Arquivo MIN93

Um pouco de sorvete e basquete

15 de Abril, 1998
Moonhiden, Casa dos Min

Eu poderia dizer que depois desse mês em que eu estava com os Min, desde que o Jimin descobriu minha fraude, finalmente estamos em um tipo de paz. Não queremos mais nos matar ou nos livrar um do outro o tempo inteiro, estava se tornando uma relação mais amigável.

Nós nos demos a liberdade de nos encontrarmos em lugares diferentes que não fosse a casa do Park, passamos a andar pelas ruas de Moonhiden, e naquele momento estávamos nos encontrando na sorveteria que eu tanto gostava, para conversar sobre o próximo passo do plano dele, já que ninguém aparentava ser suspeito, na minha opinião.

Tínhamos acabado de pedir os nossos sorvetes no balcão, e eu já podia ver o senhorzinho, dono do lugar, e uma moça mais nova, preparando os nossos pedidos. O lugar era tão pequeno e tão confortável, que eu podia sentir o geladinho dos freezers apesar da distância.

Quando as sobremesas chegaram eu me senti a pessoa mais feliz do mundo com a minha taça de três bolas, uma de cada sabor: café, morango e chocolate. Bem diferentes, duas caldas: caramelo e chocolate, mais outros enfeites de bala e frutas. O oposto do Jimin, que estava com apenas uma mísera casquinha de baunilha, parecia já super satisfeito com isso.

Em momentos assim consigo perceber melhor como somos completamente diferentes, não que normalmente eu já não note, mas no quesito comida a diferença é gritante.

— Você é tão sem graça — resmungo olhando para a sua casquinha, coloco uma mecha da minha franja para trás da minha orelha — nem o sorvete escapa.

— Pelo menos eu não vou morrer antes dos trinta — ele olhou julgando o meu super sorvete.

Nós não tínhamos parado com a implicância e de mandar indiretas um para o outro, só aprendemos a levar tudo mais na esportiva, afinal teríamos que nos suportar por bem ou por mal.

— Esse é o preço para a felicidade, meu jovem — brinquei, dando uma colherada na taça — do que adianta morrer com oitenta anos e não ter comido uma maravilha dessas direito.

Ele revirou os olhos se esforçando para esconder um sorrisinho, ocasionado pelas besteiras que eu falava, e voltava a prestar atenção na revista que ele tinha pego na entrada.

— Aconteceu alguma coisa diferente? — ele perguntou, mesmo já sabendo a resposta. Eu suspiro, desanimado em contar nada novo, como sempre. Sentia como se estivéssemos empacados no mesmo lugar, o Jimin dizia que tinha um plano, porém nunca fizemos algo diferente.

— Não, nada — larguei o meu sorvete para poder me encostar totalmente na cadeira, demonstrando como essa situação me deixava frustrado, ele também não escondeu o próprio descontentamento — Estamos apenas arrumando mais coisas para o casamento, vamos à missa e voltamos. Depois mais uma semana sem nada especial começa!

— Os Min são decepcionantes, não é?

— O problema não são eles. Eu recebo atenção, presentes e palavras de carinho, eu não podia pedir algo melhor — analiso, animado com a minha situação atual — Mas eu realmente quero andar com a investigação, sinto que estamos empacados.

Ele sorri de uma forma estranha, como se estivesse esperando que eu falasse isso, tinha certeza que o Jimin já estava aprontando alguma coisa.

— Pode ficar tranquilo, hoje eu vou cumprir a minha palavra de te levar para conhecer os outros amigos da Yoonji — Isso me surpreendeu, o Park não falava muito dos outros, pensei até que ele tinha esquecido.