A parte mais bonita de se apaixonar

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| Katsuki | 


-Você não deveria se apaixonar pelo Izuku - Shoto disse, direto como uma bala.

Eu encarei o meu professor de natação e sua expressão mortalmente séria. O cabelo jogado para trás e aqueles olhos de cores diferentes que me encaram como se estivessem lendo a minha alma ou jogando um feitiço em mim. 

Qualquer que fosse a intenção de Shoto ao me dizer aquilo, provocou um arrepio inegável na minha coluna.

-Por que está me dizendo isso? - perguntei por fim.

-Notei que vocês dois tem se aproximado bastante - ele disse com simplicidade. - Não quero atrapalhar, mas... 

-Eu não sei de onde você tirou essas ideias - eu o cortei. - Izu e eu somos amigos. Só isso.

Shoto ergueu as sobrancelhas. 

-Amigos? 

-É, amigos. Sabe como é? 

-Claro! - Shoto murmurou. - Vá trocar de roupa e desça para o treino. Já chego lá.



A água gelada passava por mim como o tempo corria pela tarde. 

Era um alivio fazer todos aqueles movimentos repetidos, me preocupar apenas em manter o ritmo da minha respiração e voltar à superfície. 

Assim que o treino acabou e eu me despedi dos colegas de classe, evitei os olhos do professor Shoto que me encaravam com curiosidade. Maldito fosse ele. 

Por que eu estava tão incomodado com o aviso dele sobre Izuku?

Eu não fazia ideia.

Enquanto meus passos ecoavam nas escadas até o salão principal, parte de mim estava torcendo para não dar de cara com os olhos verdes mais uma vez. Eu estava genuinamente confuso com o que o Professor Shoto disse e com a desculpa que eu dei.

Mesmo assim, quando cheguei até a recepção, fiquei decepcionado ao descobrir que quem estava lá era Isis, não Izuku.

-Oi, Katsuki! - ela cumprimentou e eu sorri com vergonha para os olhos verdes que eram idênticos aos dele. - Que cara é essa?

Eu pisquei.

-Hein?

-Você não está parecendo muito feliz - ela murmurou com certa preocupação. - Aconteceu alguma coisa?

-Não - murmurei e estendi meu cartão para o check-out. - Onde está seu irmão?

-Acho que ele já foi - ela murmurou. - Quer que eu ligue para e-

-Não - neguei e me virei. -Tchau.

-Ah, uau. Tchau!

Atravessei depressa a calçada em direção a rua da frente; era só andar um pouco e eu podia pegar um ônibus para ir embora. Dentro do meu bolso, pude sentir meu celular vibrar algumas vezes, mas quem quer que quisesse falar comigo iria esperar um pouco.

-Ei! E-ei, Katsuki!

Eu parei na metade do caminho para atravessar a rua. Me virei devagar e dei uma olhada em quem estava me chamando. Arrastando seu carrinho de oxigênio, Izuku vinha. Ele atravessou metade do caminho até a faixa de pedestres antes de parar e colocar uma mão em cima do peito.

Ele estava ofegante.

-Ei - eu o chamei e corri até onde ele estava. Acho que nem prestei atenção na pista, se vinha algum carro ou não. Izuku deu um sorriso ao me ver e apoiou uma das suas mãos geladas no meu ombro.

DEEP LOVE | BAKUDEKU/ KATSUDEKUOnde histórias criam vida. Descubra agora