Prólogo

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"Então, você é gay?"

Os olhos de Jihyo estavam apertados quando ela acena levemente a cabeça.

A sombra do sol de cinco horas risca a face de Daniel e começa a irritar a sua pele. "Você sempre foi gay, ou..."

Uma lágrima escorre do rosto dela com a pergunta. Dois braços fortes envolvem sua cintura e ela cai contra o peito de Daniel em um soluço abafado. "Hey, está tudo bem, sabe? É... sim, não... está tudo bem."

"Não está bem." Ela soluçou em sua camisa e apertou um pedaço do tecido, segurando-a firmemente, enquanto as lágrimas escorriam por seu rosto. Um pensamento mesquinho por trás de sua mente a manteve lembrando o quão egoísta estava sendo. Ali estava ela, rompendo com Daniel com o adicional de insulto e injúria por lhe contar que sempre fora lésbica durante todo o tempo em que estiveram juntos. E ao invés de estar o confortando com isso, acontecia o contrário. Com esse pensamento lhe cutucando no estômago e a culpa que lhe invadia, ela recuou enxugando as lágrimas enquanto sentava reta na cama.

"Me desculpa, Daniel." ela murmurou enquanto enxugava os olhos. "Eu não deveria ser a única a chorar e ficar lamentando, é só que..."

"Hey, olha, eu entendo." Ele esfregava a palma das mãos na frente do seu jeans. "Umm, ser gay não é fácil ou qualquer coisa do tipo. É legal, na verdade."

Park bufou em meio a uma risada sem humor, porque a declaração soou mais condescendente do que simpática, mas ela sabia que Kang não queria dizer aquilo daquela maneira. "Obrigada, Daniel."

Ele balançou a cabeça, lançando um aceno positivo com o polegar e um sorriso de lado. Dessa vez ela riu e sentiu um pouco mais de dor, porque, apesar de todos os defeitos, Kang Daniel era um grande cara e faria uma mulher feliz um dia.

"Então, e agora?" Perguntou, recostando-se novamente na cama.

Jihyo mordeu o lábio inferior, ainda incerta. "Eu realmente não sei."

"Quero dizer, você gostaria de sair do armário ou algo assim?"

"Deus, não!" Ela quase teve um ataque do coração só de pensar. "Eu já sou uma perdedora na escola, não posso ter ninguém lá sabendo que sou lésbica." Seu olhar era alarmado enquanto o mirava. "E você não pode dizer a ninguém, Daniel, me prometa."

"Sim-não, definitivamente. Eu não vou contar."

Ela assentiu e se virou para olhar as paredes amarelas do seu quarto. Suas mãos se mexiam nervosamente em seu colo e ela as apertou, espremendo-as entre as coxas numa tentativa de conter o tique nervoso.

Daniel foi passando a mão entre os cabelos negros e ajeitando-se na cama, quando perguntou: "Você já beijou alguma garota?"

Ela abaixou a cabeça, um rubor envergonhado lhe tomando a face. "Nunca."

"Bom, e como você sabe que é gay?" Sua face estava assustada quando ele diz isso. "Espere— você não gostou de fazer comigo e decidiu— Eu não te tornei gay, tornei?"

Ela pressionou a mão na boca e riu, sacudindo a cabeça. "Não, Daniel. As pessoas não se tornam gay— nós nascemos assim, ou... nos descobrimos."

Ele balançou a cabeça em aprovação ao que ela disse, apreciando saber que não foi ele que a tornou lésbica, porque, ouch, ninguém precisa disso em seu histórico de vida. Ele se virou novamente para ela "Alguma vez você já se viu desejando isso, você sabe, beijar uma garota?"

Seus olhos se arregalaram comicamente quando ela olhou para ele. "Eu não— Eu realmente não sei como responder a essa questão."

O canto dos lábios dele se elevaram em um sorriso divertido. "É sim ou não, Jihyo."

"Bom, suponho ter pensando nisso uma ou duas vezes." Suas mãos de alguma forma tinham saído de onde estavam presas e começaram a se mexer novamente, enquanto ela olhava para qualquer lugar, menos para ele.

"Quem era?" Perguntou curioso.

Ela puxou a borda de sua saia. "Não há ninguém realmente."

Daniel se virou para ela ansioso. "Posso adivinhar?"

Aquele era um jogo perigoso e ela não pôde evitar levantar-se.

"Provavelmente é melhor que não." Ela andou a esmo ao redor do quarto, parando em frente à mesa de estudo.

Ele se levantou também, hesitante, andando em sua direção. Os cabelos dela tinham caído ao longo do rosto, sob seu olhar, e ele estava a poucos metros de distância, não gostando do fato de não poder ver sua face. "Hey, você ficou desconfortável, me desculpa."

"Não, este não é o problema." Ela colocou o cabelo atrás da orelha e ele respirou aliviado em poder ver seu perfil.

"É alguém que eu conheço?" ele perguntou em tentativa.

Ela suspirou, apoiando as mãos sobre a mesa. "Sim, Daniel."

O garoto se aproximou um passo. "É a Nayeon? Porque eu sei que vocês duas são próximas, e ela é meio que sua única amiga ou algo assim. E, quero dizer, eu lembro de você me contando que ela cantou I Kissed a Girl em sua audição para o clube do coral, mas—"

"Não é a Nayeon." Disse cuidadosamente.

"Momo?"

Ela balançou a cabeça negando.

"Hum, Dahyun?

Negou novamente enrugando levemente o nariz.

Daniel fez uma careta. "Nós não temos qualquer outra garota no clube do coral."

"Nós temos—" ela respirou fundo, tentando não ter um ataque. "Nós temos exatamente três ex-membros do clube a partir de agora."

"Mas, essas seriam— essas são—" As sobrancelhas dele se ergueram ao longo de sua testa branca. "Essas são as líderes de torcida."

A mão de Jihyo tremia enquanto tentava pegar a caneta sobre a mesa, tentando soar indiferente. "Você está certo."

"Isso significa que pode ser... Mina, Sana ou Tzuyu."

Ela lambeu os lábios nervosamente. "Uh huh." foi tudo o que conseguiu expressar em voz alta, de maneira precária, porque ele estava tão próximo de acertar e ela sentia que iria desmaiar se/quando ele finalmente o fizesse.

Ele enfiou as mãos nos bolsos, olhando ao redor do quarto antes de voltar os olhos para a morena. "Foi Sana?"

"Não foi."

Ele não disse nada por um longo tempo. E nesse período Jihyo pediu em silêncio para que ele parasse, porque nenhum dos dois estava pronto para chegar onde essa conversa os estava levando. Ela já tinha deixado cair sobre ele uma enorme bomba hoje, ele não precisava de outra, sequer ela estava pronta para outra.

"Foi... foi Tzuyu?" ele perguntou, praticamente implorou e os olhos dela se fecharam com força porque não era a mais alta e ela gemeu internamente por ter que responder à pergunta.

"Daniel, nós realmente não precisamos fazer isso." ela assegurou e se afastou da mesa para olhar para ele. Forçou um sorriso largo e juntou as mãos à frente, como se quisesse mostrar que não tinha nada a esconder. "É bobagem de qualquer maneira. Eram apenas pequenos e frívolos pensamentos que não significavam nada e não significam nada—"

"Foi a Mina?"

A sentença terminou com um distorcido ruído de surpresa e audácia de já saber a resposta, mas perguntar ainda assim. Ela assentiu levemente, apenas uma vez.

Adptação ilegal - que portas podem abrirWhere stories live. Discover now