capítulo 21

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Any

Minhas mãos estão trêmulas ao entramos no quarto que eu uso
quando visito meus pais em Surrey. Ele sente o meu nervosismo, e dá um
beijo sobre cada um dos meus dedos.

Sei que fez para me deixar relaxada, mas o toque de seus lábios,
apesar de inocente e simples, faz meu corpo estremecer.

Ele me lança um olhar de compreensão, e um sorriso diabólico
surge em seus lábios. Sua língua deixa a boca e passa entre cada um dos
meus dedos, transformando o gesto romântico em um sensual.

Aperto as coxas e mordo o lábio inferior, mas engulo o gemido. Já
estou facilitando o suficiente para ele. O gesto de Noah foi lindo, mas,
como eu já disse antes, não vou mais me satisfazer apenas com gestos.

Quero o pacote completo. Não, não estou falando de casamento.
Pelo menos, não por enquanto.
Mas quero sair com ele sem precisar esconder o fato de ninguém,
quero que ele não saia com outras mulheres, assim como não sairei com
outros homens.

Finalmente, quero que a gente tenha uma chance de verdade. Ou
prefiro nem tentar mais.

Puxo a minha mão presa na dele, porque desse jeito estaremos na
cama antes que consigamos conversar e acertar alguns pontos.
Meu coração continua acelerado enquanto eu encaro seus lábios,
então fecho os olhos. Melhor.

Digo, não tão melhor. Agora, sem a visão, meu olfato ficou mais
aguçado, e seu cheiro delicioso e masculino invade as minhas narinas.
É melhor eu iniciar logo essa conversa.

- O que você queria conversar comigo, Noah?

Não o escuto, mas eu o sinto se aproximando. Sinto seu calor
emanando do seu corpo, sinto sua respiração contra a minha face, sinto seu
rosto a milímetros do meu.

- Olhe para mim, Any. Por favor

Não consigo abrir os olhos, por medo do que virá a seguir. Parece
que minhas pálpebras se recusam a funcionar, parece que meu corpo
entrou em modo de sobrevivência no que se refere a Noah.

Quase tenho um ataque cardíaco quando sinto seus dedos
acariciando levemente meu rosto. Ele se aproxima ainda mais, até sua
testa colar na minha.

- Any. Por favor.

Abro os olhos. Grande erro. O que quer que ele tenha a dizer, não
sei se terei forças de recusar. Não quando ele me olha com tamanha
intensidade.

- Sobre o que queria conversar, Noah? - minha voz sai levemente
trêmula; ainda assim, está infinitamente mais calma do que eu me sinto
por dentro.

- Eu te amo - ele diz as três palavras que achei que nunca fosse
ouvir de seus lábios. Ao menos, não direcionadas a mim.

Calma, Any, Controle-se.

- Se me ama, por que me fez sofrer tanto? Por que me disse que
nossa relação era impossível?

Ainda com a testa colada na minha, ele me abraça forte, e inspira
profundamente, como se estivesse se esforçando ao máximo para não me
beijar.

Conheço o sentimento, Urrea. Mas é melhor você se controlar,
porque eu quero algumas respostas.

- Fui um completo idiota. Não sei como não enxerguei antes o
quanto você é importante para mim.

- E meu irmão?

- Se eu precisar passar o resto da minha vida brigando com ele,
assim será. Vai valer a pena. Por você, tudo vale a pena.

- Não quero que briguem.

- Depois do seu discurso e o da Savannah lá embaixo, acho que ele
nem vai se achar no direito de reclamar contigo.

Vizinha Irresistível || 𝗰𝗼𝗻𝗰𝗹𝘂𝗶́𝗱𝗼 [✓] Onde histórias criam vida. Descubra agora