V. O encontro

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Aquele domingo realmente não tardou em passar. O tempo parecia querer que eu, na noite daquele dia, me encontrasse com aquela garota.

-Maldito!

Eu ainda estava na casa de Gabriel. Eu em corpo, porque a mente deleitava-se em um universo em que, com Julie Hans, vivíal um verdadeiro sonho americano. Foi uma vida inteira em alguns minutos. Ao passo de trinta segundos já havíamos nos casado; em um minuto e quinze, o primeiro menino; um minuto e quarenta e dois, viagem à Paris. A torre Eiffel era realmente linda. Em minha mente, claro. Aos dois e vinte e três minutos, nascia o nosso segundo filho. Depois disso, fui obrigado a despertar da minha frutífera imaginação. Müller atentou-me para a hora. Eram quase seis. O encontro com Julie Hans estava marcado para as seis e vinte. Era um piquenique. De noite. Não sei vocês, mas eu estranhei o horário escolhido pela moça. Piquenique à noite? Incomum, certamente. Mas talvez fosse essa uma das belas particularidades que ela deveria ter para com outras.

Fosse noite, dia, tarde, madrugada, amanhecer. Não importava. Estaria lá desde que ela, alí, se encontrasse.

Ela teria ido de vestido? Calça? Short? Com certeza não devia estar de calça. Não faz sentido, mesmo para um piquenique à noite, ir de calça. Eu vestia uma blusa bastante confortante e um short xadrez, estilo escocês.

Já estava bastante próximo do local combinado, quando meu celular tocou. Era minha mãe. Queria saber o motivo de à tempos não retornar as suas ligações. Ora, estava ocupado. E ainda mais com essa garota a qual esperava rever naquela noite. Desliguei o telefone e segui minha trajetória ao encontro da moça.

Ela estava lá, linda como sempre. Estava de calça. Um pano com pouco mais que vinte metros de perímetro acomodava-a. Era um pano com uma decoração semelhante ao  que trazia em meu short. Havia um cesta de palha, encoberta por um pano branco. Possivelmente contendo comida em seu interior.

Julie me recebeu com um beijo no rosto. Foi a primeira vez que senti seus lábios sobre minha pele. Beijo molhado. Era algo realmente entregue com gosto. Sentei ao seu lado e passamos à dar início aos rituais festivos do piquenique noturno. Em um momento oportuno decidi-me a questionar sobre a ideia de um piquenique à noite.

-Julie, fiquei surpreso com a proposta de um piquenique nesse horário. Talvez por ser incomum. No entanto, adianto que me agrada estar aqui.

-Veja à sua volta. Estamos à sós. Nas manhãs de domingo as pessoas realizam piqueniques no intuito de ter uma proximidade com a natureza. Mas um parque com poluição sonora em fator do exorbitante número de pessoas também não é algo natural. É por isso que freqüento esse lugar apenas à noite. E também é por isso que lhe adiantei o horário escolhido.

Ela era linda, em seu discurso. Era linda de alma. Linda de cara. Linda de tudo. Não conseguia deixar de notar as mudanças em sua feição causadas pelo discurso fortemente elaborado em conduta com a relação entre a vida da natureza e a humana. Eu, com a cabeça, concordava com tudo o que ela me dizia.

Não sei se já os informei, mas Julie Hans era uma daquelas defensoras do meio ambiente, das causas sociais, da opressão, e tudo nesse âmbito. Se preocupava com o mundo. Inteiro. Eu compartilho dessa sua ideia. Também acho necessário as políticas sociais, ambientais e o que mais poder promover a humanização social. Aprendi muito ao longo do tempo que estive com Julie Hans, garanto. Verá que fui bastante moldado quanto à isso ao longo de meus relatos. Apesar de tudo, ainda sou grato pelo que essa moça me deixou, mesmo arrancando meu coração. Deixo, então, para o próximo capítulo a continuação de meu primeiro encontro com Julie.

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⏰ Última atualização: Mar 19, 2015 ⏰

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