I think I might

1.6K 175 27
                                    


Louis Pov

Já se passava quase duas semanas desde o incidente na gravadora. Com o passar dos dias eu ainda estava assustado, mas me forçava a ignorar e continuar com minha rotina normalmente.

Durante as manhãs eu dormia, e quando acordava procurava ler algum livro, meu sonho sempre foi estudar música, me contentava com os livros que encontrava nos sebos sobre o assunto e por mais que eu seja muito grato aos deuses pelo meu emprego na gravadora, editar as gravações não é a mesma coisa que cantar.

Hoje era domingo, não iria trabalhar, então aproveitei o tempo para compor algumas músicas. Eu ainda vivia na casinha de minha mãe, nunca mais tive notícias dela e de minhas irmãs. Sentia saudade de Lottie, já sabíamos que ela era beta, o cheiro das gêmeas ainda estava confuso, talvez eu nunca saiba o que elas eram de verdade.

Pensar em minha família me deixava melancólico, mas sempre saía alguns acordes novos por isso.

- One life for the two of us... - suspirei deixando o último acorde soar.

Terminei uma nova canção. Algumas lágrimas ainda molhavam minha bochecha, que logo sequei, deixando o violão de canto.

Eu tinha duas semanas para pensar em uma desculpa para me ausentar no trabalho novamente. No começo do ano, o chá que fazia para anular os heats me deixou muito fraco, o médico que me atendeu recomendou não tomar mais, alegando que isso poderia fazer meu coração parar se eu tivesse outra complicação. Desde então evito tomar, tomando apenas nos meses que realmente são necessários para não desconfiarem.

Minha casa era atrás de um parque, mais afastada da cidade. Todas as tardes eu a aromatizo com o perfume que camufla o meu cheiro, caso algum alfa esteja por perto não perceba. Com exceção de Eleanor, que conversávamos quando ela precisava ficar até um pouco mais tarde na gravadora, eu vivia constantemente sozinho. Sabia que era necessário, mas desde do meu último heat eu estava carente, como se faltasse algo.

Uma batida fraca na porta. Eu pulei da cama me colocando em alerta. Respirava fundo tentando sentir o cheiro de quem estava na porta enquanto andava sem fazer o mínimo ruído. Olhei pelo olho de gato da porta e nem em um milhão de anos eu estaria preparado para o que eu encontrei.

- Lottie? - eu puxei minhas irmãs para dentro, correndo os olhos em volta. Corri para fechar todas as janelas e trancar as portas enquanto espirrava o aromatizador em cada entrada.

Parei na frente das três meninas e depois de garantir que que todas estavam com o cheiro camuflado, o que gerou uma sequência de espirro e risada entre as duas pequenas, eu pude respirar.

-Louis... – Lottie me abraçava e molhava minha camisa com suas lágrimas. Ela chorava sem fazer qualquer barulho.

- O que? O que aconteceu? Charlotte, cadê a mamãe? e a Fizzy? - agora eu a segurava pelos ombros e guiava ela até o sofá. Vi as gêmeas sentando no chão brincando com uma boneca.

Sentia minha irmã tremer nos meus braços. A deitei no sofá, colocando sua cabeça em meu colo e a cobri. Comecei a cantarolar, fazendo um cafuné, durante alguns minutos, até que senti sua respiração ficar mais leve e regular.

Levantei com todo o cuidado para não a acordar, indo em direção as gêmeas que ainda brincavam no canto da sala.

- Hey pequenas, eu sou o Louis, vocês lembram de mim? - elas estavam magras demais para a idade de 6 anos e me encaravam com aqueles olhinhos azuis.

- Mamãe fala de você quando o papai não tá.

- Mas a gente não pode falar isso pro papai, é segredo. – Ambas colocaram o dedinho na frente dos lábios fazendo biquinho.

To YouOnde histórias criam vida. Descubra agora