Capítulo 3: Negação

2 0 0
                                    


Um ano depois

Mota lia atentamente o pergaminho que havia recebido no dia anterior do representante das fadas campestres, Tiwlip e para o horror das suas suspeitas também estava escrita a mesma mensagem que já havia recebido dos demais líderes, sendo um recado que as terras feéricas em diversos pontos não estavam produzindo alimentos como era o esperado.

O gnomo se arrumou desconfortavelmente na cadeira da biblioteca, depois enrolou o pergaminho e piscou lentamente na luz amarelada que vinha das estalactites no alto do teto abobadado do recinto, após isso sua visão percorreu o ambiente em busca de alguma solução imaginária para os rumores que se espalharam por Goedwig.

A biblioteca das fadas fora construída para ser um dos ambientes mais bem protegido depois dos aposentos reais e posto diversos encantamentos para ter sua capacidade física de espaço aumentada, sendo que existiam tantas estantes de livros feitas de mogno marrom até o teto, mesas de tamanho variado para os diversos tamanhos de fadas e até mesmo uma fonte central esculpida em um formato de cerejeira com diversas pássaros em seus galhos, a qual jorrava água de seus picos para cair em um espelho d'água circundado por cogumelos feitos de pedra para conter a água.

E mesmo naquele ambiente tão querido pelo gnomo, acabou que sua mente não chegou em nenhuma conclusão que não fosse levar tais assuntos para a rainha que no momento não escutava nenhum dos seus conselheiros ou amigos, sendo um dos períodos mais instáveis que Toula apresentou desde que assumiu a coroa do reino das fadas

— O que pensas, Conselheiro Mota? — uma voz ecoou pela biblioteca chamando atenção do gnomo para a única porta de entrada.

— Que tempos sombrios aguardam nosso povo, Enobel. — respondeu Mota ao voltar sua atenção e reconhecer a pequena fada que se aproximava da mesa.

— Sua preocupação é por causa do tratado de paz que nossa rainha está começando a forjar com os humanos ou pelo fato dela estar agindo sem o consentimento dos conselhos? — indagou novamente a fada ao terminar de se aproximar da mesa e sentou em uma das cadeiras.

O macho olhou brevemente para as penas azuis do corpo em formato de pombo da outra fada que na claridade opaca elas apresentavam um brilho esverdeado.

— Não somente isso minha querida Enobel! — exclamou Mota ao começar juntar os pergaminhos e os enrolar. — O tratado de paz é um dos fatos que menos está me preocupando no atual momento... Acredito que já deves ter chego alguns rumores em seus ouvidos que diversos pontos do reino não está produzindo mais nenhum tipo de alimento.

— Fiquei sabendo desses boatos, Conselheiro. — disse Enobel. — As fadas do nível palaciano e das cavernas moradias no interior do castelo só falam disso nos últimos dias, sendo que também estão horrorizadas com a proposta da Toula.

Os pergaminhos foram organizados e Mota os trouxe para próximo de seu corpo.

— O que realmente deseja falar comigo? — indagou o pequeno macho ao voltar novamente sua atenção para a cortesã real da rainha. — Não acredito que tenha vindo até a Grande Biblioteca apenas para jogarmos conversa fora, Enobel...

Mota deixou a frase morrer ao notar os olhos vermelhos da fêmea se estreitaram.

— Quero fazer um pedido se possível gnomo. — Enobel pediu e deixou sua voz soar de uma forma diferente na última palavra. — É do meu conhecimento dos níveis mais baixos do castelo que o atual reinado da Toula está deixando muitas fadas desgostosas com a situação que estamos adentrando, sendo que esse tratado de paz está criando um sentimento muito horrível para a imagem de nossa rainha. Bem, o que estou tentando dizer ou pelo menos pedir é que tente colocar razão nos pensamentos de nossa menina, Mota.

Crônicas das Fadas - Prelúdio da CoroaOnde histórias criam vida. Descubra agora