"il mio fiore"

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Se você estiver solitária, venha ser solitaria comigo.

Coyote theory
the sido of Paradise

—GRAVITY—

Nunca pensei que pudesse me apaixonar.

Afinal, nunca me senti como alguém que pudesse ser alguém apaixonável. Uma garota pálida, quieta e sem sal impossível de fazer qualquer ser humano se apaixonar por ela.

Por isso que minha solução, desde os doze anos quando Peter Mackenzie declarou para o refeitório inteiro que nunca namoraria como alguém como eu, foi apagar esse tipo de pensamento da minha cabeça e me afogar nos romances de outras pessoas.

As fictícias, é claro.

Garotas fortes e determinadas que conhecem meninas legais e bonitas, que as amam de verdade e as apoiam e fazem elas se sentirem maravilhosas. Ou garotos tímidos e fofos que fazem a garota empoderada e temida por todos se derreter.

Uma certa vez, li um romance de uma garota que vai à Itália a pedido da mãe, conhecer o pai. Lá, ela conhece pessoas incríveis, faz amigos, amadurece e se apaixona por um garoto incrível.

Foi ali que sonhei por um bom tempo em conhecer Florença, ou qualquer outra parte atraente da Itália. Claro que, dada as circunstâncias, imaginara sobre novas amizades, sobre amadurecimento, sobre os lugares incríveis que iria conhecer, mas um garoto? Um garoto incrível que se apaixona por mim?

Era difícil de acreditar.

Mas a vida resolveu rir da minha cara e fazer disso uma piada de mal gosto. Não de mal gosto, foi de muito bom gosto, pra ser bem sincera.

Não gosto de dizer isso em voz alta, mas minha irmã mais velha que me levou aonde estou, hoje. Talvez aquele empurrão na pista de patins do CS nunca tenha me levado a uma visão mais clara da vida, talvez do amor, e da dor nas costas, mas não sei dizer ao certo.

— Está tudo bem por aí?

O doce som grave da sua voz me faz fechar os olhos instantaneamente. Me viro para ele, por um momento, sorrindo na sua direção.

Seu quadril está apoiado na bancada de mármore amarelado da cozinha, os braços cruzados, fazendo o tecido quadriculado na manga da camisa se apertar ao redor dos braços fortes.

— Está. — confirmo — Acho que estou pegando o jeito. — lhe mostro os tomates cortados.

Ele tentou não fazer uma careta pra os meus tomates, mas estão tão maltratados que foi quase impossível não sentir pena deles.

— Eu sei. — suspiro — Sou péssima na cozinha. — franzo o nariz pros tomates. Estão quase pedindo socorro.

— Não é péssima na sozinha, Fiore. — Se aproximou, segurando minha mão com delicadeza — Talvez péssima cortando tomates, mas não na cozinha.

Acabo rindo, junto com outro suspiro, este mais aliviado que o primeiro.

— Só queria ajudar Ninna com a comida. Estou me sentindo inútil desde que cheguei.

— Não diga isso, Fiore. — seus dedos foram até meu rosto, acariciando minha bochecha.

Não pude deixar de sorrir com seu carinho. Talvez nunca me canse disso, de ser mimada e consolada por ele. E felizmente, é o que ele mais gosta de fazer, me dar carinho e fazer eu me sentir bem.

Contos de Greendale e RiversideOnde histórias criam vida. Descubra agora