CAPÍTULO 4

9 3 1
                                    


Várias pessoas entrando e saindo das lojas, crianças ( meninos ) vendendo animais para seus patrões, mulheres e suas filhas atrás do vestido perfeito. Nada disso aconteceu comigo. Nunca comprei algo nas lojas da cidade ou tive que vender algo para os patrões, o meu pai já. Uma vez minha mãe encomendou um vestido pra mim, ele era rosa e ia até o joelho, sem dúvida o vestido mais encantador que já tive. Mas com o tempo ele ficou pequeno e voltei a usar os mesmos vestidos surrados de sempre, feitos com os panos velhos que estava acostumada.
Fox é uma polís incrivelmente calma. Não acontece muitos roubos aqui, mas também não tem muita proteção. A maioria dos guardas fica na região de Julikth que é a famosa " superfície proprícia " da cidade, ou, em outras palavras, o bairro dos mais ricos, os Dois e até alguns Três e Quatro de boa família moram lá. "Os guardas ficam onde realmente precisa de segurança" já ouvi isso de Dois e Três. É patético, mas de certa forma não estão completamente errados. Quem iria roubar um Oito que não tem nada além da roupa gasta no corpo e um pedaço de pão. Não iriam roubá-lo, porque não tem o que roubar. Agora, um Dois que recebe o triplo do que deveria, com uma casa de três andares e vestimentas que custa milhões, esses sim correm risco. Mas não tira o direito de segurança dos outros, ainda mais com os ataques rebeldes.
Aqui em Yegu as coisas funcionam assim:
¨ Dez são malqueridos.
¨ Nove, Oito e Sete são as castas dos inferiores.
¨ Seis e Cinco são os artistas e trabalhadores.
¨ Quatro e Três são os admiráveis.
¨ Dois são os importantes.
¨ Um a família real e a honrada e respeitada casta, a que manda em todas as outras. A mais importante.

No meu caso, uma Dez que está escondida em meio ás latas de lixo observando o movimento, é como um privilégio e uma desvantagem ao mesmo tempo. Consegui pegar bastante comida por causa da grande quantidade de restaurantes, porém o frio está muito mais intenso e a neve aumenta mais a cada dia.
Faz duas semanas que cheguei aqui, faz duas semanas desde que perdi Elizabety, duas semanas sozinha, duas semanas que não consegui evitar a morte da única pessoa que eu tinha. Pensei em voltar para a taberna do Sr. Reinald, mas não queria causar problemas para ele, não sei se os rebeldes estão atrás de mim ou não. E mesmo se não estivessem agora é a época do "recrutamento" deles. Cada dia mais Dez se juntam a esse grupo terrorista excessivamente pacóvio e obsceno.
Não pretendo ir para Betriw, não mais. Se vou ficar em Fox ou voltar para Menerpolis, ainda não decidi.
Já não é mais incio de mês, estamos no meio de dezembro, falta um pouco mais de uma semana para o meu aniversário. Falta um pouco mais de uma semana para não existir nada além de neve branca e congelante pelas ruas.

- Mãe vamos voltar para casa? - uma garotinha falou do outro lado da rua, mas alto o suficiente para eu conseguir ouvir.

- Tenha comportamento July!

- Mas eu não quero ficar nesse lugar, as pessoas são esquisitas! - ela falou o que me fez rir.

- Pare com isso. Primeiramente isso não é adequado e também respeite as pessoas July. - a mãe da garota estava certa, dependendo da casta que elas pertencem ( pelas roupas eu julgaria ser uma Três, de boa família ) aquilo seria extremamente inverídico e inoportuno. Isso tanto nas palavras quanto no comportamento da garota.

- Desculpa mãe.

- Vamos! - disse a mulher a puxando pelo braço e caminhando com ela para longe da minha visão.

Ouvi passos ( que pareciam bem próximos de onde eu estava ) e me encolhi atrás das latas.

- O que temos aqui? - uma voz masculina disse, grossa, um senhor talvez.

- Vamos, sabemos que tem alguém aí. - disse uma voz femenina dessa vez, mas calma do que deveria ser.

Sai de trás das latas. O homem era alto, de cabelos negros e que provavelmente tinha uns 30 anos, a mulher era loira, tinha mais ou menos a minha altura e aparentava ter uns 40, 45 anos.

A Coroa De Dois MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora