Hope • Sanatorium 2

09. Para Sempre.

-Eu não importo nada pra você? -Meu rosto estava enterrado em seu peito, molhando sua camisa. Eu perdi meus pais não tem nem uma semana e já vou perde ele também? Sei que deveria ter começado a gostar dele e ter facilitado as coisas antes, mas eu não percebi o quão desesperador é a idéia dele ir embora e me deixar para trás.

Hoseok não conseguia me olhar. Ou melhor, ele não queria. Isso estava me deixando ainda mais furiosa. Todo esse desprezo, me lembravam meus pais. Ele estava agindo exatamente como meus pais agiam comigo e não posso aguentar isso. Não consigo suportar.

-Diga algo! -O sacudi com força, força o suficiente para fazê-lo bater as costas na porta de madeira e ecoar um barulho alto pelo quarto. E ainda assim, ele se manteve imóvel. Meu choro estava intenso. As lágrimas escorriam por minha face sem nenhuma vergonha.

Deixei que meu corpo escorregasse até que eu caísse de joelhos em sua frente. Sem forças nenhuma para pensar em qualquer coisa. Hoseok não podia me deixar. EU preciso do sorriso dele, preciso da sua alegria. Hoseok é minha alegria, minha esperança de que eu posso melhorar. Se eu o perder, se eu perder minha esperança, eu não terei mais em nada em que me segurar. MInha vida vai perder todo o sentido que resta.

Sei o nome disso, Dependência emocional. Estou ciente de que estou mais propensa a desenvolver novos traumas e problemas psicológicos. E ainda assim, não fiz nada para me afastar dele. Mesmo quando o afastava, eu o queria por perto. Ele não pode ir embora.

Senti ele se abaixar ao meu lado. Dessa vez, eu quem me recusei a olhar para seu rosto. Sei a pena que está nele e não posso suportar isso. Já me humilhei o suficiente vindo aqui e fazendo todo esse show.

-Sinto muito Kelsey. Eu não posso ficar. -Ele disse com a voz levemente trêmula. -Espero que saiba como é difícil pra mim te deixar.

-Não está parecendo nada difícil pra mim. -Respondi de imediato com raiva na voz.

Sua mão segurou a minha e a levou até seu peito, do lado esquerdo onde seu coração batia rápido o bastante para bombear sangue ao seu corpo.

-Sente isso? Não pode acontecer. Por isso estou indo embora Kelsey. Não podemos nos envolver de outra maneira além de médico e paciente.

Meu coração parou. O que ele estava tentando me falar? Não se envolver além de médico e paciente. Isso significa que ele nutria sentimentos amorosos por mim? Hoseok gostava de mim? Ou pelo menos estava apaixonado? Alguma das opções podem ou não podem ser reais. Ele também pode estar se referindo ao fato de termos nos tornado muito amigos.

-Me apaixonei por você desde o dia em que te vi. Desde o dia em que foi internada. Me mandavam te checar todas as noites, e todas as noites eu me perdia te olhando dormir. Fiz de tudo pra ser designado a cuidar de você e só agora percebo o tamanho de erro que cometi. -Aquela voz doce e calma de Hoseok havia retornado. Eu conseguia sentir toda a sinceridade que ele queria me transmitir com aquilo, aquelas palavras ilusórias. -Não sei se consigo me manter sã ao seu lado. Preciso ir embo...

-Não! Você não vai embora! -Minha mandíbula travou só de pensar nessa possibilidade ridícula. Não o deixarei ir. Nunca. Ele será meu. Hoseok será meu pra sempre.

Ele é meu.

Hoseok será meu e sempre será meu.

Se ele não ficar comigo, eu sou capaz de colocar fogo nessa maldita cidade e fazer um massacre completo.

Hoseok é meu.

O empurrei com toda força que consegui. O mesmo caiu de costas no piso e me olhou com os olhos bem abertos e a expressão surpresa enquanto me montava nele. Ambas minhas mãos se enrolaram em seu pescoço criando uma gargantilha.