capítulo 16

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Noah

— Como assim, ela não ligou?

— Exatamente o que você ouviu, Linsey. Ela ignorou
completamente as flores.

Passei os últimos dois dias quase indo à loucura toda vez que meu
celular tocava. E nada. Sei que ela é ocupada, mas já é quarta.
Any teve mais do que tempo suficiente para responder alguma
coisa. Nem que fosse só para agradecer. Ao invés disso, tudo o que recebi
foi seu silêncio.

Chega. Preciso conversar pessoalmente com ela.
Independentemente de sua atitude, sei que o que sinto é recíproco. Tem
que ser. Ninguém consegue fingir a química que tivemos, especialmente
alguém inexperiente como ela.

— Talvez ela não tenha visto as flores, Noah — Linsey sugere.

— Vá por mim: ela viu.

Eu garanti isso ao enviar várias dúzias de rosas, de todas as cores
que tinham na floricultura. Queria ter certeza de que minha mensagem não
passaria em branco, de que eu não seria apenas mais um cara a dar flores
para ela.

Any é o tipo de mulher que atrai atenção do sexo oposto, então eu
sei que, apesar de sua falta de experiência sexual, essa não deve ser, nem
de longe, a primeira vez que ela ganha rosas.
Por isso, quis fazer algo que iria surpreendê-la.a

— Como pode ter tanta certeza? — Linsey pergunta, desconfiada, e
eu aperto o volante com força, porque sei que ela não vai gostar do que fiz.

— Se enviou para o trabalho dela, podem ter esquecido de avisar que eram
para ela ou ela nem notou.

A floricultura informou que foi Kristyan Wang quem recebeu as
flores; claro que, como não sou amador nesse jogo, já dei meu jeito de
descobrir quem era. Ele é o morador do segundo andar, que cobre a Any
na livraria quando ela tem algum compromisso.

E, felizmente, ela não é o tipo dele. Porque ela é mulher.

— Não tem como ela não ter notado — digo, e ela percebe, pelo
meu tom, que não fui discreto como Linsey sugeriu.

— Noah, exatamente quantas flores você enviou?

— Duas dúzias.

— Noah! Isso é meio exagerado. Um buquê com duas dúzias pode
assustá-las.

Rá! Quero ver a cara dela quando eu contar quantas eu enviei de
verdade.

— Ah, mas eu não mandei duas dúzias de flores. Enviei duas
dúzias de buquês.

— O quê? — Linsey berra. — Você está louco? O trabalho dela deve
ter ficado entupido de flores!

— Era esse o objetivo: ela não conseguir ignorá-las.

— Seu imbecil, eu disse para você ir aos poucos, para não assustála!

— Quer dizer que eu fiz merda?
Eu tinha certeza de que não haveria gesto mais romântico.

— Sim, das grandes. Você precisa ir devagar com essa mulher, ela
está com medo.

— De mim?

— Não, seu idiota. Do que ela sente por você, do que você sente
por ela, isso tudo está indo rápido demais!

Droga. Linsey tem razão. Any deve estar com medo. E eu a entendo;
já estive com dezenas de mulheres e nunca me senti assim, imagina ela,
que sequer tem uma base de comparação?

Por isso eu insisti em vir para Londres com linsey. Jim até não está
cem por cento convencido de fazer uma despedida de solteiro aqui, já que
seus amigos dos Estados Unidos só virão para o casamento.
Agora, a insegurança bateu forte, porque, se eu aparecer na livraria
como planejei, pode piorar as coisas. Por que eu estou tão inseguro com
ela, quando preciso ser o maduro da relação, o experiente, que sabe como
agir e como lidar com a inexperiência de Any?

Vizinho Proibido || 𝗰𝗼𝗻𝗰𝗹𝘂𝗶́𝗱𝗼 [✓] Onde histórias criam vida. Descubra agora