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𝐏𝐫𝐨́𝐥𝐨𝐠𝐨

  Houve um tempo onde nem sequer o tempo sabia sobre o tempo. Antes dos conceitos, antes do básico, o conhecimento absoluto e a república platônica de filósofos sequer era uma no vasto conhecimento do mundo idealizado.
  Nesse minúsculo longínquo espaço de tempo, haviam as três donas do nada, as três cuidadoras da sala vazia que em postura futura seriam a própria eternidade absoluta do vazio, a criada Babilônia sem chão, sem teto, paredes; um teatral comércio tedioso de um falso jogo de xadrez orquestrado por suas próprias mãos.
  Estas três, por si só, eram as mandantes do que, futuramente, se conhecera como terra, ar, céu, o complexo e completo espaço e inexistente tempo.
  Teus nomes, tão fúteis que somente os próprios crentes hão de dar-lhes.

  Cháos.
  Iremía.
  Oudéteros.

  Figuras tão desprovidas de imagem, que tampouco rainhas e reis, mandadas pelo senhor, tampouco o próprio clero, sequer havia a fertilidade imaginária capaz de desejá-las em imagem.

  O que não passava pela cabeça onipotente de ambas três belas irreparáveis, seria sua quarta irmã.

  Thánatos.

  A maior, mais velha e desconhecida, abalou o equilíbrio profundo secular das raparigas criando a mulher. De seios fartos, silhueta de nuvem e cabelos escorridos e, contudo, além de falível, mortal.
  Vindoura de sua imagem e perfeição, Thánatos divide o quarto com mais um ser efêmero, o homem.
  Sem para onde irem, Thánatos cria a Terra, o universo, o céu, as estrelas e nomeia cada uma delas, para abrigar aquelas duas criaturas finitas e sem nome.

  As irmãs, tomadas pelo egoísmo, brigam pela Terra, mas cada uma cria seu próprio reino desgraçado como um acordo para que se estabelecesse a antiga e tranquila paz da antiguidade com seus novos moradores.

Cháos, agora cuidava do seu próprio reino obscurecido. Kólasi, onde os injustos se separam dos justos, e encontram sua justiça dolorosa.

Iremía, agora cuidava do seu próprio leito. Paradéisos, onde os verdadeiros merecentes do melhor se encontravam para o gozo eterno.

Oudéteros, a justiça, tinha sua balança, onde recebia os mortos recém chegados e, por fim, os direcionava ao sofrimento ou ao paraíso. Proávlio.

Por fim, Thánatos, que recebe a Terra, o local de convívio animalesco para teus bens, e o cuida, levando aqueles que tem seu tempo e deixando os que merecem mais tempo.
 

  Assim nasce a humanidade, pelo confronto descontrolado do egoísmo do Divino, que não vos abandona, mas sim nos apodrece com suas próprias preces.

Lacrima Christi: Mandante do enfermo Onde histórias criam vida. Descubra agora