CAPÍTULO 2: KATSUKI

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tudo vale a pena pra te encontrar

Pode parecer que não, mas eu pensei muito antes de marcá-lo. O que faltou foi eu ter pensado em como o corpo dele reagiria depois. Ouvimos muito sobre alfas e ômegas que tem marcas, mas não há muito o que ler sobre alfas se dando marcas, o que me deixa sem muito conteúdo para pesquisa. Sim, sou um alfa dominante com preferência por alfas, algum problema?

O fato de Izuku ser um recessivo é uma exceção devido a urgência da minha situação atual. Eu tinha ido na farmácia e esqueci de comprar os inibidores de cio pra mim, por causa do maldito Izuku. Ele ficou parado na porta automática me observando e fiquei tenso. E acabei comprando só o que minha mãe havia pedido.

Ele vai enlouquecer quando acordar, tenho certeza. Nunca deve ter sido marcado antes. E não, não é aquela marca, aquela eterna. Essa é uma temporária. O que acontece com os alfas dominantes é que marcar é uma necessidade pré-cio, então, só de marcar Izuku, me sinto 10 vezes melhor e consciente.

Mas agora vou ter que explicar pra ele que ele é meu companheiro de cio.

Izuku e eu coexistimos. Nós nos aturamos, na verdade.

Depois que ele descobriu que era um alfa recessivo, um sentimento de superioridade nasceu em mim e só foi crescendo a partir que a vida dele ficava mais miserável.

Seu pai foi embora e a mãe morreu, fazendo ele ficar sozinho no mundo. Eu queria tanto voltar a ter o que tivemos, mas o orgulho me prendia no lugar. Eu queria ter ido ao funeral e te abraçado forte.

Na verdade, eu nunca tive nada contra Izuku, ele sempre foi legal comigo e aguentava minhas explosões de raiva quando eu era mais novo. O foda é que esse mundo de agora é tão mais dividido do que o outro, que eu preferiria que fossemos separados por signo e seria menos ridículo. E é mais fácil viver em um mundo quando se está no topo, mudar cansa demais.

Alfa, beta e ômega não importam tanto quando se lembra que todos vamos morrer um dia. Não faz diferença nenhuma quem pari o filhote ou quem não consegue ter.

Eu pretendia fazer uma proposta a ele antes de marcá-lo. Izuku é a melhor opção agora, e acho que meu lobo sabia disso.

α ß Ω

Ele acorda confuso e agitado, alegando uma dor insuportável no pescoço. Como sempre, ele não cala a boca por um segundo. Estava cochilando na cama ao lado quando ouvi seus murmúrios incessantes e resolvi aparecer.

— Waa-tsuki! — ele dá um pulinho de susto, ainda sentado na cama. — O que está acontecendo? Não lembro como vim parar aqui, meu pescoço tá doendo e estou com dor de cabeça. Aliás, por que está aqui? — respirei fundo e me sentei ao seu lado.

— Izuku, você me trouxe aqui. — vejo ele ficar mais confuso. — Meu cio começou no meio da aula e você foi o único que descobriu, me trouxe aqui. E… obrigado.

— É mesmo? Ah, de nada. — ele sorri.

— Na verdade, eu precisava marcar alguém para meu lobo saber que eu teria alguém para passar o cio, e eu acabei te marcando. Então, já que você já está temporariamente marcado, não gostaria de me ajudar?

Quando reparo melhor, ele tem um corpo bonito, parece ter malhado o ano inteiro sem pausa para estar assim. Seus músculos dos braços traçam linhas na camisa branca da escola e seu rosto não é tão ruim assim. E por falar em rosto, ele está vermelho como nunca o vi antes, deve ter dado pane no sistema.

— M-M-Mas, do-dois a-alfas?! Isso é p-possível?! Você não ficaria mais satisfeito com um ômega?

Ah, esse Izuku… coloco ele a força nessa situação de merda e a primeira coisa que ele pensa é no bem estar de outra pessoa.

— Izuku, "século 21" significa alguma coisa pra você? — respiro fundo. — Porque pra mim significa que eu posso passar meu cio com quem eu bem entender.

— E... Você que passar seu cio comigo? — ele aponta para si mesmo depois pra mim, enquanto tenta entender a própria frase. Minha paciência já está acabando.

— Isso, Izuku! Eu quero! — ele deu um pulo sentado. — Por isso te marquei. — Izuku abre a boca e a fecha, provavelmente pensando no que dizer. De repente suas bochechas ficam vermelhas. Até que enfim ele entendeu. — Por favor, não comece com gaguejar igual um virgem. É só sexo.

Estou sendo mal, obviamente. Sei que para ele sexo não é "só sexo", então é previsível que ele vá recusar-

— Tá bom.

...O que? O que ele disse?

— O que disse?

— Disse que tudo bem, vou fazer isso com você.

— "Isso" é sexo, não é?

— Sim, Katsuki! Quando fazemos? — Izuku, com o rosto corado e com uma coragem que nunca vi, apoia as mãos nos meus ombros e senta no meu colo de frente para mim. — Por favor, não comece a gaguejar como um virgem. Você precisa de ajuda e já me marcou. Então... Vamos.

Então vamos.

II, ii || BAKUDEKUOnde histórias criam vida. Descubra agora