Estranho mesmo é sentir a chama acesa de uma nova paixãoda juventude que transmite por si só, o peso dobrado de tudo e todas as coisas
sentimento que arde o peito e me tira o ar só de projetar, em pensamento, como seria,
e faz-me não querer mais te largar.
seguro teu braço na esperança de que se não em minha súplica, do exercer da força me seja dado mais poder a voz.
mas tu tens de ir, já é tarde
no entanto, para quem é ainda moço o tempo não se espera, e o coração que palpita mais forte em teu lado já não age mais conforme as batidas da razão
imaturo.
mal se sabe, que quanto mais se prende, mais se anseia conhecer o novo, o diferente.
mas se não esta, qual será então a forma correta de afeição, se não as que conhecemos?
a dos pais, de dedicação econômica, pelo resto de chama acesa que já não atrai mais risadas como nos bons e velhos tempos
a do garanhão, que com muitas companheiras aquece a cama aos fins de noite
ou a do ancião que vive sozinho com histórias dos belos romances pelos quais se aventurou no passado?
mas por que viver do que já foi, se sinto o corpo ferver pela dama que me observa da janela? casta, virtuosa.
e me vem a mente: considere louco aquele que deseja passar a vida com alguém por motivos que desviam de sentimento. e é justo, que quem ama fique. conquiste. pertença. basta-me uma chance.
não quero segurá-la outra vez, mas quero que fique porque assim deseja. e porque não deseja?
minha afeição, meu desespero em vê-la partir com outro, resulta na linha tênue entre intensidade e insensatez.
imprudência, alucinação.
ciúme que consome e destrói a mais remota possibilidade de um dia tê-la envolta em meus braços a me adorar.
a demonstração exagerada, desmedida, é motivo aos teus olhos de julgar-me como incapaz
incapacidade da compreensão de que a pureza do amor não está nos extremos, naquilo que te tira o sono e causa incerteza
mas na quietude do coração, no equilíbrio, na serenidade de confiar que o que a vida reservar para nós, haverá de ser.
ainda que agora entenda, nesse trajeto me dirijo a ti como quem nunca fora apresentado anteriormente a tal estima.
e em uma vivência de relações rasas, apresento meu apego da pior forma:
desconfiado, inquieto, possessivo e enciumado.
mal sabes, que a forma de amor que conheço é esta.
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Textos autorais
PoesíaAlguns dos textos que escrevo e me sinto à vontade em compartilhar aqui :)