capítulo 7

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Noah

Encaro a Savannah por alguns segundos, sem saber ao certo o que lhe
dizer, enquanto ela parece entretida com os dedos da mão.

O que dizer à mulher que se deu um choque anafilático para evitar
que meu melhor amigo descobrisse o traidor de merda que eu sou?
E tudo por causa de um milésimo de segundo, no qual eu joguei o
bom senso ao vento e esqueci todas as razões pelas quais deveria ficar
longe da Any.

Claro que o milésimo de segundo esticou-se por minutos, e teria se
esticado por horas, se Sav não tivesse nos interrompido.

Só de pensar nos sons que Any fez enquanto eu a penetrava com os
dedos, no gosto doce de seus lábios e na sensação deliciosa dela apertando
meus dedos enquanto chegava ao ápice, fico com uma ereção.

Savannah parece sentir que o ar no quarto ficou mais quente, porque, do
nada, sua atenção deixa seus dedos e se foca completamente em mim.
Preciso distraí-la, antes que ela perceba o inchaço entre as minhas
pernas.

- Sav, queria te agradecer por...

- Por quase me matar para evitar que o imbecil do seu melhor
amigo te pegasse no flagra com a língua enfiada na goela da irmãzinha
caçula dele? - ela me interrompe.

- Não precisava ser tão gráfica, mas... Sim, obrigado por isso.

Sento-me na poltrona ao lado da cama estreita onde ela está
deitada, tentando organizar meus pensamentos.
Se, por um lado, eu não consigo manter o bom senso quando chego
a menos de um metro de Any, por outro, não consigo imaginar uma forma
de ficarmos juntos.

Não do jeito que ela merece.
Sav parece ler meus pensamentos confusos, e, depois de me
observar atentamente por longos minutos (apesar de seus olhos parecerem
um pouco perdidos), ela pergunta:

- Você nunca vai contar para o Josh sobre vocês dois?

- Ainda não sei - eu me vejo respondendo honestamente.

O que a gente fez está feito. Não posso desfazer nossos dias - e
noites - juntos. E, mesmo que pudesse, não faria isso. Os momentos que
passei com Any foram, sem sombra de dúvida, alguns dos melhores da
minha vida.

Se eu não puder tê-la, pelo menos terei essas lembranças. Talvez,
tenha que me contentar com isso, apesar de não chegar nem perto de sentir
sua pele sob minhas mãos, ou da sensação de estar em sua companhia,
dentro dela, sobre ela e...

Preciso pensar em outra coisa. Cruzo as pernas para tentar disfarçar
como as coisas ficaram duras. De novo.

- Mas vai continuar com a Any? - Sav insiste.

A enfermeira mencionou que ela está meio alta por causa da
medicação, mas ela está parecendo mais uma agente da CIA em um
interrogatório.

Seco a testa e respondo com a cabeça, não com o coração.

- Não, Sav. É impossível.

- Impossível? - ela grita, batendo as mãos contra o colchão. -
Não parecia impossível quando vocês estavam fodendo como coelhinhos
na última semana.

Uma enfermeira entra naquele preciso momento, encarando-nos
boquiaberta. Pelo menos, não foi o Josh com Any.

- Boa noite. Trouxe o jantar.

A mulher coloca a bandeja sobre uma mesa suspensa e a aproxima
na cama. Savannah pega um pouco da comida no garfo e, depois de cheirar e
fazer uma careta, ela experimenta.
Aí cospe a comida de volta no prato.

- Eca, comida mais sem gosto! - reclama, com um tom de
Rainha da Inglaterra. - Pode levar essa gosma para longe daqui, meus
pais vão trazer comida de verdade quando vierem.

Vizinha Irresistível || 𝗰𝗼𝗻𝗰𝗹𝘂𝗶́𝗱𝗼 [✓] Onde histórias criam vida. Descubra agora