Capítulo 48

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32. Sequelas.

Acordo sozinha no quarto dele. Eu não lembro de nada de ontem.

- Como você se sente? - pergunta saindo do banheiro.
- O que aconteceu?
- Você não lembra?
- Eu não lembro como vim parar aqui.
- Eu trouxe você. - senta na cama - Acho melhor você ver o que postaram sobre nós.

Pego o celular no mesmo instante.

- E se isso chegar no seu pai? - pergunto.
- Não vai.
- Como você tem certeza disso?
- Não falaram que a festa foi aqui.
- Mas falaram que era sua festa e tinham drogas.
- Não vai acontecer nada.
- O Travis não falou nada?
- Ele quer me ver. - diz com uma voz preocupada - Você vai comigo, não vai?
- Você quer que eu vá com você?
- Eu não quero que você fique sozinha.
- Eu vou ficar em casa.
- Da última vez que eu deixei você dormindo em casa, você apareceu sangrando.
- Eu não vou sair de casa dessa vez.
- Promete que vai me mandar mensagens de meia em meia hora?
- Prometo. - sorrio.

Ele me beija e sai do quarto. Mas antes de sair, sobe com todas as bebidas que ainda tinham na casa e esconde no quarto de visitas.

- Por que você isso? - caminho até o corredor.
- Eu prefiro que você não fique perto delas. - desce as escadas novamente. Desço atrás.
- Eu não sou uma viciada.
- Eu sei. Desculpa.
- Tanto faz.
- Eu preciso ir. - me beija - Eu amo você. - abre a porta.
- Pra sempre?
- Pra sempre. - sorri - Não esquece das mensagens. - fecha a porta.

Como ficaria um bom tempo sozinha, decido organizar a casa. Um cômodo por vez. Começo juntando os lixos maiores espalhados pelo chão, depois varro e passo o pano.

Eu já estava cansada, mas só faltava limpar a piscina. Sento para descansar e em um momento de distração, vejo uma garrafa de vodka perto das plantas. Era a mesma de ontem.

- Não. - digo à mim mesma.

Tento me concentrar voltar a arrumar, mas tudo parecia ser motivo para beber o que ainda tinha naquela garrafa.

- Um pouquinho só não faz mal. - continuo - Eu limpei tudo isso sozinha.

Tomo um gole e volto a limpar.

As coisas pareciam estar sob controle, mas eu estava bebendo um gole à cada lixo juntado no chão.

Em poucos minutos, eu já estava bêbada e apagada na cadeira ao lado da piscina.

- Rachel? - ouço uma voz que parecia vir de longe - Babe, o que aconteceu? - perguntava enquanto me sacudia.
- Eu me sinto cansada. - respondo sem esforço algum.
- Você bebeu de novo?
- Não.
- Você parou de me mandar mensagens.
- Eu estou bem.
- Não, você não está. - me pega no colo - Eu vou levar você ao quarto agora.
- Eu acho que eu vou...
- Você vai o que? - me vê tapando a boca com as mãos - Merda! - diz correndo para o banheiro que tinha ao lado da cozinha.

Eu fico vomitando por muito tempo, tempo suficiente para que o meu estômago começasse a doer.

- O que você está fazendo com você? - pergunta ainda segurando o meu cabelo.
- Eu sinto muito. - digo chorando.
- Você consegue ficar sozinha? Eu vou pegar água pra você. - continuo vomitando - Se sim, faz algum sinal com as mãos. - faço o sinal - Tudo bem. - sai do banheiro.

Acabo dormindo, ou desmaiando, enquanto estava sentada no chão em frente ao vaso. Eu estava muito fraca para conseguir levantar de lá.

- Jae? - diz Christopher entrando na cozinha - Tudo bem?
- Não. - responde com voz de choro.
- Calma.
- Só não me pede pra ficar calmo agora.
- O que aconteceu?
- A culpa foi minha. - diz segurando a garrafa vazia - A culpa sempre é minha. - ri - Você tinha razão, eu realmente afundo todo mundo comigo.
- Jaden, do que você está falando?
- Por que eu sou tão burro? - arremessa a garrafa de um lado cozinha para o outro - QUE SE FODA!
- Onde a Rachel está?
- Ela bebeu, pai. - caminha até o banheiro - Eu acho que ela pode estar viciada nisso e eu não sei o que fazer. - diz chorando - Eu acho que a gente precisa de ajuda.

Foi a única parte da conversa que eu consegui ouvir antes de apagar novamente.

As horas pareciam ter parado e quando eu acordei, era como se ainda estivesse no banheiro tirando um cochilo de cinco minutos.

- Tudo bem? - ouço ele falar ao meu lado.
- Eu só preciso ir ao banheiro. - levanto - Por que a minha cabeça dói tanto?
- Você não lembra de novo?
- Eu me sinto fraca. - sento na cama novamente.
- Você bebeu de novo.
- Mas eu só bebi um pouco.
- Você bebeu muito e eu não sabia o que fazer, mas o meu pai...
- O seu pai me viu assim?
- Viu.
- Acho que é melhor ir embora. - me esforço para levantar novamente.
- Eu vou com você.
- Sozinha.
- Não, eu não quero que você fique sozinha agora.
- Eu não posso ficar aqui agora.
- Por que não?
- Eu me sinto envergonhada. - olho para ele - O seu pai sempre confiou em mim pra ajudar você, o que ele vai pensar de mim agora?
- Ele continua confiando em você. A culpa não foi sua de tudo isso.
- Ah, é? Então a culpa é de quem?
- Da Lily, você sabe disso.
- Tudo bem, mas eu não posso ficar aqui mais. - digo pegando as minhas coisas.
- Você pode sim, para com essa merda. - puxa as coisas da minha mão.
- Me deixa ir embora.
- Babe...
- Tanto faz. - largo tudo e saio do quarto em direção à escada.
- Eu não quero que você fique sozinha, será que você não entende? - desce atrás de mim.
- Você não entende que eu não posso mais ficar aqui?
- Eu vou chamar o meu pai.
- Não, você não vai.
- Pai? - diz em um tom alto.
- O que você está fazendo? - tento tapar a boca dele.
- PAI! - grita.
- O que foi? - Christopher pergunta assustado saindo da cozinha.
- Por que você acha que pode se meter na minha vida desse jeito? - digo olhando para o Jaden.
- Eu amo você.
- Não é porque você me ama que pode decidir tudo isso por mim. - olho para o pai dele - Eu sinto muito, Christopher. Eu sinto muito por tudo isso, mas eu me sinto envergonhada demais pra continuar aqui agora.
- Pai, faz alguma coisa. - diz Jaden em frente da porta.
- Sobe, Jaden.
- O que?
- Sobe agora!
- Você vai deixar ela ir.
- Eu vou conversar com ela aqui e você vai para o seu quarto.
- Se você deixar ela ir embora, eu nunca mais perdoo você.
- Sobe!

Jaden obedece.

i still couldn't reach your ego - Jaden HosslerOnde histórias criam vida. Descubra agora