The Stripper | Jikook

seventeen

O interior da simples casa, encontrava-se revirado. Porta-retratos com fotos da pequena família estavam quebrados. As plantinhas que sua irmã cultivava, localizavam-se destruídas e pisoteadas no chão. Os objetos que eram anteriormente guardados nas gavetas, também se achavam espalhados pelo chão.

E o pior definitivamente não era a bagunça na casa...

— Ava!

Jungkook procurava pela irmã. O desespero misturado com a ansiedade, tornou-se uma forte emoção sem o mínimo de piedade, que assolava sem compaixão o garoto de fios e olhos escuros.

— Ava, pelo amor de Deus, me responde!

Ofegante, Jungkook parou em frente ao corredor, olhando com horror para as pegadas manchando o caminho. As inúmeras marcas formavam o contorno perfeito de sapatos.

Terra misturada com sangue.

— Ava!

Seguiu desesperadamente as pegadas e parou ao ver que a última desapareceu em frente ao quarto da sua irmã. O rastro de sangue e terra terminou ali.

Jungkook congelou, sua pulsação acelerou e as mãos passaram a tremer com intensidade.

Na porta branca havia indícios de dedos, salientados graças aos resquícios do líquido vermelho que também dominava o corredor.

Sangue.

O garoto desalentado, empurrou a chapa de madeira com as mãos trêmulas.

E o que vislumbrou no núcleo do quarto, nunca mais o deixaria em paz, a memória o atormentaria em suas piores noites de sono. Porque encolhida no canto do cômodo, sua irmã derramava lágrimas, nua e completamente ferida.

Jungkook despertou, ofegante.

Era madrugada, mas a iluminação dos postes afora entrava pela janela e evidenciava o suor banhando sua pele bronzeada, assim como os pontos molhados no lençol, que fora rapidamente jogado para o lado.

O moreno se sentou na cama, apoiando os cotovelos nos joelhos e a cabeça nas mãos.

Abatido, era uma palavra que definia perfeitamente Jungkook após se recordar daquela noite.

O sonho fora uma lembrança, uma terrível memória que ele desejava mais do que tudo afundar nas águas do esquecimento.

Sentiu-se deprimido...

Olhando ao redor do quarto escuro, decidiu levantar.

Na pequena cômoda ao lado da cama, encontrou rapidamente o que procurava, a cartela de cigarros. Abriu sem gentileza a caixinha e pegou seu escape do momento, logo o acendendo com o isqueiro.

— Já passou — murmurou como um mantra, referindo-se às lembranças. Andou pelo quarto e parou em frente à janela, que mostrava a rua sombria e vazia da madrugada fosca.

A imagem de sua irmã machucada reapareceu em sua mente...

Ele esperava Jungkook chegar em casa, mas foi ela quem chegou primeiro.

Ele estava atrás de Jungkook e não de sua irmã Ava.

Não foi minha culpa, não foi minha culpa, não foi minha culpa...

— Eu não tinha como saber, a culpa não foi minha... não foi...

Através da janela, observou os prédios distantes. Mesmo à noite, as nuvens cinzas se encontravam presentes, deixando a vista ainda mais melancólica, harmonizando perfeitamente com o estado de Jungkook.