Elisa narrando

Na vida há momentos em que devemos nos manter firme e de pé, mas tudo fica tão impossível quando você já não sabe onde se encontra a paz. Tudo está bem e de repente tudo vira um tremendo caos, ninguém sabe o porque, simplismente tudo vira de cabeça pra baixo, tudo perde o foco, tudo fica opaco demais pra ser entendido ou ao menos visto.

Após meu padrasto bater em minhas irmãs e minha mãe, ela simplesmente decidiu sumir, disse que iria atras dele, mas sei que nao foi, nao teria como, ele estava preso. Talvez ela retorne algum dia, talvez ela encontre a paz que precisa, talvez ela veja o quão ingrata e cega ela foi. Jhonata não para de ligar desde que tudo aconteceu e que ele descobriu sobre Clara ser filha dele, ele quer saber sobre a filha que ele 'não' sabia da existência.

Fernanda retornou as consultas, Eliana sempre que me vê me agradece por levar a filha dela de volta pra ela, me questiono constantemente pq minha mae tambem nao é assim, pq ela tambem nao consegue nos amar de tal forma. Levei as meninas na policia civil, foi um longo processo, mas Elizandro nao saiu da cadeia, ainda esta la, preso, provavelmente tendo o que merece na mao dos seus colegas de cela, e isso me alegra, porem nao posso demonstrar essa alegria na frente das meninas, ja as-perguntei se queriam ir vê-lo nos dias de visitas, elas nao querem, sei o quao sofrido essa situacao é, mas fico grata por elas entenderem que o que ele fez e fazia era errado.

Antônio, a cada 1 minuto tem uma nova chamada recusada, ja o-agradeci por tudo, mas nesse momento tambem preciso sair dessa bola de neve com Antonio e Jhonatan, preciso saber a melhor forma de conversar com Jhonatan e principalmente com a Clara, preciso focar em minhas irmãs que provavelmente estão com a mente cheia de culpa, medo e dor. A parte da delegacia foi bem dificil para as meninas, no dia seguinte fomos a delegacia, Pamella quis prestar queixa, não consigo imaginar o quão difícil aquilo tenha sido pra ela, não tenho noção da dor que ela sentiu no momento em que teve que contar que o pai dela espancou ela e sua irmã mais nova, eu não imagino o quão dolorido foi ela ter que ficar nua em uma sala minúscula para que outras mulheres tocassem seu pequeno corpo frágil decifrando cada hematoma que seu próprio pai havia deixado registrado. Foi doloroso ver minha irmã ali, naquele estado automático onde ela não conversava apenas assentia com a cabeça sobre diversas perguntas


''O seu pai é agressivo Pamella?" Ela assentia em silêncio

"Ele fez isso com você outras vezes?" Negava em silêncio absoluto

"Você presenciou alguma cena dele batendo em sua mãe?" Novamente em silêncio ela concordava.

Ficamos o dia inteiro ali, ambas em um sofrimento absoluto, até chegar minha vez, me recordar de toda dor que ele me causou, de quantas vezes acordei pelas madrugadas assustada achando que ele estava ali me enforcando novamente, por quantas vezes eu ia tomar banho e não conseguia fechar os olhos pq ele estava ali o tempo inteiro impregnado nas paredes daquele pequeno banheiro me vendo nua. Aylla passou pela psicóloga infantil, uma pediatra cuidou dos ferimentos das duas e recomendou tratamento psicológico, colocaram Elizandro em 3 artigos diferentes para o caso das meninas (136 do codigo penal / 232 do ECA e 18-A do ECA) tentaram contatar minha mãe para ver se conseguia encotra-la e ver se gostaria de prestar queixa tambem mas nao a-encontraram, mesmo Elizandro estando preso estamos todas sob medida protetiva, policiais rondam nossa casa durante vários horários do dia.

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