As não tão aventuras de Lana

Amor de Cristal

    24 de janeiro de 2072.

    Seus olhos estavam distraídos pelas palavras de um livro. Tão distraídos que não viram o rapaz que estava igualmente distraído com seus pensamentos.

    O choque entre os corpos foi inevitável. O garoto foi lançado ao chão, enquanto a garota o olhava com desdém em pé.

    — Olhe por onde anda, formiga — Ela disse, perscrutando-o.

    — Você está andando com uma droga de livro nas mãos, talvez você que devesse olhar por onde anda, princesinha! — Se levantou resmungando.

    — Não vou perder meu tempo com você — A garota recomeçou a caminhar.

    Ela não gostava de plebeus, principalmente aqueles que andavam com roupas tão rasgadas. Era como se aquele plebeu simplesmente não se importasse com os bons modos perante a realeza. Ele podia ter os olhos bonitos, mas era muito maltrapilho.

    — Rubi, por que você é tão rude com os outros? — Uma mulher de olhos verdes começou a andar ao seu lado.

    — Eles não merecem minha atenção, Esme — bufou.

    — Não é porque você é da família real que precisa desprezar todos os outros — Ela sussurrou. — Afinal, quem sabe o que pode acontecer no futuro?

    — Isso não me preocupa — falou e abanou a mão, descartando a possibilidade. — E você também não deveria se preocupar, logo se tornará a rainha deles.

    Esme revirou os olhos sabendo que aquela era uma discussão sem fim. Ela tentava educar o lado soberbo de suas irmãs, ela sabia que pouco mudariam apenas com sermões.

    — Você está estudando sobre guerrilhas de novo? — Esme observou o livro nas mãos da irmã. — Sabe que se papai vê-la com isso não ficará nada feliz.

    — Isso é um problema para a Rubi do futuro, caso realmente aconteça — falou e sorriu.

    Esme balançou a cabeça e suspirou. Ela deixou Rubi seguir o caminho sozinha, não aguentando mais a aura presunçosa da irmã mais nova.

    03 de fevereiro de 2072.

    — Nenhuma princesa pode ir! — Esme tentou argumentar.

    — Eu vou e não me importo se você acha que eu não deveria! — Rubi gritou e jogou um livro contra a parede.

    — Deixe-a ir, Esme — Uma garota de olhos prateados falou. — Ela sabe onde está se metendo.

    Esme se virou para a garota e arregalou os olhos. Sua pele, geralmente azul, agora estava em um tom lilás.

    — Diana, ela precisa parar com essa ideia estúpida! — apontou para Rubi, que estava socando algumas roupas em uma mochila. — Eles não vão te aceitar lá.

    Rubi sorriu, pegou uma corrente prateada que estava na cama e a colocou em seu tornozelo. Seus seios diminuíram, a cintura aumentou e pelos brotaram em seu rosto, formando uma barba rala.

    — Apresento-lhes: Kenji — Rubi falou e sua voz estava mais grossa e rouca.

    — Não espere que eu vá te ajudar com alguma coisa — Diana franziu a testa e saiu do quarto cansada da discussão.

    — Como o esperado — Rubi comentou.

    — Vá antes que eu mude de ideia e tente te impedir novamente — falou com a voz afetada.