Capítulo 5

30 0 0
                                    

Acordei com batidas na porta e pulei de susto. Será que tudo não passou de um sonho? Droga! Abri a porta e quando eu vi, era Ava... ela estava chorando muito. Eu instantaneamente comecei a chorar também, ela me abraçou forte e foi até o carro. Sua barriga não estava nenhum pouco grande, me perguntava se ela já tinha ganhado o bebê. Ela voltou com uma cesta e com uma criança no colo, ela empurrou nos meus braços e colocou a cesta com alguns brinquedos no chão. Eu fiquei confusa, chorei mais ainda... eu não estava entendendo.

-Cuida dela para mim Eloise, não permita nenhum mal acontecer a ela.-ela disse chorando e correu para o carro.

-Não Ava, por favor não... eu não tô pronta...-digo correndo até o carro.-Me diz pelo menos o nome e idade dela.

-Ela vai fazer seis meses amanhã e não tem nome.-ela diz chorando com a mão no peito e o carro parte.

A criança agora chorava, chorávamos juntas enquanto eu voltava para dentro de casa. Aquela criança não tinha mais de sete meses e já foi abandonada, ela tava grávida ainda, mas decidiu dar a filha mais velha. Eu abracei ela e fiz carinho em sua cabeça, logo ela parou de chorar. Coloquei ela deitada no sofá por um minuto enquanto eu pegava a caixa com seus brinquedos e com duas mamadeiras prontas, pelo menos isso...

Eu sentei no chão de frente para ela e a encarei, ela era linda de mais, tinha lindos olhos azuis, sorri com aquela coincidência. Tinha as bochechas mais rosadas e fofas que eu já vi em toda minha vida, seus cabelinhos eram pretos como os de Ava, ela sorriu para mim, um lindo sorrisinho banguela. Eu já estava apaixonada por ela, eu sorria a cada sorriso seu, ela ainda não tinha um nome, eu fiquei feliz em poder dar um nome a ela, pensaria nisso com muito carinho. Ela era diferente do que todas as mães diziam, ela era quietinha, se distraia fácil com seus brinquedos, apenas balbuciava alguns sons completamente fofos. Eu podia facilmente cuidar da casa enquanto ela brincava, até tive tempo de preparar minha comida, eu não sei porque tive tanto medo. Quando terminei meus afazeres eu corri para perto dela e fiquei brincando até que ela adormecesse, então eu a coloquei na cama e fiquei acariciando seus cabelos.

Ouvi novamente alguém bater na porta, tive medo de ser Ava novamente, tive medo dela querer a criança de volta. Coloquei meus travesseiros em volta da bebê e sai de fininho. Quando abri a porta, para minha surpresa era Charlie, ele sorria para mim.

-Te acordei novamente?-eu sorri e o abracei.

-Não, pode entrar, tenho algo para te mostrar.-peguei a mão dele e subi as escadas pedindo silêncio, ele me olhava confuso e assustado.

Quando ele olhou a pequena deitada ele colocou as mãos na boca e parecia muito maravilhado. Ele se sentou na cama e deu um leve cheirinho nela. Me sentei ao lado dele e ficamos olhando ela dormir, estávamos babando nela quando bateram na porta novamente, deixei o Charlie com ela e fui atender a porta. Dessa vez era Jolie, ela estava animada de mais.

-Cadê o bebê?-me perguntava como ela sabia.- Eu vi uma mulher saindo de carro dessa direção, como ela se parecia muito com você, imaginei que fosse sua irmã trazendo o bebê para você, mas não sei pois está muito cedo.

- Está lá e cima.-digo.

Mal termino de falar e ela já sobe correndo, eu apenas dou risada de sua reação. Quando chego no quarto eu não sabia quem estava mais admirado pela beleza dela, todos nós estávamos babando. Talvez ela se sentiu incomodada por tantos olhares, mas ela acordou, deu uns bocejou e um leve chorinho e depois ficou encarando a Jolie e o Charlie com os olhos arregalados.

-Aí meu Deus, que olhos lindos.-Charlie disse acariciando sua bochecha e ela sorriu para ele.

-Posso pegar? Me diz que eu posso por favor.-Jolie disse sorrindo e fazendo gracinhas para a pequena, eu assenti e a ela pegou.

-Como ela se chama?- Charlie perguntou segurando a mãozinha dela.

-Ela não tem nome, eu pensei em alguns, mas ainda não decidi qual nome colocar. Pensei em Emma, Isabelle, Kiara e Melanie. Mas o meu preferido foi Mel...

-Melanie.-Jolie e Charlie disseram juntos e começaram a rir.

-Eu também acho.-digo rindo.- Eu preciso comprar algumas coisas para ela... Charlie você pode me levar até o centro? E Jolie, você pode cuidar da Melanie por mim?

-Claro, eu vou dar um banho nela e a levarei para casa, você pode buscar ela lá depois?-ela pergunta e eu assenti com a cabeça.-Então perfeito, eu serei sua segunda mãe Melanie.

Eu e Charlie saímos e fomos até o centro, entreguei a ele metade do dinheiro e disse para ele comprar coisas para Melanie brincar e leite. Eu fui atrás de um berço, banheira, roupas e algumas coisas de higiene para ela, acabei comprando até mesmo uma lata de tinta cor de rosa, eu estava muito empolgada.

Quando acabou nós nos reencontramos na carroça, Charlie estava conversando com uma menina, ele parecia envergonhado, eu sorri e esperei ele voltar. Então seguimos para a casa, só sabíamos falar nela, o quanto ela era fofa. Charlie pediu para poder ir até em casa vê-la com frequência, eu obviamente disse que ele não precisava nem pedir, que ele era meu melhor amigo e que seria muito bom ter ele por perto.

Chegamos até a casa de Jolie e Gregory também estava babando na pequena Melanie, eu achei muito fofo e então fomos até em casa, Jolie e Gregory ficaram, aliás, estava escurecendo já, e eles precisavam fazer o jantar e dormir, pois Gregory saia cedo para trabalhar em uma pousada no centro.
Não queria ocupar mais ainda o Charlie, mas ele insistiu em ficar e me ajudar a montar o berço para a pequena Mel. Enquanto ele montava eu preparei biscoitos e esquentei um pouco de leite e levei para ele. Ele ficou muito feliz e fez um brinde com a mamadeira da Melanie, ela deu gargalhada e nós dois ficamos babando nela.

Ele terminou o berço a tempo, pois depois da mamadeira ela acabou dormindo e eu a coloquei no berço e cobri com um pequeno mosqueteiro que veio junto. Nós descemos as escadas e ficamos na sala por um momento, já era tarde, ele tinha mesmo que ir... não que eu estivesse o expulsando, mas seria muito ruim se alguém o visse saindo daqui a essa hora.

-É melhor você ir, está ficando tarde..-disse sorrindo e me levantei.

-É esta mesmo, o tempo voa.-ele disse sorrindo.-Eu volto amanhã para te ajudar com a horta, logo logo a pequena Melanie vai precisar comer alguns legumes.

-É verdade... mas não precisa se incomodar com isso.-digo e ele se aproxima de mim.

-Eu irei fazer isso.-ele diz e me dá um beijo na testa, meu coração dispara automaticamente.-Você poderia levar a Melanie para minha mãe conhecer algum dia? Ela ama crianças.

-Claro, porque não amanhã? Depois que você vier aqui eu te acompanho até sua casa para ela conhecer sua mãe... aliás... eu também quero mais daquele doce.

-O que?!? Você já comeu tudo?-ele pergunta rindo.-Ela vai ficar impressionada. Eu te vejo amanhã Ellie.-ele diz e se afasta, indo em direção a sua carroça.

Meu coração estava disparado, eu nunca havia sentido aquilo, esperava que não fosse nada de mais, devido alteração nos meus batimentos cardíacos eu não tinha sono algum, então peguei a tinta e fui até o quarto ao lado preparar ele para minha pequena Melzinha. Pintei quase o quarto inteiro, exceto por uma parede em branco, não tinha visto o tempo passar, quando me dei conta eu apenas fui para meu quarto, olhei a pequena dormir e me deitei olhando para o berço, então acabei dormindo.

Eu não sabia ao certo o que seria da minha vida ali em diante, muitos falariam mal de mim pelas minhas costas, falariam coisas horríveis assim como falaram da minha irmã quando a reputação dela veio ao fim. Mas esse era um risco que eu estava disposta a correr. Era meu primeiro dia com ela ao meu lado e eu já sentia um amor tão grande por ela, não me via mais um segundo sequer longe dela, eu tinha medo de perdê-la, medo dela se machucar ou algo assim. Eu sabia que era nela que meu coração se encontrava, mesmo que ela não tivesse sido gerada de mim, ela era sim minha filha, pois eu daria tudo de mim, daria meus dias, minhas horas, e tudo que eu pudesse, para ela. Eu só pararia de lutar quando visse o seu pequeno sorriso para mim, mesmo assim os esforços nunca seriam encerrados. Ela já era tudo para mim em menos de 24 horas, eu já a amava.

O que faltava em mim.Onde histórias criam vida. Descubra agora