XIII. Jogo Fatídico.

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A cortina balançava suave enquanto a janela aberta deixava a brisa entrar soprando o ar frio e agbradável por todo o cômodo.

Minha cabeça não conseguia digerir nada do que acabara de acontecer, era absolutamente surreal. Se eu não estivesse junto, juraria ser fantasia de filme e livro. Mas era real. Real demais.

Encostei o topo da cabeça na vidraça sem ser capaz de descolar os olhos atentos do projeto fajuto de igreja. Nem sabia como chamar aquilo. Havia algo a mais que ainda não conseguíamos ver e a certeza de ser repugnante me fazia

— Quer uma camisola emprestada?

— Se for ser a sua e você ficar sem, adoraria.

Ela riu. E, admito, era lindo.

— Nem num momento desses você deixa de ser atrevido.

— Faço o que posso. — encolhi os ombros, sorrindo ladino.

Ou só talvez estivesse tentando escapar daquelas cenas.

— Então — passei a língua nos lábios secos, umedecendo-os. Não sabia como reagir à tudo aquilo, menos ainda lidar com Bae e eu dormindo em um mesmo quarto por livre vontade dela. — vamos comentar sobre?

Ela respirou fundo, soprando o ar trêmulo. Sooyeon tinha os olhos distantes, presos em algum outro lugar enquanto permaneciam fixados no piso. Eu não conseguia dizer o que se passava em sua cabeça, mal sabia decifrar o que havia na minha. Sua destra foi direto nos cabelos, os jogando para trás e suspirou.

— Isso tudo é... bizarro. É loucura. — o tom soou fraco, deu para ouvi-la engolir em seco. — Nada aqui faz sentido.

— O que vamos fazer? Não dá pra simplesmente ignorar, não mais. E muito menos continuar aqui, não sabemos o que pode acontecer.

Bae enfim desgrudou o olhar do carpete velho e caminhou até a porta do banheiro.

— No que pensa em fazer?

Desconsiderando minha existência ali, a garota tirou a blusa sem pressa e os coturnos. Tive que desviar as orbes para qualquer lugar daquele quarto quando vi o sutiã preto ser removido, deixando à mostra as rosados e eriças auréolas. Pude sentir imediatamente aquela fisgada involuntária, ela provocava até quando não se dava conta.

Sem fechar a porta, Sooyeon entrou no banheiro e o barulho do chuveiro surgiu. Me senti um pouco desnorteado.

— Não sei direito. — murmurei. — Só não acho que deixar do jeito que está é certo. Precisamos acordar aquela gente, não entendo como deixam isso tudo acontecer sem fazer nada.

— E então? Quer chegar lá e dizer "gente, ele tá batendo em vocês, fujam!"? Essas pessoas estão sendo completamente manipuladas, Taehyung

— Dá pra perceber. — sentei na beira da cama, tombando o corpo para trás somente o apoiando com os braços esticados. — Mas tempo é precioso. Qualquer segundo a mais ou a menos pode colocar a vida de alguém e a nossa em jogo.

— Viu o que fizeram com o seu quarto? E o que aconteceu naquela maldita igreja? Já estamos condenados, não resta opção. Nós vamos fazer algo.

De súbito, a silhueta apareceu, as curvas muito bem nítidas na sombra que se mexia pela parede sem pressa alguma. Quis virar e visualizar em cores.

— É confuso. Tentar fugir e deixar pessoas inocentes serem mortas aos poucos ou ficar e acabar sendo mortos aos poucos. — suspirei.

— Eu sabia que seria assim quando resolvi vir. — disse em tom baixo, a sombra deixando de lado a toalha. Podia jurar que ela estava me provocando em cada mínimo gesto, como se soubesse o que me suscitaria. — Já você, foi acaso, não?

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