangendo-se por breves segundos. Para aí sim, encarar o chão abaixo de si.

— Me perdoe, senhora. Por favor, me perdoe. — Kyung faz menção de se levantar, mas, de imediato, ergo minha mão em sua direção. Com um aceno leve, pedindo para que ele se sente novamente.

— Passou dos limites, Kyuhyun. Comigo, com você e com uma pessoa que não te fez mal. Isso que você fez, é errado. Tínhamos uma relação puramente por contrato e você sabia disso desde o início dela. Eu fui a sua mentora. Eu passei uma parte importante de mim, para você. Todos os meses que ficamos juntos, como aluno e mestre, eu te eduquei. Desde o início, quando me pediu, sabia que meus sentimentos não eram recíprocos, Kyu. — Ele tenta falar novamente, mas, eu nego. Kyu se cala e permanece de cabeça baixa, mesmo que ele me olhe de relance algumas vezes.

Jungkook parece chocado demais, para simplesmente se deixar levar pelas emoções. Ele respira fundo algumas vezes, tentando entender o que está acontecendo ali, na frente dele. Parece não crer no que seus olhos veem. Tanto que ele faz questão de arregalar seus olhos redondos e bonitos, e seu peito sobe e desce descontrolado. Eu sei como se sente, mas, não é nada disso que se pode pensar.

— Haneul, por favor, não foi bem assim! — O tom de voz de Kyu muda e ele tenta sorrir, negando com veemência a respeito de tudo que eu disse e o que ocorreu. — Eu me apaixonei por você, noona. E eu nem toquei nele, não fiz nada demais a ele. Eu juro, noona.

— Não foi bem assim? Não fez nada 'pra mim? Retire o que você disse, seu filho da puta! — Jungkook toma a vez, elevando o tom de voz. Chutando ele pelas canelas. Uma ação totalmente inesperada de sua parte.

O chute não passa despercebido e Kyu o chuta novamente. Sentados e com as mãos algemadas, eles trocam chutes.

Durante essa troca de ofensas e agressões nas canelas, eu consigo ver que eles estão machucados. Jungkook tem a bochecha direita inchada, o lábio cortado. Kyu por outro lado, está com o supercílio ferido, a boca machucada, as marcas perfeitas dos dedos de Jungkook no pescoço.

O que me leva a crer que Jungoo o levantou pelo pescoço ou o arrastou por ele. Na linha de vantagem e estado físico, ele parece perfeitamente bem. Diferente de Kyu, que ainda parece extremamente machucado. Ele deve ter levado alguns socos, em áreas que não consigo ver.

— Eu sequer toquei em você. — Kyu diz. O rosto ficando vermelho pela força exercida ao chutar Jungkook e pelos gritos. — Eu não vou tirar o que eu disse, seu imbecil.