CORAÇÃO CHEIO

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Mirella Fernandez


Um minuto depois, o som do elevador me avisou que eu tinha tinha atingido o meu destino. Respirei fundo antes de tocar sua campanhia.

Eu estava acostumada a tomar decisões, mas nada que chegasse tão perto do que realmente a decisão de ir atrás de Stéfani significava. Não se tratava de escolher o batom, calças de cor, resort ou restaurante para jantar... Era uma decisão que podia ferir as pessoas, decepcionar outras e mesmo que eu quisesse evitar alguém sairia machucado. Então qual era a decisão certa a tomar? Era uma pergunta que sua mente inteligente e calculadora não podiam responder.

- Eu te amo! - Essas foram as únicas palavras que minha boca conseguiram pronunciar quando eu estava frente a frente com ela novamente naquela noite... Desde o pub eu queria dizer como ela estava linda. Ela parecia tão forte e certa exatamente como o dia em que a conheci. Eu senti todo meu corpo tremer da cabeça aos pés, enquanto ela me observava. Deus esses olhos, confusos mas profundos como sempre. Eu queria muito tocá-la.

- Mirella? - Perguntou me despertando do estado absurdo de transe em que eu me encontrava. - Você... como... o que..?

- Eu não sei. - Interrompeu. - Não sei o que estou fazendo aqui, mas me deixe tentar explicar antes que eu entre em pânico e saia correndo.

Meu nervosismo a fez sorrir com carinho e naquele momento eu senti que todo o meu mundo estava chegando no seu lugar. Como senti falta do seu sorriso. Como eu senti falta daquele olhar transparente pregado em mim, do jeito que ela estava fazendo agora, falando através do silêncio.

Ficamos apenas nos olhando assim que entrei no seu apartamento.  Era apenas nós duas agora.

- Quer se sentar? - Perguntou interrompendo o silêncio que havia sido criado enquanto nós simplesmente nos olhávamos.

- Se eu mover um pé deste lugar eu não vou ser forte o suficiente para auto me impedir de ir até você e te beijar. - Ela olhou para baixo suspirando.

- O que você está fazendo aqui?

- Eu te amo. - Repeti interrompendo suas palavras e fazendo-a me olhar intrigada. - Eu não estou aqui para te pedir nada Bays. Eu fiquei uma semana me agarrando a ideia de que te pedir para seguir sua vida fosse a melhor coisa a fazer. Eu não estou aqui pedindo para que você largue tudo, deixe o rapaz, volte e tente agir como se nada tivesse acontecido. Eu sei que não tenho esse direito!

- Mirella... - Ela tentou falar, mas eu continuei falando pedindo para que ela esperasse por mais um momento.

- Mas você tinha que saber, porque o simples fato de saber que você pode pensar que não significava nada para mim já me mata. Eu não consigo dormir, não consigo seguir... eu acordo todas as manhãs com a esperança de que tudo foi um sonho e que vai ficar tudo bem, mas não fica. Não há um lugar no mundo em que eu queira estar se você não estiver lá, não há nada que me faça feliz se eu não puder compartilhar com você... Por mais que eu tenha trabalhado, por mais que eu tenha lutado, desde que você voltou eu percebi que nada disso faz sentido, eu sinto muito a sua falta. - Desabafei jogando toda minha sinceridade em cima dela.

Eu podia ver suas mãos tremerem mesmo com a distância, seus olhos estavam úmidos quando nossos olhos se encontraram novamente. Algumas pequenas lágrimas escaparam a partir deles, assim como nos meus. Ainda com esses pensamentos em minha mente quase sem perceber, sem sequer pensar, senti seus braços me envolvendo  sem dizer nenhuma palavra.

Ela se agarrou a mim com força, eu correspondi como se nunca fosse fazer aquilo de novo.

O seu cheiro fez meu coração bater mais rápido. E apesar da situação, dos medos, dos obstáculos, naquele momento eu me senti em paz, com o coração cheio.

Independente do que viria a seguir, eu havia falado tudo o que eu sentia.

Aos poucos eu separei nossos corpos e juntei nossas testas, observando em silêncio enquanto as suas lágrimas escorriam pelo seu rosto e ela ainda não dizia uma palavra sequer.

Eu coloquei as duas mãos sobre o seu rosto e enxuguei suas lágrimas teimosas que não paravam. Senti a necessidade de beijá-la, tendo a sua boca apenas um centímetro de distância, um imã me aproximando cada vez mais dela e de alguma forma demonstrar a verdade de minhas palavras. Mas fomos interrompidas pelo toque da sua campanhia.

Stéfani se recompôs e foi até sua porta. Eu fiquei parada onde eu estava tentando conter minhas emoções e um pouco curiosa sobre quem poderia ser.

Até que eu ouvi a voz do rapaz atravessando a porta sem consentimento nenhum.

- É por causa dela não é? - Ele falou assim que me viu ali. - É por causa dela que você está deixando todos os nossos planos de lado. - Ele parecia com raiva.

- Para com isso Rô, nós já conversamos sobre isso.

Ele se aproximou de mim me olhando sério, chateado e então começou a dizer coisas sem controle algum.

- Você me prometeu que ia se afastar.

- Eu não te prometi nada e mesmo assim eu me afastei para que ela fosse feliz contigo caso quisesse. - Stéfani parecia bem preocupada com o aquilo poderia virar.

- Você acha que pode ter tudo, porque tem dinheiro, poder e fama. Mas você não vai ficar com a minha mulher. - Cerrei os olhos "minha mulher"?

- Ela não é sua e até onde eu entendi, vocês terminaram, eu não sabia que ela tinha te deixado.

- Então que porra você faz aqui?

- Isso não diz respeito a você! - Ele segurou meu braço e eu tirei sua mão. - Não faz nada do que você possa se arrepender depois, você não vai querer me ver usando meu "poder", então se acalma.  - Pedi tentando não demonstrar, mas eu estava começando a ficar preocupada também.

- Eu não tenho medo de você.

- Nem eu de você, é melhor você se acalmar. - Falei novamente.

Stéfani entrou na minha frente e eu neguei com a cabeça, jamais tinha imaginado aquela situação. Não queria colocá-la em risco.

Então ele se afastou e eu percebi que o que estava deixando o rapaz nervoso era minha presença ali.

- Eu vou deixar vocês conversarem. - Falei olhando Stéfani.

- Você fica. - Apontou pra mim, depois se virou para ele. - Nós conversamos várias vezes e em nenhum momento você foi totalmente sincero comigo.

- Eu fiz tudo o que eu pude para tentar continuar com você. Eu procurei ela porque acreditava que talvez você fosse apenas um capricho dela e com ela se afastando nós dois poderíamos ficar em paz. - Falou após se sentar no sofá com a mão na cabeça. - Mesmo assim você terminou comigo. - Eu mordi o lábio, triste pelo rapaz, mas nossa, aquela informação em si não me deixava nada triste. Egoísta? Talvez.

- Rô, não dá. Nós seríamos infelizes no futuro.

- Porque você ama outra pessoa. - Stéfani não respondeu, mas ele assentiu com a cabeça.

Rodrigo se levantou e se aproximou dela.

- Eu sei que eu fiz tudo o que eu pude pra te manter na minha vida. Em algum momento você vai perceber isso e vai ser tarde.

- Você está machucado, tudo bem dizer essas coisas. Tarde seria cair na real depois de casados Rô. Eu amo você, quero que você seja feliz, por isso é melhor assim.

- Não preciso de consolo, muito menos o seu agora. - Falou pra ela e se levantou. Ele passou por mim e então saiu, batendo a porta atrás de si. Eu fiquei olhando para o local por uns segundos pensativa, em seguida olhei Stéfani que ainda estava no mesmo lugar, naquele momento eu não sabia o que poderia dizer para consolá-la exatamente.


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Oi meus amores,

a história tá chegando ao fim! Espero que tenham curtido me acompanhar.


Não sei se vou escrever uma fic nova, mas eu estou aberta a ideias porque eu amo estar aqui com vocês!


Deixem suas impressões.

Beijos.

O lugar que o amor pisou - SterellaOnde histórias criam vida. Descubra agora