Capítulo 2

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Boa leitura🌹
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By Marjorie

Já havia se passado três meses. Como o esperado tudo ia de mal a pior, meu pai bebia e ficava sentado no sofá lendo jornais antigos e livros sobre política, não dirigia a palavra a mim ou sequer fazia algo se eu estivesse perto. Me machucou há algumas semanas com a explicação de que talvez assim eu ficasse diferente da minha mãe

Eu entendo. A bebida e a falta da esposa fizeram isso com ele, e não o culpo, sei que no fundo ainda me ama, afinal, sempre me amou e me tratou muito bem, um deslize desses é comum...bem, quem nunca errou que atire a primeira pedra

Levantei da cama esperançosa ao ouvir meu nome ser berrado da sala principal. Me repreendi no segundo seguinte ao sentir minha costela reclamar pelo movimento brusco; olhei para as ataduras que cobriam meus seios e vi um pouco de sangue escapando, decidi que veria isso depois e coloquei um robe antes de andar lentamente até a sala ouvindo meu pai berrar novamente:

- MARJORIE! AINDA NÃO ME OUVIU SUA- parou no segundo em que parei na entrada - ajeite a postura, não tem problema algum para andar curvada assim - mordi o lábio inferior para conter o gemido e me endireitei - vá até meu escritório e pegue a caixinha de veludo que está encima da mesa - bebeu mais um gole de vinho - sua mãe me disse para te entregar quando fizesse 16 anos, mas não importa mais

- Sim senhor - respondi sorrindo e me voltei as escadas lentamente

O escritório era no terceiro andar e eu estava no térreo, oque significava que eu demoraria algum tempo para subir já que minha costela insistia em ser inconveniente. Eu ainda tinha quinze, então acho que devo esperar para abrir...de qualquer forma não quero desobedecer o meu pai, seu surto poderia ser pior que o último; sequer gostava de lembrar

Assim que cheguei exatos 32 minutos depois - oque normalmente faço em bem menos que isso - vi a caixinha encima da mesa, sorri ao abrir e ver o formato engraçado da jóia. Um símbolo que tinha nos livros em que minha mãe escreveu, um triângulo, com um círculo no meio e uma reta no meio

A capa da invisibilidade, a pedra da ressurreição, e a Varinha das Varinhas; as Relíquias da Morte. A peça era feita em prata e completamente magnífica, a cobra que se enrolava no próprio corpo e formava a pedra filosofal deixava a peça toda ainda mais elegante

Junto dela um pequeno bilhete, o peguei lentamente e andei até o pequeno espaço da sala reservado para o lazer e distração de meu pai e me encostei na lareira apagada, já que se me sentasse não conseguiria levantar por um bom tempo. Me assustei ao esbarrar sem querer em um pote de cerâmica e cuidadosamente me apoiei à frente do mesmo abrindo o bilhete;

"Querida e amada Marjorie, parabéns pelos seus adoráveis 16 anos! Lamento não estar ao seu lado, mas lhe garanto que ganhará algo muito melhor do que jamais teve; e para que tal coisa aconteça, desejo que adivinhe minha recente charada;

Para o jogo começar
Pelo negro cachorro deve iniciar
Pela casa que não há afeto, apenas vários nadas
Mas será preenchida com amores e gargalhadas
Diante das paredes frias irá percorrer
E com paixão e afeto irá permanecer
Pelo incesto, desejo, dinheiro e poder
Os corvos cantarão ao amanhecer
E da casa que não há afeto e não há nada
Surgirá a mulher mais amada"

  Não entendi muito, na verdade até tinha uma rasa ideia, mas não fazia sentido algum. Nas histórias em que criou, havia PadFoot que era um animago, um cachorro negro, Sirius Black que cresceu na mansão de sua família que era tão vazia quanto o coração dos próprios pais. Pela descrição me lembrava bem o Largo Grimmauld n°12

Encostei a cabeça com o bilhete e caixa em mãos e sorri, fechei os olhos por um instante e soltei um gemido de dor ao tentar respirar fundo, abri os olhos alguns instantes depois e reparei na estante acima de minha cabeça, um livro de capa vermelha e gasta que eu bem conhecia estava apoiado ali

Tentando não fazer esforço, estiquei o braço sentindo lágrimas involuntárias de dor escorrerem pelo meu rosto, minhas costelas gritavam enquanto eu tentava pegar o livro. Tentando não fazer aquele esforço ser em vão, pulei soltando um grunhido alto de dor e vi algo que estava encima do livro voar até o outro canto da sala

Me agachei sentindo as lágrimas caindo com mais frequência e peguei o livro. Me apoiei novamente na lareira e fechei os olhos respirando fundo esperando aquela pontada de dor passar. Mesmo depois de quinze minutos, ela não passou. A ignorei e comecei a folhear o caderno, logo na primeira página a caligrafia perfeita de minha mãe estava estampada

"Este diário pertence a Emily Lambert, contém previsões, pensamentos, músicas, poemas, textos, fotos e relatos importantíssimos que surgem em minha mente durante meus dias de vida, agradeço a quem achar isso, (creio que se não está sob meu domínio é porque não me achava mais digna de o ter) após terminar a leitura, peço que por gentileza o queime (eu o aconselho a não ler, é 'loucura' demais para mente de pessoas realistas e sem um pingo de imaginação como você Alphy) mas não o impedirei de se afundar em minha mente, garanto que é bem mais divertida e interessante que os jornais que lê
Com uma enorme lamentação por tê-lo perdido e uma felicidade genuína por tê-lo achado por mim, lhe desejo uma ótima leitura"

Um sorriso nostálgico me escapou quando recordei de todas as vezes em que a vi com esse livro, na verdade, não me recordo de uma vez sequer que a vi sem ele, sempre anotando coisas e colocando a pena na cabeça sem se preocupar em manchar o cabelo com a tinta da ponta. Ouvi o o barulho do candelabro caindo e me assustei, fazendo com que minha costela voltasse a dor intensa após a o ofego forte que me escapou

Ignorei a dor mais uma vez sentindo meu corpo transpirar e esquentar, eu provavelmente estava em estado febril - oque estava sendo bem frequente - e decidi que assim que a dor se tornasse suportável, voltaria para meu quarto e cuidaria do meu ferimento. Virei a página e li o enorme aviso "Leia em voz alta" limpei a garganta suavemente sentindo meu peito doer, mas obedeci:

- Largo Grimmauld número 12 - pronunciei sorrindo ao reconhecer o lugar

No segundo seguinte, senti o pote de cerâmica atrás de mim cair em minhas costas, gritei de dor ao cair dentro da grande lareira e berrei de medo ao ver chamas verdes se ascenderem, a dor insuportável de minhas costelas fizeram meu corpo reclamar e caí na inconsciência.
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Hmkk...

Saudades que eu tava de fazer personagem que sabe de tudo🤧

Vou tentar postar todos os dias, mas como eles normalmente são bem corridos talvez eu só poste em fins de semana e feriados💜

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𝑇ℎ𝑒 𝐺𝑖𝑟𝑙 𝑊ℎ𝑜 𝐵𝑎𝑐𝑘Onde histórias criam vida. Descubra agora