VI. Sobre as aventuras de Müller

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Como bem sabe tu, havia, eu, adiantado que reservaria um capítulo desse ebook para descrever as aventuras amorosas de Müller. Nada melhor que aproveitar um dia de domingo sem muita aventura para aprofundar o grotesco caráter desse meu amigo ante as mulheres com quem sai. Deixo, assim, as palavras de Thomas, que serão mais bem precisas quanto a veracidade,  ou não, dos fatos

-Pois eu lhes digo, houveram muitos casos engraçados desde o meu primeiro encontro com uma mulher. São casos sérios, e engraçados. Houve uma vez, por exemplo, em que saí com uma moça chamada Ana. O sobrenome não me vem à cabeça no momento, ou talvez não o tenha em memória. Mas isso pouco importa. O importante é que saibam seu primeiro nome. Talvez nem seja importante sabe-lo. O que ocorreu foi que convidei essa moça à um encontro em um bar. Fomos no sábado, ou no domingo, à esse local que trazia nos letreiros o nome, ou número, "9at0". Era novo. Acabava de ser aberto, na esquina que levava à praça da Matriz.

Já no bar, acomodei-me em uma das mesas de um tipo de metal um estranhamente mais brilhante que os quais meu estava acostumado à  deleitar-se. Nesse bar havia um tipo de caraoque. Os " cantores" iam desde uma dona de casa à um mendigo que calava sua miséria com alguns goles de álcool. Mas  não foram apenas esses que participaram da "brincadeira". Depois de algumas garrafas de whisky, a mulher com quem estava não era mais a mesma. Subiu em cima da mesa, convidou-me à dançar próximo ao banheiro feminino. Vômitos. Passou quase quinze minutos no banheiro. Quando voltou estava ainda mais agitada. Não se contentou com minha imagem estática e pôs-me à frente do microfone do caraoque. Eu, entretanto, insisti para que ela iniciasse o canto. Saí daquele pesadelo assim que ela cantou o primeiro refrão da música a qual não me recordo. Ficou lá, cantando, bêbada, com o mendigo. No outro dia, recebi uma mensagem dela questionando-me sobre como ela foi parar na calçada do bar, ao lado de um mendigo.

- Essa não foi a única ocasião à qual tive a necessidade de escapar. Sabe como são mães, não? Saí um dia desses com uma, tinha um garoto de seis e uma menininha de cinco anos. Em verdade, gostava bastante da mocinha. Ela vestia-se como uma bailarina ou uma princesa. O garoto, no entanto, era o diabólico. Uma vez tentou me fazer ingerir urina, a qual foi fabricada e introduzida pelo próprio moleque. Mas o grande problema não era o menino, mas sim a mãe dele. Quando saímos pela quinta vez passei a olhá-la como realmente essa escondia ser. Era estérica. Superprotetora. Tratava-me, as vezes, como se eu fosse um de seus filhotes. Não simpatizei como esse seu comportamento. Ao passo que ela saiu para atender o telefone, fiz-me até a porta do restaurante em que estávamos e saí. Teria deixado algum dinheiro, como bom cavalheiro que sou, para que ela pagasse a conta. Entretanto, não quiz arriscar me encontrar frente à ela e ter que dar continuidade aquela noite.

-Já cheguei até mesmo a sair com uma ambientalistas. Essa era tão preocupada com as árvores e animais que chegeui a questioná-la por que não trocara a vida urbana pela florestal. Uma semana depois recebi uma carta agradecendo-me e, em anexo, uma foto da moça ao lado de alguns indígenas. Afinal, acabei ajudando-a, não?

- Foram muitas mulheres. Aqui não cabe nem metade do que se passou em minha vida. Ficam essas nesse domingo. Num outro, talvez, conte-lhes de como fiz para engordar uma modelo estadunidense.

Meus dias com elaOnde histórias criam vida. Descubra agora