Ana Luísa Machado
Eu me sentia angustiada com a possibilidade de estar grávida e no quanto minha vida poderia mudar.
Mesmo podendo ter o resultado no mesmo dia, optei por pegar no dia seguinte, pois estava cansada e ficaria tarde para voltar pra casa. Também não faria diferença ficar sabendo antes ou depois.
No dia seguinte, trabalhei normalmente e sem acidentes ou imprevistos como no dia anterior. Quando deu o fim do expediente, chamei um táxi e segui para o hospital.
Tive que aguardar por alguns minutos quando cheguei, pois o Dr. Théo estava ocupado. Minutos que me fizeram ficar nervosa e preocupada.Quando a porta do consultório se abriu, o Dr. saiu acompanhado de outro médico. Eles se despediram com um aperto de mão. Os olhos de Théo percorreram o corredor e ele sorriu quando me viu ali.
— Boa tarde, Ana Luísa. Pode entrar, por favor. — tento retribuir o sorriso e me levanto.
Entramos e ele fecha a porta.
— Como está se sentindo? — me avalia. — Teve mais algum episódio de náusea de ontem pra hoje?
— Não. Estou me sentindo enjoada, mas acredito que seja o nervosismo.
Ele assente.
Nos sentamos e o doutor pega um envelope branco em cima de sua mesa, abre e avalia o que está escrito.— O que deu? — pergunto ansiosa e ele sorri como se fosse contar uma boa notícia.
— Parabéns! Você está grávida de algumas semanas.
Me sinto tonta e fraca com a notícia.
Como grávida? Meu Deus. Isso não podia estar acontecendo agora.
Eu estava gerando uma vida dentro de mim com apenas 19 anos. O que será de mim e desse bebê?
Minha vista começa a escurecer, meu corpo amolece e eu apago.
Acordo sentindo meu corpo deitado em algo macio. Abro os olhos e vejo que estou em uma lugar todo branco. Lembro dos últimos acontecimentos e constato que ainda estou no hospital.
— Que bom que despertou. — uma senhora diz e dá um sorriso. — Vou chamar o Doutor.
Ela sai e segundos depois o Dr. Théo entra.
— Ana Luísa, como está se sentindo?
— Bem... eu acho. O que aconteceu?
— Você desmaiou depois da notícia, teve uma queda de pressão, mas já está estável.
— Então já posso ir embora?
— Pode sim, mas antes vou solicitar mais exames, precisamos iniciar o seu pré-natal. — assinto sem rebater. — Tem alguém que possa vir te buscar? Após seu desmaio seria bom um acompanhante. — sugere.
— Não, não tenho ninguém. — me sento sob o olhar atento de Théo sobre mim.
Ele escreve em vários papéis e me entrega alguns deles, logo me liberando.
Saio do hospital tonta e perdida com o tanto de exames que eu teria que fazer para cuidar da vida que agora crescia dentro de mim. Como eu lidaria com essa gravidez sozinha? E se acontecesse algo comigo, quem vai me socorrer? E Filippo? Eu tinha que contar sobre a gravidez mesmo sabendo que ele não queria esse bebê.
Distraída e em meio a tantas dúvidas nem percebi que Thiago estava em minha frente.
— Analu, quanto tempo. — comprimenta e me abraça, meio sem reação, retribuo. Talvez fosse o que eu precisava no momento. — Está tudo bem?
— Ahn... Eu... — como eu estava, afinal?
— Caramba, Analu, me desculpa perguntar isso logo agora, foi o hábito. — balança a cabeça e leva a mão a testa. — Imagino que não deve estar bem com o que aconteceu. — ele faz uma cara triste como se lamentasse por mim.
Do que ele estava falando? Da gravidez? Não, impossível! Eu acabará de saber.
— Você não foi no enterro, por quê? Sei que não estavam mais juntos, mas mesmo assim pensei que iria. — indaga com curiosidade.
— O que? — pergunto o olhando completamente confusa. — Do que você está falando, Thiago?
— Você não ficou sabendo sobre Filippo? — nego. — Merda. — resmunga baixinho e me olha sem graça. — Me desculpa, eu pensei que soubesse.
Como assim, enterro? Filippo? O que houve?
— Ele sofreu um acidente de moto há uma semana e infelizmente não resistiu.
Abro minha boca em surpresa. Como assim Filippo tinha morrido e ninguém havia me avisado? Tudo bem que estávamos separados e não nos falávamos mais, mas eu gostaria de pelo menos me despedir.
— Ninguém me falou. — murmuro ainda chocada com a notícia.
Nem um pai meu filho tinha agora.
— Você ta muito nervosa, Analu. Vou te deixar em casa. — Thiago fala após um longo silêncio da minha parte.
O agradeço e vamos até seu carro. Fomos o caminho inteiro quietos, eu tentava processar e não surtar com as duas novas informações que tive e Thiago pareceu notar que o que eu mais precisava agora era de silêncio.
— Você ta bem pra ficar sozinha? — indaga me avaliando e balanço a cabeça afirmativamente. — Tem certeza?
— Tenho, Thi. Obrigado por me trazer.
— Certo. Se precisar de qualquer coisa me liga.
Concordo e saio do carro, entro no condomínio e sigo para o meu apartamento.
Faço as coisas no automático e por fim me deito. Sem nem perceber as lágrimas começam a correr pelo meu rosto. Lágrimas de desespero, medo e dor.
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Perfeito Acidente
RomanceDesde seus 18 anos, Théo dedicou a vida em sua carreira de médico, deixando de lado sua vida pessoal, inclusive a amorosa, mas tudo muda quando Ana Luísa pisa em seu consultório. Théo se encanta com a bela mulher, mas se desanima ao descobrir o moti...