Tons de Azul

O BAR

Nosso novo apartamento está uma bagunça e eu sei que se depender da Cristina as coisas permaneceram do jeito que estão. Então eu começo a desempacotar as caixas, tirar os plásticos dos móveis, limpar e aspirar o lugar inteiro e claro que enquanto eu arrumo ela fica deitada lendo no sofá.

- Acho que vou dormir um pouco, quando terminar de fazer isso me acorda. - Diz ela se espreguiçando no sofá.

- É sério que você não vai me dar nem uma ajudinha? - Pergunto na esperança de que ela desista dessa ideia de dormir e venha me ajudar a terminar de arrumar.

- Seríssimo. - Ela diz já se preparando pra dormir.

Eu não me surpreendo pois no fundo eu já estava esperando por essa resposta mesmo, então eu vou me apressando pra terminar de limpar tudo, preciso terminar o mais cedo possível porque ela disse hoje de manhã durante a nossa mudança que iria me levar para um lugar muito divertido à noite. Estou animada, adoro sair com ela.

*****
Estamos nos arrumando, Cristina já fez o cabelo, ela está com seus lindos cachos soltos e cheios, com uma calça jeans preta, uma blusa cinza, um salto preto baixo e uma jaqueta vermelha escura que fica belíssima nela. Eu terminei meu cabelo agora, fiz algumas ondas com o babyliss para contornarem meu rosto e o deixei solto. Abro meu guarda-roupa e pego uma blusa de manga longa lilás e minha calça jeans escura cintura baixa e vou com minhas sapatilhas mesmo. Estamos com esses trajes porque Cristina me avisou quando começamos a nos arrumar que era pra ir com roupas normais, não precisava de grandes saltos altos e um longo vestido, apenas a básica calça jeans.

Assim que saímos do prédio eu senti um frio imenso e tive que voltar correndo para o apartamento para pegar uma jaqueta ou algo para me esquentar. Decidi pegar minha jaqueta marrom clara. Estou saindo do prédio novamente e paro em frente a portaria para que a gente possa chamar um táxi pra levar a gente até o local, até que Cristina diz:

- Não precisamos chamar carro nenhum, o lugar fica daqui a duas ruas. - Nós seguimos pelas duas ruas até que a gente chega no local, é um bar bem aconchegante, com uma escada para baixo onde dava acesso a porta. Assim que entramos fui surpreendida por dois outros amigos meus que também estavam lá. Corro até eles e os abraços.

- Meu Deus! Que saudades de vocês. A Cristina que combinou tudo?

- Sim, ela falou com a gente ontem a noite e como estávamos sem nada programado pra hoje viemos. - Respondeu Kate

- Eu vou pegar mais uma cerveja e depois vou conquistar alguma menina na pista de dança... - Disse Alex se divertindo. Alex é a pessoa mais próxima de um irmão que eu já tive. Nos conhecemos desde a primeira série do ensino médio e desde lá nunca nos desgrudamos.

- Meu Deus, você não mudou nadinha - Cristina disse dando um soco no ombro dele. - Acho que eu vou buscar meu veneno junto com você.

Nós rimos e então ficamos só eu e Kate. Eu adorava Kate, eu a conheci no mesmo tempo que Alex. Kate tem cabelos ruivos muito bem hidratados - muito invejados na nossa época de escola, e aposto que as pessoas da rua ainda ficam encantadas - alta, com lindos olhos azuis e um sorriso perfeito. Ela é a mais velha do grupo. Enquanto eu e Cristina temos 22 anos e Alex 23, ela tem 26. Ficamos conversando por alguns minutos enquanto Cristina e Alex se divertiam e bebiam na pista de dança. Depois de algum tempo conversando com Kate, decido ir ao banheiro para retocar a maquiagem, levanto da mesa e vou seguindo em direção ao banheiro. O bar está lotado, tem gente comendo, bebendo, namorando, jogando e até fazendo outras coisas que eu sou incapaz de dizer aqui.
Enfim chego no banheiro, estava distraída com todo o barulho e as pessoas em cima de mim que nem me dei conta que estava abrindo a porta do banheiro masculino. Assim que ela se abriu um homem estava lá dentro lavando as mãos. Por uns 5 segundos eu fiquei sem saber o que fazer, fiquei apenas o encarando e ele me devolvendo o olhar na mesma intensidade. até que eu disse:

- Desculpe, acho que eu troquei as portas do banheiro. - Eu falei rindo, estava nervosa demais, não sabia se ria ou se saia correndo dali.

Enquanto eu pensava todas essas coisas o homem continuava me olhando. Até que eu decidi entrar no banheiro feminino quando eu senti uma mão segurando meu braço, uma mão quente e grande tocando a minha pele. Naquele momento eu senti uma energia percorrer meu corpo até eu perceber que era apenas uma mão e que eu não deveria estar sentindo isso. Mas eu estava. Então eu olhei pra trás e o homem estava atrás de mim, ainda me encarando.

Quando eu virei completamente pra ele, ficando frente a frente com ele, se aproximando cada vez mais até ficar tão perto ao ponto de conseguir sentir sua respiração na minha pele. Eu estou sentindo uma adrenalina percorrer meu corpo inteiro, eu nunca tinha me sentindo assim com ninguém antes. Essa intensidade, essa tensão no ar, está fazendo meu coração bater mais forte, tão forte que a única coisa que eu consigo ouvir agora é a nossa respiração e o meu coração batendo. Quando eu me dou conta ele me puxa para si agarrando minha cintura com tanta firmeza que eu não tenho nem tempo de pensar no que eu estou fazendo. Eu entrelaço meus braços em seu pescoço, subindo a mão pelo seu cabelo e agarrando-o com força, no momento em que eu firmo meus dedos em seu cabelo ele me beija com tanta vontade que parece que nos conhecíamos há anos. Estamos entre o banheiro masculino e feminino, qualquer um pode chegar a qualquer momento, mas eu só consigo pensar nas mãos dele passeando pela minha cintura, e na sua língua tomando conta de cada espaço da minha boca. Ele me prende contra a parede, levantando meus braços, fazendo-os ficarem em cima da minha cabeça e me olha nos olhos, ficamos uns 10 segundos nos olhando e respirando um sobre a pele do outro e ele desce o rosto até alcançar o meu pescoço, ele respira perto da minha orelha e eu fico paralisada com a sensação incrível que ele está causando em mim, minha pele está arrepiada, e meu coração está batendo mais forte ainda. Quando ele ia beijar o meu pescoço um grupo de pessoas se reunem fazendo uma fila no banheiro. Ele me afasta e pergunta:
- Você está bem? - Eu faço que sim com a cabeça, meu cabelo está todo bagunçado e eu estou ofegante. Ele vai embora, eu corro até a parede que divide o resto do bar do banheiro, coloco minha cabeça pra ver pra onde ele vai e ele simplesmente deixa um dinheiro na mesa e sai do bar.

Eu espero a última pessoa da fila sair do banheiro e entro o mais rápido possível, estou em choque, não consigo processar o que aconteceu. Me olho no espelho e percebo que estou com o cabelo todo despenteado, ajeito ele com os dedos fazendo com que fiquem mais arrumadinhos. E fico me olhando no espelho, ainda respirando muito forte, mas tinha que me recompor e voltar pra mesa, Kate já estava esperando por muito tempo. Saio do banheiro e vou de encontro à ela, sento na cadeira.

- Menina, que demora foi essa? Foi refazer a maquiagem foi? - Eu rio nervosa lembrando das coisas que acabaram de acontecer.

- Estava uma fila enorme no banheiro.

- Pensei que estava se agarrando com alguém - Eu fiquei pálida nessa hora, e só fiz fazer que não com a cabeça e rir.
Já são quase 23h e eu preciso ir pra casa, amanhã minhas aulas da faculdade voltam, este é meu último período, logo logo irei me formar. Eu curso Literatura Inglesa, sonho em me tornar uma grande escritora algum dia. Puxo Cristina da pista de dança, ela já está totalmente bêbada, então eu chamo um táxi para nos levar até em casa. Nos despedimos de Alex e Kate, e ficamos conversando por mais alguns minutos esperando o carro chegar.

Coloquei Cristina na cama e fui pro meu quarto. Tomei um longo banho, depois deitei na cama e fiquei pensando no cara do bar até cair no sono.

Continua...
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