Capítulo 1

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A flor que brota na adversidade é a mais rara e bela de todas.

           ~Mulan

Khione

Nem tudo é como desejamos, ela sabia, sabia que se desejasse paz em sua vida ela não viria de mãos beijadas.
Assim como agora.

Ela ouviu um assobio sendo trazido pelo vento até o galho onde ela estava, um som conhecido e então ela assobiou baixo no mesmo ritmo, o assobio sendo levado para a pessoa que a chamou.

— Se escondendo de novo?

Ela ergueu o olhar rapidamente para seu pai, ela estava escondida na árvore mais alta atrás da casa, como raios ele subiu??

Ele a encarou com uma sobrancelha arqueada e ela suspirou.

Claro, foi ele quem ensinou ela a escalar.

— Estou querendo respirar. -ela murmurou.

Seu pai a encarou, inclinando a cabeça.

— Claro, belo lugar, subir em uma árvore de quinze metros de altura para poder respirar, me pergunto se o ar daqui de cima não passa lá embaixo. -ele a encarou com divertimento.

Ela balançou a cabeça, um sorriso de lado ameaçando a sair.

Ela olhou para baixo, não com medo da altura mas encarando sua mãe que bajulava o seu primo, a família inteira lá embaixo.

Ele já havia ativado o seu poder, e o controlado com perfeição, e como tradição, a família fizera uma festa em sua homenagem, claro que ela preferiu ficar em cima de uma árvore do que ficar recebendo os olhares indiferentes da família lá embaixo.

A única que não ativou o poder, ela se perguntava o que tinha de errado consigo, ela não conseguirá uma faísca sequer, se perguntava se ela era um ser anormal, já que toda a família a encarava assim.

— Sei o que está pensando. -ele disse.

Ela o encarou de relance e então voltou a olhar para baixo, vendo seus tios darem tapinhas nas costas de seu primo Noah, suas tias se gabarem por ele ter tido o poder mais elevado da geração da família Black. Sua mãe fizera um bolo incrível para ele, nem mesmo em seu aniversário ela ganhou um bolo desses.

Seu pai desviou o olhar para ver o que sua filha encarava com certa distância e tristeza.

— Não é um poder que a faz especial, sabia? -ele a cutucou com o cotovelo.

— Mas seria para ninguém me chamar de bastarda e sangue sujo. -ela murmurou.

Seu pai travou, encarando sua pequena criança, sua pequena princesa que por mais que já tivesse maioridade continuaria sendo o seu bebê.

— Quem disse isso? -ele rosnou baixinho.

Ela encolheu os ombros.

— Não importa, eu aguento. -ela disse.

Ela sentiu seu pai a puxar com cuidado no galho largo e plano onde eles estavam, então ela se aconchegou no abraço aconchegante que ele lhe estava dando.

— Não importa se é bruxa ou não, é minha filha e isso nunca irá mudar, hum? —ele beijou sua cabeça— amo você do jeito que é.

Ela abraçou seu pai com um pouco mais de força, com medo de ele evaporar.

— Eu também te amo, pai. -ela disse.

Ele acariciou os cabelos de sua menina, vendo a mesma não deixar de olhar triste lá para baixo, ele odiava vê-la triste, odiava, então sorriu com uma idéia que lhe passou pela cabeça.

Sangue de Prata| O retorno dos puro sangueOnde histórias criam vida. Descubra agora