ROSÉ

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São quase 9 da noite, estou faminta e estamos longe de terminar esse projeto. Jogo a caneta sob a mesa, esfregando meus olhos e soltando um gemido alto de frustração. 

Meu problema não é trabalhar até mais tarde, o problema é minha colega de trabalho. Lalisa Manoban. Ela é casada, tem duas filhas. Isso deveria ser o maior motivo para eu não me apaixonar por ela, mas quem me dera se as coisas fossem simples assim. 

Ainda me lembro do sorriso enorme e brilhante que ela me deu quando nos conhecemos. Eu gosto de sorrisos, mas o dela... Tenho certeza que ele poderia me tirar de órbita e eu posso ficar o admirando por horas. 

O que eu mais gosto em Lisa é que ela é sempre tão alegre e enérgica. Otimismo e idiotices fazem parte dela, quase como se ela tivesse nascido para isso. Acho incrível a forma como ela me arranca um riso fácil e eu fui caindo por ela a cada dia mais. 

Eu sabia que ela era atraída por mim, mesmo que ela sempre tenha me respeitado e nunca tenha tentado nada, até porque, ela é casada, mas chegamos em um ponto que eu só queria abalar ela de qualquer forma. Eu precisava saber que tinha algum poder sobre ela, mesmo que fosse pouco, mesmo que fosse errado. 

E então, aquele dia aconteceu. Viajamos para uma convenção, a trabalho, e nos colocaram para dividir o quarto. Ela parecia um pouco inquieta e nervosa por isso, mas não chegou a dizer nada para mim. 

A noite, depois que saímos para jantar e tivemos uma noite realmente divertida, começou a chover e acabamos nos molhando. Foi engraçado porque começamos a correr uma atrás da outra como duas crianças se irritando, mas as coisas mudaram no momento em que ela entrou por último no quarto e fechou a porta, se encostando na mesma, ainda rindo da brincadeira que até hoje não sei como começou. 

Quando parei de rir e olhei para ela, foi como se ela literalmente tivesse se tornado a deusa personificada da beleza. Eu abri e fechei a boca diversas vezes, olhando para todo seu corpo, e senti aquele impulso maluco surgir de algum lugar dentro de mim. 

Ela me chamou várias vezes, eu conseguia ver a boca dela se movimentar, mas não conseguia ouvir o que ela dizia de fato. Então fiz a melhor e a pior coisa que já fiz em toda a minha vida: eu a beijei. 

Nos primeiros segundos, acho que ela estava tão surpresa, que não retribuiu e eu pensei que tinha estragado tudo, afinal, eu estava beijando minha colega de trabalho incrivelmente sexy e gostosa, que é casada, mas então algo surpreendente aconteceu: ela retribuiu, e não de uma maneira suave. Foi quente, urgente e capaz de derreter qualquer juízo que ainda havia em minha mente. 

Eu nunca havia me sentido daquela forma com ninguém, nem mesmo com as pessoas que eu pensava ser realmente apaixonada, mas lá estavam eu e Lisa, ambas nuas, ofegantes, suadas e eu nunca me senti tão bem em toda a minha vida. Como se o mundo tivesse mudado enquanto adorávamos o corpo uma da outra e, para mim, realmente mudou. 

Desde aquele dia, continuamos nisso. Parecíamos um casal de adolescentes apaixonadas e cheias de esperança, era como se Lalisa e eu tivéssemos realmente nascido uma para a outra. Eu sentia isso no fundo do meu coração e da minha alma. Sempre que eu olhava nos olhos dela, eles me mostravam o mesmo sentimento que havia em mim e eu não poderia estar mais feliz. 

Mas nem tudo são flores, as complicações começaram a surgir. Foi na semana da festa de aniversário da filha mais nova de Lisa e eu iria viajar para a Austrália, na segunda-feira, para resolver alguns problemas familiares. 

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