Capítulo 4

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 Ele não disse mais nada, apenas vestiu-se e saiu. Anna nem sequer conseguiu ir ao banheiro, vestiu-se e deixou a casa dele sem olhar para trás. Triste, magoada e com raiva de si mesma. Lágrimas desciam pelas suas faces. "Bem feito, sua idiota"! O que ela iria fazer? Ela nem sabia direito onde estava. Ela resolveu usar o GPS do seu celular para descobrir como ir para o hotel. Depois que ela viu que direção era seu hotel, ela resolveu parar próximo a uma árvore. Os soluços sacudiam seu corpo, as lágrimas se recusavam a parar. A distância até seu hotelzinho era longa, mas daria para ir a pé. A tarde fria ajudaria na caminhada. Depois que ela conseguiu se acalmar mais, ela seguiu seu caminho, ainda chorando, mas mais calma. Ela seguia pela rodovia, caminhando vagarosamente pensando numa maneira de se livrar desse sentimento tóxico por Jay Park. Todas as vezes que tiveram algum contato íntimo, terminou em algo doloroso. Por que ele fazia isso com ela? Era visível a atração que ele sentia por ela, mas não queria um envolvimento emocional... Na sua cabecinha não era concebível se relacionar intimamente daquele jeito e não haver sentimentos. Será que homens asiáticos eram assim? Ela não ia renunciar seu trabalho por causa de um filho da mãe como ele, não! Foi muito difícil chegar até ali. Ela teria que ser forte e dizer não na próxima investida dele. Com certeza ele iria assediá-la de novo. E as lágrimas continuavam a descer...

Um carro passou por ela e parou alguns metros na frente dela. Alguém a chamou, mas ela se recusava a olhar. "Quem poderia ser nesse fim de mundo? Deve ser algum engano." e seguiu, sem olhar para quem a chamava. Ela passou apressada pelo carro, virando o rosto. A pessoa desceu do carro, correu até ela e segurou seu braço. Keyla.

- Anna, o que está acontecendo? Ah, meu Deus, você está chorando. Alguém fez algo para você? – Anna permanecia com a cabeça baixa.

- Anna, por favor, fale comigo. Você quer ir à uma delegacia? – Ela abraçou Anna que chorava ainda mais. – Vamos para o carro, você está gelada, vai acabar ficando doente nesse vento. Vamos tomar algo quente. Vamos para a minha casa. É melhor você não ficar sozinha, lá a gente conversa. – Keyla achou melhor não fazer mais perguntas para não deixá-la ainda mais nervosa. Seguiram em silêncio. Em menos de dez minutos chegaram à casa dela. Ela morava em um prédio quase no centro de Seattle. Ao entrarem no apartamento, Keyla a levou para a sala e a fez sentar no sofá, enquanto ela preparava chocolate quente para as duas. Passado alguns minutos, ela entrou na sala com uma bandeja com duas canecas e uma tigelinha de biscoitos. Anna já não chorava mais, mas estava extremamente triste. Ela tomou sua caneca em silêncio. Keyla apenas a observava e esperava até que ela quisesse falar alguma coisa.

- Keyla, eu posso tomar um banho? – Pediu depois de relutar um pouco. Keyla achou estranho, mas prontamente concordou e a levou até o banheiro.

- Vou pegar uma toalha e um pijama para você. - O tempo estava mais frio, mas o aquecedor no apartamento dela era muito agradável. Enquanto ela tomava banho, Keyla deixou na antessala do banheiro, uma toalha fofinha, um pijama rosa de ursinho e um par de meias. Passada quase meia hora ela saiu do banheiro enxugando os cabelos molhados com uma toalha menor.

- Muito obrigada. Já me sinto bem melhor. – Anna saiu do banheiro já com uma estória pronta para contar para a Keyla. Claro que ela perguntaria o que estava acontecendo, apesar de Keyla ser sua amiga, ela era a sua chefe e, por mais legal que ela fosse, ela não ia aceitar uma funcionária se envolvendo com um membro tão importante da academia, isso era justa causa na certa.

- Anna, o que está acontecendo? Por que você estava chorando e caminhando sozinha naquela rodovia nesse frio? – Keyla estava realmente preocupada.

- Bom, antes de vir para o Brasil, eu perdi a única pessoa da minha família e saber que não tenho mais ninguém nesse mundo, me deixa muito triste às vezes. Eu saí para caminhar para espairecer um pouco e me perdi. Então eu consultei o GPS do celular para achar o caminho de volta. Estava voltando quando você me encontrou. – Anna se sentia péssima por dois motivos: não ter ninguém com quem conversar sobre essa sua situação caótica com Jay Park e por mentir para a única amiga de verdade naquele país estranho. No fundo o que ela disse era verdade, ela realmente perdeu a prima que tanto amava para a leucemia, mas não era por esse motivo que ela estava caminhando a esmo na rodovia... Keyla viu seu constrangimento, mas pensou que era pela dor em seu coraçãozinho, ela a colocou no colo e afagou seus cabelos.

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