Capítulo II

545 53 22
                                    

Abriu os olhos e piscou rapidamente para a claridade que irritava sua íris. Deixou os sentidos explorarem onde estava. Decididamente deitada em uma cama confortável e macia. O cheiro não era de hospital ou de poções, isso ela tinha certeza. Era um cheiro limpo de ar fresco, ela conseguia sentir o cheiro de terra e mato, mas não era o cheiro da pequena ilha que tinha certeza estar. E então ela se lembrou da desorientação e do gosto rançoso em sua boca... se lembrou da figura que se ergueu sobre ela.

- Fleur. – O nome saiu fácil por entre seus lábios secos, ela piscou outra vez encontrando um teto ricamente decorado.

Olhou para o lado e percebeu as janelas altas e largas deixando a luz do dia passar por elas. Ela estava em um quarto isso era óbvio.

- Bom dia querida. – As palavras em um inglês arrastado e carregado de sotaque francês fizeram com que ela olhasse para o outro lado.

Encontrou Apolline Delacour lhe olhando com doçura e uma bandeja de alimentos sendo levitada ao seu lado.

- Fico feliz em vê-la acordada. – A mulher sorria gentilmente.

- Senhora Delacour. – Hermione falou lentamente como se estivesse tentando assimilar o fato de que a mulher francesa estava na sua frente. – Como...? Onde eu estou?

- Aqui chéri. – A senhora se adiantou com a bandeja. – Coma algo e então eu explicarei tudo que quiser saber.

Hermione se empurrou em uma posição sentada, a tontura lhe assolou a fazendo fechar os olhos e tomar uma respiração profunda.

- E beba isso. – A senhora Dellacour estendeu um pequeno frasco. – Irá lhe ajudar.

Hermione olhou para ela e não conseguiu não sentir uma pontada de desconfiança, sua mão direita procurou discretamente pelo punho de sua varinha, mas ela não estava perto.

- Está na cômoda ao seu lado. – Apolline sorriu para ela. – Sua varinha está ali.

Hermione sentiu o rosto esquentar enquanto olhava para a varinha na mesinha ao lado. Estendeu a mão e sentiu o conforto morno percorrer seus dedos.

- Coma e beba a poção, eu irei explicar tudo. – A francesa insistiu fazendo a bandeja flutuar sobre as pernas de Hermione. – Leve o seu tempo.

Hermione olhou para o prato e para a mulher.

- Pode verificar para qualquer encantamento ou poção. – Apolline franziu as sobrancelhas, a inglesa era desconfiada, o que teria se passado entre elas em seu mundo. – Não irei me ofender.

- Eu não quero ser mal-educada, mas... - Hermione começou lentamente. – Como vim parar aqui? Eu claramente não estou mais na Escócia, na última vez em que vi Fleur a senhora e seu marido moravam no sul da França. Pelo menos foi o que Gui disse quando Gina perguntou sobre como os senhores haviam reagido a notícia do bebê.

Apolline arqueou as sobrancelhas. Elas certamente se conheciam no mundo da inglesa e pelo que havia entendido ela era casada com um homem, sua filha mais velha estava grávida de um rapaz chamado Gui ou seria de Gina?

- Você está na França, sim, mas não estamos no Sul e sim em Versailles. – Apolline olhou para a bandeja e para a britânica. – Eu falo e você come, de acordo?

Hermione sentiu como se estivesse diante de sua mãe e deu um sorriso contido, ergueu a mão pegando os talheres. A torrada francesa estava deliciosamente francesa.

- A magia nas pedras... era veela, não era? – Hermione olhou para a mulher que pareceu surpresa outra vez. – Eu reconheci o traço mágico, não era de um bruxo humano. Era mais puro e... eu não sei descrever.

Sielen - FleurmioneOnde histórias criam vida. Descubra agora