25 de abril 2019.Hospital de Chicago.
3 horas depois...
Adentrei na sala que Dylan havia me trazido com Mabel e constatei que tudo estava só piorando. Ele havia me trazido para o seu lugar de trabalho, era um pouco invasivo aquela situação. Entretanto, não me sentia segura de ficar sozinha com a minha filha num local isolado, tampouco, tinha um teto para ficar pois minha casa havia sido interditada pela polícia por se tratar de uma cena de crime.
Queria um lugar público para me estabelecer, o médico havia me oferecido sua residência para morar o tempo que fosse necessário. No entanto, ele tinha família e era arriscado da minha parte atingir aqueles que ele mais amava enfiando Mabel. Ela não se comportaria e nem hesitaria em atingir Dylan Butler.
Foi o que fez assim que pisou os pés no consultório. Minha filha pegou o porta-retrato e segurou o mesmo observando com um olhar sombrio o que iria praticar com aquelas vidas inocentes. Eram dois garotinhos de aproximadamente um há três anos de idade, fofinhos que pareciam muito com o pai. E a mulher no meio- que possivelmente fosse sua esposa- distribuía simpatia com o sorriso glamoroso nos lábios. O médico tinha uma família muito bonita, era de causar inveja a qualquer pessoa, inclusive eu que nunca havia tido uma família de verdade.
Encostei ao lado do doutor que estava próximo da maca. Ele parecia distante, pensativo e sério. Tentei puxar uma conversa com o mesmo. Era desrespeitoso da minha parte questionar as minhas dúvidas e meus pensamentos a respeito dele, porém estava me sentindo culpada por ele ter inventado uma história para o policial em busca de tirar o meu nome da reta. Analisava que ele estava visivelmente arrependido de ter feito aquilo por mim.
— Obrigada.— sussurrei, quase nem ouvindo meu próprio tom direito.
Estava péssima também enquanto assistia Mabel sentar na cadeira giratória do pai como se fosse uma adulta e tivesse autoridade e arrogância para mandar nos dois adultos que a via mexer nos objetos.
Ela era muito atrevida.
— Não precisa agradecer, Natalie.— seu olhar era cabisbaixo.— Faria isso por qualquer pessoa.— proferiu um pouco indiferente, não me dando tanta confiança. Ele voltou a ficar em silêncio, parecendo chateado com si mesmo.
Porém, insisti.
— Você foi um anjo, Dylan. De verdade, o que você fez por mim eu nunca vou esquecer. Ninguém nunca se arriscou tanto por mim.—declarei. E por um minuto seus olhos direcionaram para encarar os meus olhos. Ele tinha o poder de me trazer conforto, mesmo nas piores angústias como daquelas de ontem, apenas aquele brilho precioso que possuía poderia fazer o mundo desabar ao nosso redor, mas a confiança que havia no seu olhar fazia tudo se erguer de novo.
Ele poderia ser nomeado como um anjo.
— Mamãe.— Congelei. Um calafrio subiu pela minha espinha ao escutar a voz suave da Mabel.— Você ainda não falou quem é ele.—perguntou manhosamente, dando de ombros, como se estivesse tímida na presença do Dylan.
Queria fugir daquele momento, a não ter que apresentá-lo. Era como se eu estivesse com a faca e o queixo na mão sendo colocada contra a parede.
Será que a Mabel mudaria se caso recebesse o amor do pai? Talvez o demônio que "possivelmente" tentava manipular suas ações a deixaria em paz? Estava apreensiva em prejudicar mais ainda a vida do médico, mas poderia ser que ela aprendesse amá-lo ou virasse sua vida um verdadeiro inferno como eu achava que aconteceria. A segunda opção era a mais fácil de acontecer e eu não permitiria.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amor doentio
Mystery / ThrillerO dever dele é salvar vida, mas o da pequena Mabel é tirar. Dylan Butler terá que passar por situações onde sua ética estará por um fio, no entanto, há apenas uma solução para resolver tudo aquilo: matando-a.