Montado sobre a sela do cavalo puro sangue marrom, a capa rubra era moldada pelo vento forte guiado ao trote rápido. O arqueiro planejava cobrir uma área extensa a procura da besta, e não retornaria até cumprir seu objetivo.
Ele já havia se acovardado a tempo de mais, evitando a tempo de mais. A promessa de proteger sua família era sua lei, e se o seu legado fosse morrer tentando, que fosse então.
O demônio vermelho estava a caça ao lobo.
A escuridão suavemente reivindicava seu domínio sobre a noite, a floresta era tomada por outro ciclo e novas criaturas se dispunham nas trevas da escuridão.
A audição experiente do ômega captava novos sons. Alguns dominantes e selvagens. Outros sutis e contidos, lamúrias sôfregas.
Os passos do caçador arqueiro eram suaves como uma pluma, pelas sombras ele se moviam meticuloso como um felino. Oportunista como uma cobra peçonhenta pronta para o bote.
Conhecia a área tal qual conhecia o próprio corpo. Poderia vaguear por aí de olhos fechados e nunca se perder. Portanto, não foi difícil perceber pequenas mudanças no ambiente, marcas no chão, galhos quebrados, rastros de cinzas… Claros indícios humanos.
Seus instintos insistiam que algo estava errado.
Seguiu caminho por mais alguns minutos, até que ao longe avistou uma luz fraca e suave, se destacando no breu. O cheiro de queimado sendo trazido pelo vento.
Uma tocha.
Não podia ser...
Os únicos audaciosos o suficiente para pisar naquela parte da floresta eram os Kälte, um grupo de caçadores de feras e aberrações. Seres imundos e cruéis em busca de poder e dinheiro que empenharam suas vidas miseráveis em nome da ganância, doentes pela ambição. Asquerosos.
Jimin nunca tinha os visto naquela parte da floresta, eles sempre se mantinham ao lado sul das montanhas.
Furtivo o ômega se aproximou do acampamento, oculto das sobras, os lumes verdes e afiados averiguando-os cautelosamente.
Eram sete.
Cinco homens e duas mulheres. Ao redor de uma fogueira eles discutiam:
- Eu já disse alfa, é inútil persistir nessa parte da floresta, devemos rumar ao norte. – Uma das mulheres disse, provavelmente outra alfa. No povoado não era comum e nem bem visto que ômegas se envolvessem com aquele tipo de coisa. Acreditavam que eles sempre deveriam ser submissos, zelando a casa e fazendo filhos.
- Bakay tem razão, estamos a luas sondando esse perímetro e nenhum sinal daquelas aberrações. Estamos perdendo tempo e dinheiro. – Concordou um dos homens.
- Acalmem os ânimos, - Um deles se ergueu, certamente o líder do grupo. – No momento certo iremos ter a cabeça daquele demônio vermelho em mãos, assim como aquelas outras bruxas que se escondem em algum lugar dessa terra maldita. Tenham paciência e por enquanto apenas se preocupem em afiar suas lâminas.
O sorriso perverso cresceu na face de cada um.
- Na alvorada nós partiremos. E uma coisa eu prometo a vocês. Aquelas bestas irão morrer antes da terceira lua, de forma lenta, gritando e implorando por suas vidas, e nós voltaremos para casa vitoriosos com suas cabeças em mãos. – Terminou com um sorriso sádico e seus companheiros ergueram canecas de metal cheias de alguma bebida, realizando um brinde.
Seu rosto se contorceu em ódio, as sobrancelhas franzidas até o limite e os ossos das juntas embranquecendo graças à pressão das mão cerradas. Com o sangue correndo pelas veias feito larva fervente, Jimin puxou uma flecha das costas e usando a seu favor as sombras da mata, empunhou o arco, encaixou a lança e mirou na cabeça do infeliz que havia ameaçado sua família.
O brilho da fogueira refletia em seus olhos, tornando a cor esverdeada ainda mais viva e letal, de forma que não teria alguém para suspirar diante tamanha beleza, mas sim para tremer da cabeça aos pés, visto tão intensa expressão assassina.
E infelizmente ou não, esses olhos foram a última coisa que o líder dos mercenários viu na escuridão, antes de uma flecha perfurar sua testa com a ponta afiada atravessando completamente seu crânio.
Assustados, os outros largaram as bebidas e se ergueram em posição de ataque, perguntando o que estava acontecendo.
O caçador saiu das sombras a passos leves e determinados. Faria questão de ter seu rosto lembrado como o algoz de cada um ali presente enquanto queimavam nas chamas do tártaro.
Se supunham que ele era o dono do caos e trevas.
Então ele iria mostrar-lhes o inferno.
Coberto pelo capuz vermelho, o rosto escondido na escuridão com apenas os dois pontos esmeralda cintilando, puxou uma flecha até a bochecha, exigindo o máximo da extensão fina da corda. Um dos homens o viu e assim que avançou um passo na direção do ômega, teve a garganta acertada de forma brutal pelo cume afiado da arma. Jatos e jatos de sangue sujando suas vestes.
- Demônio maldito!
Um beta disse rosnando antes de puxar uma espada e correr na direção do arqueiro que puxou três flechas projetando-as em um único tiro, acertando duas na coxa e outra no ombro, o homem caiu no chão gritando desesperado com a mão sobre a perna dilacerada pela ponta cortante.
Em seguida, graças a seu reflexo rápido, o loiro girou rápido sobre o próprio eixo desviando de uma alfa que desembainhou duas lâminas gêmeas, rosnando enfurecida.
- Sua aberração, você vai morrer! - Gritou pulando sobre o Park, o caçador largou o arco, gravando uma flecha com a própria mão na barriga da alfa, enquanto com a outra empunhava a adaga que cruzou com as lâminas com tanta força que o aço faiscou.
O caçador trincou os dentes, sustentando toda a fúria da alfa e suas espadas com uma única adaga.
Um segundo a menos, um movimento a mais e teria sido partido ao meio.
Enfraquecida, ela caiu de joelhos aos pés do Park, que ainda segurava a flecha cravada em seu estômago. Olhando fundo nos olhos inimigos, ela sorriu com os dentes sujos de sangue, tossindo o líquido rubro antes de dizer:
- Você vai morrer... Você e todas aquelas bruxas imundas! – Jimin ergueu a adaga e abriu uma fenda na garganta da mulher com brutalidade. O sangue sujou seu rosto enquanto ele assistia a vida se esvair daquele corpo ordinário.
Mas antes de se virar, sentiu uma pancada forte na cabeça e tombou para o lado soltando um grito de dor. Levou a mão até a região lesionada ao passo que, com a visão ainda turva e os sentidos bagunçados, viu que sobre ele estava o beta que anteriormente tinha acertado o ombro e a perna.
Em meio a confusão, Jimin esqueceu até o ensinamento primordial que a vida lhe dera: "Quando atirar, certifique-se de matar. Imbecil."
Sentia as pálpebras pesadas e o corpo dormente o impedindo de sequer se arrastar para longe.
Diante de si o homem erguia uma espada grossa e afiada, que com certeza tinha mais do que a capacidade de atravessa seu crânio com facilidade. E com os olhos transbordando insanidade, berrou com a boca escorrendo sangue:
- Morra seu demônio! Morra!
Porém antes que tivesse tempo de descer a lâmina e empalar a cabeça do caçador, um uivo potente como um trovão cortou o ar seguido da imagem do lobo que surgiu da escuridão e pulou sobre o mercenário, abocanhando a cabeça do homem e separando-a do corpo com uma única mordida.
O cadáver sem cabeça caiu ao lado do ômega e o melecou com seu sangue nojento
A respiração do ômega estava desregulada sobre o brilho das chamas da fogueira, onde as pupilas totalmente dilatadas encaravam frente à frente à criatura selvagem de olhar intenso.
Pela segunda vez.
O animal gigante ostentou um olhar que o Park julgou indecifrável, antes desmoronar que um baque sobre o chão, caindo parcialmente sobre as pernas do caçador.
No auge do terror, Jimin se distanciou o mais rápido que conseguiu. Puxando as pernas com desespero.
No entanto a audição apurada do caçador captou um grunhido baixo. Disparando a curiosidade do mesmo até estar próximo o suficiente de enxergar mais da metade da ponta da espada destinada a atravessar sua cabeça, agora gravada sobre o peito do predador de pelos negros.
Desnorteado o caçador se aproximou, não foi preciso que pensasse duas vezes antes de se ajoelhar ao lado da criatura que respirava com dificuldade, e com as mãos trêmulas puxasse o cabo da espada. O animal soltou um grunhido semelhante a um rosnando mas no fim um tanto choroso.
O arqueiro usualmente portador de uma firmeza invejável sobre as mãos, contudo, via as mesmas tremerem excessivamente enquanto pressionava a fenda profunda em meio a pelagem preta por onde o sangue jorrava com abundância.
Um frio se apossou do pé de sua barriga, quando notou que a fera já não se contorcia ou fungava como antes. Se tornando imóvel sobre suas mãos.
- Não... – O sussurro saiu de seus lábios sem que o mesmo percebesse.
O lupino estava morto.
A conclusão fez cada pelo sobre a derme do ômega se eriçar de uma forma desgostosa, seguido de um amargor em seu paladar.
Aquele era exatamente o seu objetivo ao sair da cabana que morava.
Matar o lobo.
No entanto, por que agora se sentia tão mau?
No entanto, não havia tempo para alto piedade entanto a descrença tomava seus olhos, quando repentinamente o lobo começou a ter o corpo deformado. Os pelos escuros deram lugar uma derme clara e suja por terra e sangue, até que toda a estrutura se transformou em um homem.
Incrédulo ele não teve reação a não ser paralisar por milésimos de segundos. Duvidando até mesmo da própria sanidade.
Descrente e cauteloso, observa que o líquido rubro ainda é expelido pelo ferimento, agora localizado abaixo da costela no físico do homem nu. Tão profundo quanto antes.
E atento aquela região da estrutura do outro o Park percebe um leve e sutil movimento.
Ainda estava respirando.
Ágil Jimin corre até um dos corpos mortos dispostos ao seu redor. E com a adaga em mãos corta um grande pedaço de pano da verte do defunto. Ele não precisaria mais daquilo de qualquer forma.
De volta ao outro, pressionou um pedaço do pano contra o golpe, usando uma tira maior como uma espécie de atadura ao redor do abdômen firme.Hello!
Enfim dessa vez não demorei tanto ao menos.
Bem, não sei muito oq dizer, vcs gostaram?
Espero q sim ^3^Aliás uma reclamação aleatória, os dois capítulos anteriores o wtt tá bugando os comentários pra mim, já fiz de tudo mas n sei como consertar, espero q esse de certo.
De qualquer forma agradeço a companhia de quem leu até aqui. Bjinhos até mais <3
VOCÊ ESTÁ LENDO
A BESTA ESCARLATE • pjm+jjk
FanficChapeuzinho vermelho. Uma história contada de diferetes formas ao longo do tempo. Mas, você conhece a verdade oculta por trás do doce conto de final feliz? Diferente das histórias narradas em contos populares, não se tratava de uma garota indefesa...