Théo Almeida
Será que eu estava me envolvendo demais? Era essa pergunta que eu me fazia desde que havia dito a Ana Luísa que iria acompanhar ela e Bernardo de perto. Eu nunca tinha feito isso por nenhum outro paciente e a vontade de cuidar de Ana Luísa me preocupa. Ela era uma garota interessante, mas eu não podia misturar as coisas e me envolver.
— Ei, Hulk. — sinto alguém bater em meu braço e mesmo que ela não tivesse falado nada, saberia reconhecer que se tratava de Thais. Só ela chegava me dando esse tipo de carinho.
Olho para o lado a encontrando e a encaro feio.
— Não já deu esse apelido? — questiono a loira com os olhos da mesma cor dos meus.
— Não. Só quando esses músculos deixarem de existir, aí eu te arranjo outro. — reviro os olhos e ela sorri, dando atenção aos prontuários em suas mãos. — Todos os pacientes de obstetrícia estão aqui?
— Sim, não são muitos.
Ela concorda e seguimos para a ala dos consultórios.
Depois de semanas, o hospital finalmente tinha arranjado uma médica para atender os pacientes de obstetrícia, fazendo com que minha agenda de consultas diminuísse. Só não sei se o fato dela ser da minha família era bom ou ruim.— Minha primeira paciente já chegou? — Thais questiona a assistente.
— Está subindo.
A loira concorda. Segundos depois a porta do elevador se abre e Ana Luísa sai. Ela caminha até nós e é impossível não reparar em como ela estava bonita, com os cabelos soltos e um vestido vermelho já destacando certo volume em sua barriga.
— Oi, bom dia. — nos cumprimenta e dá um sorriso.
— Bom dia, Ana Luísa. Como está se sentindo? — faço a mesma pergunta de sempre.
— Bem e ansiosa. Quero ver meu bebê pela ultrassom de novo. — sorrio com sua empolgação.
— Você verá. — Thais pronúncia, tendo a atenção de Ana Luísa. — Muito prazer em te conhecer, serei sua médica daqui até o fim de sua gestação. Sou a doutora Thais Almeida.
— Almeida? — Ana Luísa indaga olhando de mim para Thais.
— É, não se trata de uma coincidência. Sou prima do Théo. — Thais explica e vejo a expressão de Ana Luísa se suavizar. O que será que ela tinha pensado? — Ele já me passou todo seu histórico e apesar de não ser a área de especialização dele, fez um bom trabalho, admito, mas a partir de agora você vai ver ter a melhor médica ao seu dispor.
— Thais, eu adoro a sua modéstia. — seus lábios se esticam em um sorriso convencido e me viro para Ana Luísa. — Mas também devo admitir que ela é boa no que faz. A genética ajuda muito, claro, mas você está em boas mãos.
— Obrigado, Hulk. Agora vou trabalhar. Vamos Analu. — chama a garota com um gesto e elas caminham até o consultório. — Posso te chamar assim, né? — Ana Luísa concorda e fico surpreso. Elas tinham acabado de se conhecer e já estavam nessa intimidade.
— Ana Luísa! — chamo quando ela já está um pouco longe. A morena vira a cabeça em minha direção. — Pode me procurar para o que precisar ainda, ok?
— Sim, Théo. Obrigado!
Sorrimos um para o outro e vi a sobrancelha de Thais arqueada para nós. Sabia que essa ação indicava que estava suspeitando de algo e não demoraria para que viesse me encher com isso.
Quando o relógio bateu as 10h00 da manhã, fui para a emergência.
Hoje estava uma loucura, nunca tinha atendido tantos casos de acidentes seguidos. Feridas abertas, hemorragias, queimaduras, afogamento e um infarto encheram todo meu dia e só fui parar para almoçar às 20h00.Rômulo estava de plantão na emergência e me acompanhou.
— É verdade que sua prima está trabalhando aqui? — seus olhos curiosos me encaram e apenas concordo. — Uma pena não ter trombado com a loira ainda. Sinto que ela vai ficar radiante quando me ver.
— Estaria radiante caso não tivesse te encontrado. — ouço a voz de Thais e ela se senta ao meu lado dando um sorriso falso para meu amigo.
— Thais, minha querida! Estava morrendo de saudades. — segura a mão dela e deixa um beijo na mesma. — Que bom estar de volta a cidade para podermos dar continuidade ao nosso relacionamento. — minha prima gargalha.
— Qual? Se liga, Rômulo. Aceita que nunca teremos nada.
-— Certo, mas só não esquece do que já tivemos. — sorri cafajeste e ela revira os olhos, jogando um copo descartável vazio na cara dele em seguida.
— Me poupem do caso mal resolvido de vocês e dos detalhes. — digo entediado. — O que ainda está fazendo no hospital? Pensei que seu horário já tivesse acabado. — indago a Thais.
— Fiquei estudando alguns casos.
— E Ana Luísa e o bebê, como estão?
— Muito bem! Mas a sua importância com essa paciente me deixa curiosa, Théo. Tem algo que eu precise saber? Vocês estão tendo algo? — questiona. Ser direta nos assuntos era um mal de família.
— Não, Ana Luísa é só uma paciente. Já teve caso de desmaios como deve ter lido em sua ficha e mora sozinha, pelo o que pude perceber também não tem amigos. Apenas me preocupo de que algo possa acontecer e de que ela não tenha por quem pedir socorro.
— Você conhece o Théo, Thais. No geral ele se preocupa com todos os pacientes. — Rômulo sai em minha defesa e o agradeço. — Mas devo te dizer que ele ficou interessado na garota desde o primeiro dia que ela pisou aqui.
O olho indignado com sua falsidade. Pra que amigo como esse?
— E eu aqui pensando que você estava do meu lado. Obrigado, Rômulo.
— Disponha. — diz debochado.
— Sério primo, não a conheci direito ainda, me parece ser uma garota legal, mas ela vai ter um filho! Você ao menos sabe se está solteira? Qual a situação dela com o pai do bebê? — Thais soa preocupada.
— Sei pouco sobre ela. Não sei como foi a relação dela com o pai do Bernardo, só sei que ele morreu. — conto e vejo os dois ficarem surpresos. — Também não é como se eu fosse investir nela, tabom? Ela é mais nova, vai ter um filho, não que isso fosse um problema pra mim. A julgar pela gestação, ela teve um relacionamento recente, imagino que Ana Luísa não deve querer ter nada com ninguém agora, então, definitivamente, não há chances de um relacionamento, apenas amizade.
— Uma pena, justo agora que você tinha se interessado e ia desencalhar. — Rômulo lamenta e o olho feio.
— Tia Aurora não vê a hora de isso acontecer. — Thais cita minha mãe. — Você sabia que ela me pediu pra apresentar algumas amigas pra você? Realmente está preocupada do único filho dela não lhe dar netos.
— Ela tem essa preocupação desde que tenho 20 anos e agora que estou com 30 não para de me perturbar com isso. — falo cansado.
— Sua mãe sabe que seu tempo está passando querido, Théo. Daqui a pouco ninguém olhará pra você. — meu amigo brinca.
— Assim como você, Rômulo. Com quantos anos está? 40? 50? — Thais questiona provocativa.
— 32, meu amor. Basta não deixar meu tempo passar e se casar comigo, aposto que teremos filhos lindos.
Minha prima e meu amigo voltam a se alfinetar e eu aproveito a deixa para me retirar. Iria me enfiar no trabalho para evitar pensar nesse ponto da minha vida.
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Perfeito Acidente
RomanceDesde seus 18 anos, Théo dedicou a vida em sua carreira de médico, deixando de lado sua vida pessoal, inclusive a amorosa, mas tudo muda quando Ana Luísa pisa em seu consultório. Théo se encanta com a bela mulher, mas se desanima ao descobrir o moti...